“De músico para músico” é a nova coluna d’O SubSolo, elaborada por André Bortolai, músico e produtor. A ideia é passar um pouco da opinião/experiência de alguém experiente sobre diversos assuntos, para pessoas que buscam seus primeiros passos ou até mesmo procuram cada vez mais opiniões diversas sobre o assunto. Queremos sua opinião sobre a nova coluna, deixa nos comentários!

01) Ter ou não um líder?
E então a sua banda começa a compor, certo? Você sai do “tirar dois covers por semana pro ensaio” e passa para o “composição nova todo mês”, e a transição é tão sutil que os integrantes nem percebem. Do nada, você convida a pessoa para assistir seu show de sons clássicos ou de cover da banda X e “cola lá porque vamos fazer dois sons autorais”.
O que acontece nessa etapa? O processo é muito bacana, todo mundo joga ideias, a coisa flui, mas aí a banda gera um volume de informação relativamente alto, e surge a vontade de gravar. Ok, show de bola, mas e aí? Vamos supor que já rolou a gravação de algumas músicas, o tal do EP. Aí a banda tem uma certa agenda de shows, começa a fazer um esquema de rotina que desagrada uns ou outros.
- Esse é o momento, encarar a banda como hobby ou como empresa? Aí a coisa complicou não é mesmo? Quem vai ser o porta voz da banda?
- Aí um integrante está fora de ritmo, precisa ser substituído, quem dará a guilhotina no amigo de banda?
- Vale a pena ter uma pessoa pra fazer isso, para ser o carrasco/porta voz/cara da banda/pai da banda, ou não?
O líder teria a característica de ditador, ou seria um tipo de presidente?
Cada banda tem um perfil, um grau de amizade, um entendimento do trabalho que faz. Mas uma coisa é fato: se não organizar, vai pro brejo!
Um dos integrantes acaba, involuntariamente, tomando algumas responsabilidades para sí, mais ou menos assim:
– Fulano – voz / contas a pagar / governança
– Ciclano – bateria /juiz / logística
– Beltrano – baixo / compras / lavanderia
Sim, é cruel, mas é a verdade. precisa juntar a grana, precisa pagar assessoria, pagar empresas que distribuem músicas, pagar gravação, ensaio, aí um dos músicos perde o emprego, não tem grana pra pagar as coisas, alguém precisa dividir a grana e tal.
O divisor de águas está aí. Esse é o ponto onde um líder se faz ou não necessário. Se a banda opta por eleger um líder, esse cara vai ser o funil de tudo, vai levar a banda como sua prioridade e acabar por decidir muitas situações, como qual atitude tomar, dar voto de minerva, selecionar onde o dinheiro de cachê será empregado.
Se a opção for não ter líder, a disciplina não muda, só será dividida pelos integrantes. Isso pode gerar certo desconforto às vezes por causa das diferentes personalidades dos envolvidos.
Parece papo de empresa né? Mas se a banda for levada realmente como algo sério, se não houverem essas decisões, melhor ficar na garagem.
Fica então a dica, com os lados da moeda para serem analisados e discutidos.
Vamos tentar mostrar cenários diferentes nessa coluna, com dicas e situações de comportamento
- Sejam amigos, independente de tudo
- Tenham flexibilidade, entendam as opiniões diversas
- Ouçam com atenção as opiniões de cada um dentro da banda, pode mudar a sua
- Saibam ter jogo de cintura quanto as opiniões forem divergentes
- Lembrar sempre que, o seu companheiro de banda também tem problemas externos que podem refletir nas ações dele.
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