Falar do vocalista Ronnie James Dio é tocante para qualquer amante do bom e clássico Metal. Aliás, não apenas do gênero “filho” do Rock, pois o mundo do Rock ‘n Roll também lamenta até hoje a falta que este pequeno (Dio tinha apenas 1,63m de altura) monstro do vocal faz. Em 16 de maio de 2010, Dio perdia a batalha contra o câncer, mas vencia o jogo que chamamos de vida.

Dio venceu não apenas por ser um vocalista excepcional, mas por viver até onde a vida o permitiu em cima de um palco, cantando as lindas obras que compôs ao longo de sua cinquentenária carreira.

Nascido em 10 de julho de 1942 na cidade de Portsmouth, nos Estados Unidos, Ronald James Padanova começou sua vida na música ainda no colégio, onde fundou a renomada banda de hard rock ELF (após inúmeras trocas de nome). A essa altura, já era conhecido como Ronnie Dio, nome adotado em referência ao mafioso italiano Johnny Dio.

Desde o Elf, Dio passou a ser um vocalista admirado e respeito no meio do Rock. Após a boa repercussão com a sua banda, Ronnie foi convidado para integrar o Rainbow, banda do guitarrista Ritchie Blackmore, mas acabou se desentendo com o ex-Deep Purple e ficou apenas três anos na banda.

O período foi o mesmo de Dio no Black Sabbath, porém, foi muito mais influente. Após o convite do guitarrista Tony Iommy, o vocalista entrou na banda em 1979 e gravou três discos, dentre eles, o clássico Heaven and Hell (1980). Assim que deixou a banda pela primeira vez, em 1982, Dio resolve formar sua própria banda, que levaria o seu nome.

Dio foi uma das bandas mais poderosas do Heavy Metal, e contou com diversos grandes nomes da cena internacional ao longo das décadas de existência da banda. O debut veio em 1983, com o épico Holy Diver, que colocou o vocalista definitivamente no Hall das lendas do Metal. Emplacando hinos como a música que leva o mesmo nome do disco, “Rainbow in the Dark” e “Stand Up and Shout”, Dio encontrou o seu caminho e seguiu lançando grandes discos com a banda, até ser convidado para retornar ao Black Sabbath.

Em 1991, Dio fez sua segunda passagem no Sabbath, e dessa vez apenas gravou um disco: Dehumanizer (1992). No ano seguinte, deixou a banda novamente e voltou para sua banda “solo”, com quem gravou mais cinco álbuns, sendo o último em 2004, chamado Master of the Moon.

Depois dessa última gravação, Dio resolveu sair em turnê com a banda Heaven and Hell, que reuniu os músicos que gravaram o álbum do Sabbath de 1981, Mob Rules. Dali pra frente, Dio foi levando o que era apenas uma turnê comemorativa ao seus anos com a banda para um patamar mais elevado. A princípio, se juntaram com o nome de Black Sabbath, mas para seguir como um projeto alternativo houve a mudança de nome e inclusive o lançamento do disco The Devil You Know, em abril de 2009. Foi o último registro em estúdio de Dio, que veio a falecer pouco mais de um ano depois, em decorrência de um câncer no estômago.

Ronnie sempre se destacou por seu timbre vocal único e impressionante, capaz de alcançar notas que fazem seu cérebro sentir o que é um Metal autêntico e poderoso. Dio respirava sua música, e isso lhe permitia ter um feeling ímpar, deixando sua marca por onde passava sem dar a menor chance de ser confundido. Você ouve e você sabe que é o Dio. Compositor dono de uma criatividade infinita, Dio abordava desde contos fantasiosos até a vida de quem vive do Rock ‘n Roll, mas sempre deixando claro que ele gostava mesmo era de aventuras medievais, como podemos notar no video-clipe de Holy Diver.

Mas, antes de músico, Dio era e sempre foi uma pessoa, e uma daquelas que realmente era amada por todos ao redor. Em qualquer entrevista com músicos a respeito de Dio você verá o respeito e amizade que Dio tinha com todos ao seu redor, e talvez seja isso que mais faça mais falta aqui em nosso planeta que há seis anos perdeu, acima de um músico fenomenal, um ser humano único e adorado por muitos.

Hoje, seu legado influencia todos os seguidores do Metal. Dio fez Hard Rock e Heavy Metal como ninguém, e ainda é inspiração para músicos de todos os gêneros do Metal e para os rockers. Para os vocalistas, um exemplo, para os fãs, um ícone. Dio alcançou um patamar que poucos alcançaram e poucos alcançarão futuramente.

Dio hoje abençoa lá de cima todos os headbagers que erguem seus punhos pra fazer o seu famoso “horns up“, eternizado por ele em palco. Segundo Dio, era um sinal que sua avó usava para espantar o “mau-olhado”, sendo esse gesto comum em habitantes mais antigos do Mediterrâneo, onde a Itália de seus avós fica situada. Desde que entrou no Black Sabbath, Dio começou a usar o gesto que se tornou o grande gesto dos metalheads. Então, hoje é o dia para você levantar sua mão e fazer o “sinal do chifre”. Estando no céu ou no inferno, Dio estará com você.

Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.