O cenário musical independente ganhou reforço quando o New Faces Rock retornou suas atividades, um projeto que brilhou intensamente em meados de 2005/2006 quando iniciou sua trajetória. Originalmente criado para ser uma vitrine de talento para bandas emergentes, o New Faces Rock fez história ao promover eventos em renomadas casas de show do ABC, como o Catedral Bar em Santo André e o Princípio’s Bar em São Bernardo do Campo. Nomes como Rancore e Lipstick passaram por esses palcos, marcando uma época de ouro para o underground.

Após um hiato forçado pela devastadora pandemia, o N.F.R retornou ainda mais forte do que nunca, com o mesmo propósito que o originou, que era ser um espaço vital para bandas independentes e conseguiu com maestria. No Instagram, o projeto se destaca como um dos pilares da comunicação da cena underground, mantendo assim vivo o espírito vibrante da música independente e se tornando uma plataforma essencial para novos talentos da comunidade musical.

À frente da iniciativa está ela: Jully Custódio, uma figura pioneira e influente, apaixonada pelo Emocore, Hardcore e Punk Rock, o que é evidente em cada aspecto do N.F.R que foi criado por uma mulher, preta, retinta e até então uma pessoa sensacional e apaixonada por fazer um trabalho completo em prol do cenário underground.

Foto: DM Fotos / Arquivo pessoal Jully Custódio

 

Para isso, a convidamos para falar um pouco da New Faces Rock nesta coluna que visa dar holofotes para mídias independentes espalhadas pelo Brasilzão, confira um pouco dessa história:

O que levou a criar o New Faces Rock e acreditava que chegaria onde estão hoje?

Jully: O NFR nasceu em 2006, então naquela época existia muita banda sendo formada nas garagens de casa para tentarem ter seus clipes na MTV. Porém o público da época queria consumir apenas o que era famoso, o que estava tocando na TV e nas rádios. Parei para observar e percebi que existia muita banda boa para ser ouvida, mas por conta do bombardeamento de mídias da época, não existia um lugar que mostrasse essas bandas para o público que estava sedento para atualizar a playlist do MP3.

Muitos não tem noção da importância de uma mídia voltada ao Rock, poderia nos dar sua visão sobre?

Jully: Atualmente as mídias independentes fazem muito mais do que as mídias já consolidadas. Nós na verdade nos tornamos UGC’s onde fazemos questão de criar conteúdo e automaticamente gerar conteúdos para os artistas, festivais, assessores de imprensa e todos que estejam relacionados quando o assunto é show. Além das coberturas, nós também adquirimos autoridade com os nossos seguidores e indicações. Sendo assim, creio que somos muito importantes no cenário atual.

Apesar de termos uma cena aquecida pós pandemia, ainda existem muitas bandas escondidas por aí e que, mesmo em 2024, ainda esperam uma oportunidade de serem ouvidas, de ter público em seus shows ou até mesmo de tocar em grandes festivais. Onde você encontra essas bandas? Nas mídias independentes de rock.

Como é para você estar em um evento independente e como se sente dando espaço para nossas bandas?

Jully: Hoje o NFR voltou a fazer os festivais para bandas independentes exatamente pelo fator de que existe muita banda boa ainda para ser ouvida. E hoje a alegria do NFR não tem nada a ver com engajamento ou número de seguidores, tem a ver com os depoimentos e agradecimentos que recebemos da bandas quando as divulgamos. Ou então quando recebemos um direct de algum seguidor falando que adorou a nossa indicação de tal banda e que ela realmente é boa. Tudo isso acaba se tornando uma corrente e faz com que a banda seja conhecida em uma determinada bolha que pode estar prestes a ser estourada. E quando isso acontece é quando elas alcançam os palcos de grandes eventos.

Foto @olhodevidrogirandonoasfalto

Quais os planos da New Faces Rock como mídia jornalística?

Jully: Hoje o NFR já tomou outros rumos que em 2006 eu não sabia que eram possíveis. Retomamos os festivais, ambos com bilheterias que superaram o nosso objetivo inicial. Conseguimos ter uma autoridade na cena. Mas o que falta pro NFR? Te juro que não sei ainda. Mas falando como a Julliana, pessoa física, eu iria zerar se eu produzisse os shows de 2 bandas que eu mais gosto da cena: Dead Fish e Fresno. Eu estaria realizada, rs.

Mas atualmente creio que o NFR já foi mais longe do que quando foi criado e agora o nosso papel é de analisar propostas e parcerias que nos fortaleça e que agregue à cena.

Inclusive estamos abertos à parcerias e gostaríamos de firmar algumas para que a 3ª edição do NFR Festival seja realizada. Então marcas, mandem suas propostas que a gente quer ser seu parceiro, rs.

Acompanhe o New Faces Rock:
https://www.newfacesrock.com.br/
https://www.instagram.com/newfacesrock/

*Todas as fotos foram cedidas pela entrevistada.

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.