Resolvi mostrar minha indignação com um tema recorrente quando temos grandes personalidades nos deixando. Infelizmente, no dia 6 de outubro tivemos algo do gênero e, como não podia deixar de acontecer, os abutres virtuais aparecem para rasgar os pixels com seus bicos afiados.
Eu li postagens tão sem nexo e tão desnecessárias que a única forma de alguém chegar à conclusão de postar algo assim teria que ser na seguinte situação:
Bróder 1 – Você viu que o ídolo x morreu cara? Que triste!
Bróder 2 – Vi sim… estava pensando em aproveitar que ele morreu pra fazer umas postagens da minha banda vinculadas ao nome dele e assim conseguir uns seguidores novos, o que você acha?
(…)
Não consigo enxergar outro diálogo que explique o que acontece nesses casos.
Naturalmente, a morte de famosos acarreta postagens em redes sociais com homenagens, textos longos de como aquele ilustre ajudou na formação da pessoa que está postando, fotos, etc. Mas o que eu acho realmente tosco, pra usar uma palavra que chegue perto do que eu sinto, é as pessoas tentarem usar a morte de uma personalidade como alavanca.
Voltando ao diálogo dos “bróders”:
Bróder 1 – Vamos fazer assim então, coloca a foto do ídolo x aí e escreve que você está triste, no final joga o link do seu disco e, já que ele morreu, estamos vivos e ouça nosso trabalho!
Bróder 2 (já digitando na rede social) – Tem problema eu nem gostar do trabalho ídolo x?
Bróder 1 – Problema nenhum, só posta aí!
(…)
Ao ler as postagens, que não foram poucas, eu me peguei imaginando que tal situação só pode ser classificada como algo aproveitador, fraco e egoísta.
Como em todas as colunas eu costumo escrever sobre comportamento, cabe ao integrante de alguma banda que pense em fazer algo do gênero, ter bom senso e colocar um freio na situação.
Sem discurso de ódio ou algo que o valha, vamos aprender o que todos já deveríamos, como seres humanos, ter como processo de educação nas nossas vidas.
Então o ídolo x morreu, o que vale postar?
– Foto com o famoso R.I.P.;
– Sua mensagem de tristeza;
– As condolências para a família, quando esta for conhecida e você sabe que terá acesso à sua postagem;
– Aquela foto com a explicação da importância que aquele ídolo teve na sua formação;
– Algum vídeo fazendo um cover bacana;
– Homenagens em geral;
O que NÃO PEGA BEM quando for postar?
– Promover a sua marca;
– Marcar familiares do ídolo que você nem conhece;
– Falsidade, do tipo que sempre falou mal e agora que morreu virou fã;
– Inserir link seu trabalho;
– “Desomenagem” do tipo que posta para fazer piada com a morte de alguém.
No fim das contas eu não sei o que mais me incomoda, se é eu ter visto tantas postagens com esse teor no meu feed de notícias ou saber que muitas outras pessoas costumam agir da mesma forma.
É realmente triste ver a falta de educação das pessoas, tentar pegar carona na desgraça alheia é realmente ridículo.
Ninguém é amado e querido por todos, não dá pra agradar a Gregos e Troianos, diz o ditado, mas o respeito precisa ser universal, sem dúvidas.
Não foi a primeira vez que eu notei esse comportamento, houve um caso de suicídio onde as pessoas se dividiram entre criticar e conscientizar. Até aí, normal, mas será que não seria o caso de haver conscientização sempre?
Esperar alguém cometer suicídio para lembrar que as causas de tal ação podem ser evitadas não parece um pouco estranho?
Assuntos como a curiosidade mórbida, a utilização de imagem de famosos para auto promoção e outros temas relacionados não é novidade, eu sei, mas vamos pensar como músicos, como artistas, membros de bandas, instrumentistas, vocalistas, entusiastas do meio.
Se você, nessa condição supracitada, perceber algum integrante da sua banda agindo dessa forma, tente conversar, mostrar que essa ação é no mínimo bizarra.
Dessa vez o tema foi mais intenso do que o normal abordado nessa coluna, talvez pela gravidade da situação. Em breve, acompanhe o podcast do mesmo tema, será bacana expor esse assunto tão polêmico!