Se ainda estivesse entre nós, Ronnie James Dio completaria no último domingo (10 de julho) 80 anos de existência. Lembro-me como se fosse ontem, o impacto que a morte do lendário vocalista teve sobre mim, na época um headbanger de 15 anos, que gastava os cartuchos coloridos da impressora de casa para personalizar os cadernos do ensino médio.

E um destes cadernos, contava justamente com Dio na capa e atrás, a arte de Holy Diver, o primeiro registro da empreitada do nosso querido baixinho a uma prolífera carreira solo, após passar pelo Elf, Rainbow e Black Sabbath. A sensação de perder um amigo, que meu falecido pai havia na infância me apresentado através de uma coletânea de camelô sobre Rock , foi algo que chega a doer até mesmo agora relembrando esse momento. A primeira vez que tive contato com a magia de Dio, foi com Rainbow In The Dark.

O tempo se passou, e durante um curso de design gráfico, (cujo professor é hoje meu irmão e baixista da Sacramentia, o Garça) fui apresentado à banda que lhes trago na coluna de hoje, e que com certeza, vai preencher um pouco do vazio que ficou nos ouvidos dos fãs ávidos por algo que soe como os clássicos de Dio. E é fazendo o clássico “maloik” que hoje apresento os suecos do Astral Doors.

A banda teve início em 2002 na cidade de Borlänge na Suécia com o guitarrista Joachim Nordlund e o baterista Johan Lindestedts, que se uniram para compor canções com uma sonoridade que remetesse aos anos 70, tendo como influências o Deep Purple, o Rainbow, o Black Sabbath entre outros.  Com o projeto em andamento acelerado, o vocalista Nils Patrik Johansson foi recrutado a convite de Johan. Dessa forma as primeiras demos do grupo nasceram, chamando a atenção de várias gravadoras simultaneamente. Até então, com exceção da bateria, Joachim era o responsável por gravar os demais instrumentos, sendo necessária a adição de novos integrantes.

O nome de batismo do grupo veio das primeiras músicas autorais da banda, especificamente, de Far Beyond The Astral Doors. De contrato assinado com a gravadora espanhola Locomotive Music, o primeiro álbum da discografia do grupo saiu em outubro de 2003. Inspirado pelos escândalos sexuais nas igrejas dos Estados Unidos, Of The Son And The father , ganhou destaque como quinto melhor lançamento daquele ano pela Rock Hard, uma das mais conhecidas revistas especializadas em Rock da Alemanhã.

Uma curiosidade a respeito desse primeiro registro foi a censura que a capa do álbum recebeu no Japão. As distribuidoras japonesas achavam as imagens de padres crucificados pagando pelos crimes cometidos, como desrespeitosas. Logo, tanto a arte como o nome do trabalho foram alterados, sendo assim, o primeiro álbum do Astral Doors na terra do sol nascente, é chamado de Cloudbreaker (nome também dado a primeira faixa do disco).

O segundo trabalho da banda chegaria em janeiro de 2005. Evil is Forever foi a obra que alavancou de vez a carreira do grupo, que não parava de excursionar a partir do momento em que o disco fora lançado.  O nome do álbum é um trocadilho para a música tema do filme 007 Diamonds Are Forever de 1971.

Com o sucesso, mais trabalhos do Astral Doors foram lançados no decorrer dos anos, sendo o mais recente deles Worship or Die, lançado em 2019.

Apesar do timbre na voz de Patrik Johansson ser uma mescla entre o estilo de Dio com algumas nuances que lembram até mesmo Tony Martin, (que também fez parte do Black Sabbath, sendo o vocalista que mais gravou discos com a banda) é notável que o vocalista foi aperfeiçoando e criando um estilo de cantar mais próprio, nítido nos trabalhos mais recentes da banda.

Deixo vocês com a primeira faixa do Astral Doors que tive contato, Cloudbreaker. Enjoy!

Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.