Na tarde desta terça-feira (26), a tecladista Zoe M. Federoff anunciou oficialmente sua saída do Cradle of Filth, em um comunicado contundente postado no seu instagram, que expõe bastidores turbulentos dentro da banda britânica.
Segundo Zoe, a decisão vinha sendo planejada há meses e foi motivada por problemas graves na relação com a administração do grupo. Em nota, ela acusa a equipe de gestão de ser “desonesta, manipuladora” e de tentar se apropriar de valores que seriam destinados aos músicos de sessão, sem a existência de contratos formais.
A artista afirma ainda que, ao denunciar uma suposta tentativa de desvio de adiantamento referente ao álbum Screaming of the Valkyries, foi alvo de ofensas e ameaças de demissão. “O vocalista não faz nada para detê-los e se esconde atrás deles enquanto nos diminuem e roubam”, declarou. Para Zoe, a responsabilidade pela situação recai sobre o frontman Dani Filth, por contratar e manter a gestão, além de nunca intervir em defesa dos músicos.
Entre as denúncias, a tecladista relata condições de trabalho abusivas, como salários extremamente baixos, exigência de exclusividade na agenda da banda e restrições para que os músicos buscassem outras oportunidades em turnê. O contrato mais recente apresentado pela administração foi classificado pelo advogado da artista como “psicopata”, levando Zoe e seu marido, o guitarrista de sessão, a rejeitarem o acordo e decidirem se desligar do grupo.
Em seu comunicado, a musicista revelou também o impacto pessoal da situação, mencionando que a pressão e o ambiente tóxico contribuíram para que sofresse um aborto espontâneo durante a turnê. “Saímos porque estávamos sendo usados e recebendo menos do que o mínimo necessário para viver. Escolhemos sair para salvar a nós mesmos e criar um futuro melhor para nossa família”, disse.
Zoe encerrou a mensagem agradecendo aos fãs, colegas músicos de sessão e equipe técnica, e deixou um alerta para quem vier a integrar a banda futuramente: “Desejamos que todo músico de sessão que pense em entrar no Cradle leia esse contrato e converse com um advogado”.
Até o momento, nem Dani Filth nem a administração do Cradle of Filth se pronunciaram oficialmente sobre as declarações.
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“Planejamos essa transição para fora do Cradle of Filth há meses. A administração é desonesta, manipuladora e tenta pegar dinheiro que nos pertence sem existir contrato entre nós, músicos de sessão, e ele. Quando denunciei essa tentativa de roubo do adiantamento do álbum Screaming of the Valkyries, me chamaram de “câncer” e “cavalo morto” e ameaçaram me demitir. O vocalista não faz nada para detê-los e se esconde atrás deles enquanto nos diminuem e roubam. Consideramos o vocalista responsável por contratar essa gestão e nunca defender sua equipe, apenas a si mesmo. Outros ex-membros tentam contornar a situação e apenas culpam a administração – mas a administração trabalha para o vocalista.
Ele pode não sujar as próprias mãos, mas no fim é ele quem dá as ordens. A atmosfera que ele cria é ameaçadora e abusiva, explorando-nos constantemente com salários baixíssimos e, ainda assim, exigindo exclusividade para a agenda do Cradle. Não conseguimos sequer cobrir o custo básico de vida, e ainda nos dizem para não sair em turnê com outras bandas para complementar a renda. É uma loucura manter pessoas presas à pobreza pelo ego de uma única pessoa.
Anexamos o contrato que tentaram impor a todos os músicos de sessão, oferecendo um aumento de 25% (o primeiro em 7 anos). Nosso advogado o chamou de “o contrato mais psicopata que um músico de sessão poderia receber”. Não assinamos e decidimos sair este ano.
Portanto, saímos porque estávamos sendo usados e recebendo menos do que o mínimo necessário para viver. O ambiente é tóxico e ameaçador, e o preço que tudo isso estava cobrando de nossas vidas e de nosso casamento tornou-se insuportável. O impacto sobre nossa saúde também me levou a sofrer um aborto espontâneo de nossa primeira gravidez durante a turnê. Escolhemos sair para salvar a nós mesmos e criar um futuro melhor para nossa família. Agora que estamos fora – o sol voltou a brilhar, nossa família tem esperança, e desejamos que todo músico de sessão que pense em entrar no Cradle leia esse contrato e converse com um advogado.
Boa sorte a quem tentar fazer isso funcionar a partir de agora. E lembrem-se – todos conhecem o sujeito que diz “todas” as suas ex são loucas – será mesmo que são todas? Ou será que o problema é ele, mais de 40 pessoas depois?
Adeus aos fãs e aos nossos colegas músicos de sessão e equipe. Eles foram a única parte de tudo isso que ainda nos deixa boas lembranças.“