A ideia para este tema foi da polêmica recente gerada em torno do Rage Against the Machine quando um fã fez a brilhante descoberta de que as letras da banda eram totalmente carregadas de política. O fã em questão invadiu uma rede social de Tom Morello e falou pra caramba, desfiou o cara e disse que deixou de ser fã.


Ok, eu não quero ensinar idiomas pra ninguém, muito menos interpretação de texto pra marmanjo, mas vamos pensar nessa situação e nos colocar no lugar de mestre Morello.



O caso é bem simples, a banda pensando em temas para as letras e tendo em mente que alguns temas podem aproximar ou espantar as pessoas. Vamos pensar em uma banda que ainda não tem uma base de fãs mas que conseguiu certo engajamento com lançamentos até então, sendo assim, uma proposta mais iniciante, banda nova.


O que o seu futuro fã quer ouvir?


Essa é uma pergunta bastante perigosa pois a iniciativa de temática deve vir do compositor, porém, pode haver mudanças caso as ideias sejam muito fora da curva ou muito agressivas.


O primeiro impacto no seu ouvinte é o tipo de música que você faz, depois sim o ouvinte deve pegar as referências da letra, mas o estilo já estará definido pelo tipo de som, fatalmente.


Temas que podem surgir em diversos estilos precisam ser bem pensados.


– Política

– Religião

– Ofensas gratuitas

– Gore


Esses quatro temas podem ser fatores limitantes para qualquer banda, mas se o seu foco for atacar pesado num deles, acontecerá um tipo de peneira e sua base de fãs será moldada a partir daí.


Posso curtir uma banda que fala de um tema que não me agrada?


Esse questionamento bate diretamente com o ponto inicial, quando o fã descobriu a temática e se viu indignado.


A música, como toda arte, é forma de expressão, é porta aberta para ideologias e acima de tudo é ferramenta de propagação dessa expressão. É natural que a música seja utilizada para atingir pessoas com novas ideias e assim abrir as cabeças das pessoas.


O ouvinte tem a obrigação de interpretar o que está recebendo assim como uma pessoa que aprecia uma escultura tem a obrigação de interpretar a obra. O que muda é só o veículo de informação, o propósito é o mesmo.


O som pode te agradar mas a letra ser ofensiva ou o contrário também pode ocorrer, então, o ideal é que todos nós tentemos conhecer um pouco daquele som que tanto agradou e tentar identificar se não há algo que choque com a sua cultura sendo expressado.


Minha banda quer um tema neutro, tem como?


Todo estilo vai desagradar a alguém, é impossível fazer com que todos fiquem felizes, mas o ideal é acreditar naquilo que você deseja passar com a sua obra.


Exemplos de temática mais neutra são:


– Literatura

– História (com ressalvas)

– Cinema

– Problemas pessoais

– Mitologia

– Ficção Científica


E o mais interessante é que por mais neutros que esses temas possam ser, ainda é possível gerar desagrado. É natural. Acredite, até numa música instrumental o tema escolhido pode desagradar!


E o que fazer para não perder o engajamento que foi angariado de forma tão árdua?


Quando a banda ainda não tem uma temática definida, as músicas podem variar um pouco e os ouvintes te mostrarão o caminho a seguir, é algo bem simples de acontecer com o apontamento de músicas favoritas. Hoje em dia a tecnologia ajuda bastante com essas medições.


A partir desse ponto, a temática pode ganhar direção e explorar o âmbito escolhido, sempre tentando deixar pontas desamarradas para possíveis mudanças. O principal é ter flexibilidade e conseguir se moldar caso necessário. 


E as misturas, como ficam?


É possível ter diversas temáticas, sem dúvidas, a única restrição seria com temas que se chocam. Imagine uma banda que pregue religião, por exemplo, e faça uma música White metal e outra Black Metal? 


Esse seria um exemplo bem rudimentar e frágil só para ilustrar, mas cair em contradição seria bastante ruim. 


O ponto é conseguir transitar entre temáticas sem ferir a própria ideologia. Para isso é necessário ter uma convicção bastante firme no tema selecionado e conseguir transmitir essa certeza ao ouvinte. Dessa forma, qualquer variação será bem aceita e a banda só tem a ganhar com isso.


Uma dica interessante é deixar bem explícito o tema de trabalho nas capas, artes diversas e mensagens que a banda deixa nas redes sociais. Isso com certeza diminui as cenas como essa que foi vivida pelo Tom Morello.


É isso. Vamos passar nossas mensagens, expor nossas ideias e deixar nossos ouvintes confortáveis com as opiniões passadas, mas sempre com respeito e com a preocupação de fazer um bom trabalho.


Arte tem dessas, é perigoso, faz pensar…