Admito que eu não seja o apreciador mais caloroso dos serviços de música por streaming. Ainda gosto de ter o CD físico, e ter todo aquele ritual de puxar determinado álbum da estante e colocá-lo pra rodar no meu modesto aparelhinho de som.

Entretanto, também é necessário reconhecer o devido valor a essas plataformas, pois é através delas que muitas bandas e artistas conseguem difundir o próprio trabalho (me incluo neste grupo). E graças ao algoritmo presente nesses aplicativos, que consegue mapear os gostos musicais de um indivíduo em questão de segundos, que muitas vezes, acabamos fazendo novas descobertas.

E foi justamente assim que me deparei com o Death Metal brutal do grupo que trago hoje para esta coluna, o Fulci.

Formado em 2014, o trio é composto pelo baixista Klem, o guitarrista Domenico e Fiore Stravino nos vocais. Ao que tudo indica a banda não possui um baterista fixo.

Com fortes influências de Cannibal Corpse, Obituary e Bolt Thrower, o projeto é uma ode a filmografia do diretor e mestre do terror italiano Lucio Fulci (agora você já sabe de onde veio o nome do grupo). Somadas a essa influência, ainda estão as icônicas trilhas sonoras de lendas como John Carpenter, por exemplo.

Após o lançamento das primeiras demos, o trabalho de estreia Oppening The Gates of Hell veria a luz do dia no dia nove de novembro de 2015. Este primeiro registro é inspirado no filme City of The Living Dead (Pavor na cidade dos zumbis) de 1980. Contando com nove faixas destruidoras, a sonoridade do grupo faz jus às bandas que os influenciam, trazendo a sonoridade característica do gênero, com vocais que remetem ao lendário Chris Barnes (Cannibal Corpse, Six Feet Under).

As apresentações do grupo durante a divulgação do álbum incluíam uma forte carga visual, fazendo menção aos filmes de Fulci, além de efeitos sonoros que fazem alusão ao universo do terror. Tudo em prol de criar um ambiente temático, hostil e ao mesmo tempo teatral.

Em 2019 a banda fez parte do lineup do Vegas Death Fest, evento dedicado as vertentes mais extremas do metal na icônica cidade do pecado.

Pouco tempo antes deste ocorrido, precisamente em maio daquele ano, Tropical Sun chegou nos 45 do segundo tempo trazendo 14 novas faixas e uma evolução natural no som do Fulci. Dessa vez, a obra aborda os acontecimentos do filme Zombi 2 ( Zumbi 2 – A Volta dos Mortos Vivos) de 1979, a obra mais notável do diretor italiano e que, curiosamente, apesar de ter o número ao lado do título, não se trata de uma continuação. O que aconteceu nesse caso foi uma confusão envolvendo outra grande produção, Dawn of The Dead de George Romero, cujo título italiano fora justamente adaptado para Zombi.

Fora por meio deste álbum que tive o primeiro contato com o som da banda, sendo Apocalypse Zombie, a terceira do disco, que acabei me esbarrando. Aparentemente, Tropical Sun foi o álbum mais bem sucedido do grupo até então.

E pode parecer coisa dos filmes, mas atualmente também passamos por um desastre causado por um vírus. A diferença aqui, é que as pessoas se tornam zumbis idólatras dos políticos que diariamente devoram a nossa carne…

Em meio a este caos global, o terceiro disco do Fulci foi lançado em julho de 2021, trazendo a inspiração de Voices From Beyond (Vozes do Além) de 1991. Ao contrário dos antecessores, Exhumed Information traz dois momentos distintos ao disco, sendo o primeiro o som brutal já conhecido da banda, e o segundo funcionando como uma soundtrack para um filme. Neste segundo “lado”, todos os sintetizadores presentes nas faixas foram feitos em parceria com um grupo especializado em trilhas sonoras chamado TV Crimes.

Se você gosta de um Death Metal Oldschool, Fulci é uma ótima pedida e com certeza a sua audição dos três discos da banda não será em vão. Abaixo, uma pequena amostra da brutalidade desses mestres do Gore italiano!

 

Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.