Expoente do rock fluminense das últimas décadas, Unabomber faz mais um impactante manifesto em forma de canção em “O Carro de Jagrená”. O single inédito chega com um lyric video onde a força dos versos ganha destaque em meio às guitarras, baixo e bateria. Juntos, eles denunciam o rolo compressor da economia contemporânea, em que o que nos torna humanos é sacrificado em nome do consumo, do trabalho e das aparências.
Assista ao lyric video “O Carro de Jagrená”: https://youtu.be/XcmKuxxSrS4
Ouça “O Carro de Jagrená”: https://smarturl.it/OCarroDeJagrena
As críticas sociais fazem parte do DNA de Unabomber, como é notório em faixas como “Silêncio” e “A Celebração da Peleja entre o Molotov e a Máquina”. Porém, em “O Carro de Jagrená”, as três partes da canção enérgica começam por expor o problema – a desumanização do capitalismo -, questiona o futuro dentro desse sistema e, por fim, convida à mudança. Não por acaso, a capa do single exibe uma das máquinas mais eficientes no atual cenário: o carro da Presidência da República manchado de sangue. Daí o título da faixa: Jagrená é uma divindade hindu que conduz um carro errático, sob cujas rodas seus seguidores são esmagados.
“O que inspirou a composição da letra foi a constante indignação e perplexidade em relação ao sistema capitalista como um todo e ao atual estado de coisas no Brasil e no mundo em particular. É, assim, uma reflexão sobre esse modelo de sociedade e de economia que por sua natureza produz e reproduz desigualdade. Que massacra a vida em todas as suas formas. Que ataca a essência do que é uma das coisas mais nobres no humano, que é a solidariedade”, resume o compositor Peu de Souza, parceiro e vocalista da Banda Velho Oeste.
Originária da Baixada Fluminense e formada por André Luz (voz), Alan Vieira (baixo), Sandro Luz (guitarra) e Paulo Stocco (bateria), Unabomber estreou em 1996 com uma demotape homônima. Já a segunda fita, intitulada “R” e lançada no ano seguinte, contou com a produção do então iniciante Rafael Ramos (DeckDisc, Dead Fish, Pitty, Titãs). Após mais três anos de muitos shows, o grupo encerrou as atividades.
Quase 18 anos depois, eles retornaram à cena com o EP “Massas & Manobras S/A” (2017), onde fazem uma releitura de faixas das duas demos dos anos 90. Na sequência, em meio ao xadrez sociopolítico contemporâneo, compõem e lançam o single inédito “Silêncio”. Já em 2018, apresentam “Pesadelo”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, gravada originalmente pelo MPB4, em 1972. No ano seguinte, incorporaram à sua discografia o EP “O Mal da Máquina Morre”.
Em parceria com a rapper paulistana Flor MC, lançam o single “João 8:32”. A letra reflete sobre o fenômeno das fake news e sua influência no atual cenário sociopolítico do Brasil. Mais recentemente, a banda abordou a questão indígena com uma versão da clássica “Canoa Canoa”, do Clube da Esquina. Além disso, Unabomber trouxe um olhar sobre as contradições humanas no single “Maciota”. Por fim, dialogou com a questão do turismo espacial em “Spaceshit”.
Com “O Carro de Jagrená”, Unabomber revela mais um single dessa já extensa discografia, se voltando para problemas terrenos. Mais que denunciar, a banda oferece uma luz no fim do túnel.
“A letra não é de modo algum pessimista, mas sinaliza que algo deve ser feito contra essa ‘máquina’ que ceifa o planeta e que este modelo deve ser combatido para que surja algo novo, belo e fraterno. No fundo está a ideia de que o mal da máquina morre! Mas nos cabe pensar em como decapitar uma hidra com tantas cabeças”, conclui Peu.
“O Carro de Jagrená” se une aos demais novos singles de Unabomber nas plataformas de streaming, e chega como lyric video no canal de YouTube da banda.
Ficha técnica
Música – Unabomber e Peu de Souza
Letra – Peu de Souza
Produção musical – Celo Oliveira (Kolera Home Studio)
Capa Helio Guedes
Filtros e pos-produção – Gabby Vessoni
Lyric Vídeo
Direção, Edição e pós-produção – Gabby Vessoni
Letra
Autor: Peu de Souza
O Estado é o braço armado do capital
Que sangra noite e dia a terra em agonia
Que sagra em êxtase a cleptomania global
Como o deus da morte de uma civilização doentia
O mundo em transe assiste tudo a beira do precipício
Má sorte, de quem vive estes dias.
Insultos, em cadeia internacional
De um verme, que insiste em não se calar
Um vírus, que corrompe o DNA
E quem irá parar o Carro de Jagrená? (Refrão)
O sangue vertido em sacrifício?
As lágrimas das preces?
O culto ao sepulcro vazio?
O lamento em forma de rito?
(Pós-refrão)