Pouco mais de 24 anos. Esse é o tempo que separa a primeira Demo Tape da tradicionalíssima banda de Death Metal brasileira, Vulture, de seu registro mais recente, o álbum The End of Agony, de 2020, quinto disco oficial de estúdio da banda, que já contabiliza 14 registros em sua extensa e influente discografia.
Desde sua fundação, em 1996, a Vulture vem lançando alguns dos mais importantes registros do Metal Extremo no Brasil e, um quarto de século depois, segue criando um trabalho relevante, pesado, agressivo, e ainda assim de muito bom gosto.
A banda debutou em estúdio oficialmente em 2005 com Test of Fire, um álbum que transmite a mesma energia que a Vulture carrega até hoje, mas de uma maneira mais crua e visceral, emplacando de imediato alguns daqueles que seriam os maiores clássicos da banda como Lobotomy, Evil War Domination e Empalação Brutal. A banda já começava a formar sua identidade, alicerçada especialmente no Death Metal, mas com melodias bastante expressivas e elementos que iam do Thrash ao Black Metal, sem se prender ao rótulo, usando-se dos artifícios que fossem necessários para alastrar a brutalidade e a honestidade de suas composições.
O segundo álbum, Through the Eyes of Vulture veio ainda mais técnico e brutal, e dele saiu um dos maiores hinos da história da banda, Abençoado Seja o Homem Ateu, além de petardos como as complexas e elaboradas Legacy of Cain e Unholy Truth.
Em 2011 a banda lançou o EP Murderous Disciples, antecipando aquele que viria a se tornar mais um clássico da banda, Destructive Creation, um álbum que apresenta uma banda amadurecendo muito bem, se mantendo fiel à suas origens, mas buscando não soar datada e apostando em uma produção mais apurada que em seus registros anteriores. Deste álbum saíram outros dois dos maiores clássicos da banda, a violentíssima Murderous Disciples e a épica Riders of the New Age, ambas até hoje presentes em todas as apresentações ao vivo da Vulture.
Abandoned Haunt of Cosmic Hate, de 2015, manteve o alto nível dos trabalhos da banda e pela primeira vez a Vulture teve a oportunidade de fazer um lançamento em Vinil. O destaque fica para a poderosa Omniscient Ignorance, uma das composições mais carregadas de feeling e consistentes da carreira da banda. Ainda em 2015 a banda lançou também um Split com a banda Mortage, Songs from the Past/Bloodbath in Promised Land.
Após o maior hiato em sua carreira de registros oficiais em estúdio, cerca de cinco anos após o seu quarto álbum, a Vulture retorna com seu trabalho mais elaborado, bem produzido e técnico da carreira, considerado pela maioria dos fãs como a obra-prima da banda, The End of Agony.
O álbum consegue unir a crueza e brutalidade das origens da banda com uma visão contemporânea e linhas de composição de absoluto bom gosto, resultando em composições mais progressivas, melódicas, mas ainda assim completamente coléricas e odiosas. Selecionar alguns destaques no álbum é uma tarefa muito difícil, mas Straight To Hell, Retaliation e Unholy Grave imediatamente se tornaram as mais pedidas no recente retorno da Vulture aos palcos. Retaliation recebeu um videoclipe que antecipa a performance dos músicos, que poderá ser acompanhada nos shows que a banda aos poucos vem retomando.
A Vulture passou por algumas formações durante sua trajetória e teve grandes músicos em todas elas, que souberam manter a essência da sonoridade da banda, especialmente pelo fato de que dois de seus músicos principais mantêm-se na banda desde o primeiro disco, o guitarrista e vocalista Adauto Xavier, que está na banda desde sua fundação, e o guitarrista Yuri Schumann, membro desde 1999. Além dos membros originais, completam a formação da Vulture o baixista Luiz Trucco, que assumiu o posto deixado por Max Schumann em 2021, e o baterista Fabio Amaro, na banda desde 2018.