Ok, foram doze bandas. Mas, se foi mais, melhor, não? |
A noite do dia 4 de junho foi sem dúvidas antológica para os headbangers do sul catarinense. Com um cast de quebrar a banca, a quinta edição do Laguna Metal Fest incendiou a alma de todos os presentes que foram conferir um baita festival inteiramente dedicado à música pesada da mais alta qualidade. Além de oito bandas do estado, a organização trouxe mais duas do Rio Grande do Sul e uma de São Paulo, que fizeram da Chaplin Club a casa deles naquela noite.
Aliás, foi o segundo evento fruto da parceria entre a Chaplin e da Agosto Negro Produções, e mais uma vez teve um bom público, tendo nos momentos das atrações principais a casa praticamente cheia. Obviamente, se tratando de um festival de mais de doze horas de duração, é praticamente impossível querer ver ela lotada do começo ao fim, mas conforme a noite foi surgindo, o público foi aparecendo e prestigiando os headliners do fest.
Se tratando de doze bandas, fica massante falar uma por uma, por isso creio que seja mais confortável fazer uma análise geral das primeiras seis bandas, que antecederam o trio principal da noite. Assim sendo, vamos ao que interessa: os shows.
DO SPEED ROCK AO ROCK N’ ROLL, PASSANDO POR DEATH E THRASH METAL
As primeiras horas do fest foram recheadas por diversos gêneros do Rock e Metal. Não houve um ser que não tivesse ficado satisfeito com o que foi apresentado por alguma das primeiras seis bandas. Por volta das 14h a primeira banda subiu ao palco a Motorcoks, vindos de Criciúma. Donos de um Rock n’ Roll frenético e agitado, eles vão se mostrando uma banda com potencial para eventualmente estarem em horários mais a frente nos casts.
Seguidos deles, tive a grande honra de conhecer ao vivo o som da Underworld Secrets, que infelizmente tiveram de trocar de horário no cast em vigor à agenda deles. Fizeram um show avassalador que merecia um grande público à frente deles. No entanto, com grande profissionalismo, fizeram uma apresentação tremenda para os que estavam presentes, que ficaram incrédulos com a qualidade sonora apresentada pela banda, que vai além de alguma rotulação, tratando-se apenas de uma excelente banda de Metal que espero encontrar novamente em algum palco.
O show da Underworld acabou se expandindo um pouco em vigor de um atraso da banda de Death Metal de Itajaí Reggrety, que compensou com um som pesado e violento. O trio foi o primeiro a trazer acordes intensos e brutais, já preparando o público para as bandas que viriam a seguir. O mesmo posso dizer para os verdadeiros donos da casa: Alkanza, que foi a primeira a contar com um público maior, já perto das 17h. Os thrashers lagunenses simplesmente chegaram perto de quebrar as estruturas da casa. O som explosivo dos caras motivaram os primeiros mosh pits do festival e não deu escolha aos presentes se não baterem cabeça diante ao poderoso trio que dominou o palco por inteiro. A banda provou que está em constante evolução e parece ainda ter muita sede por crescer e se tornar cada vez mais um dos principais nomes da cena do Sul, e é isso que esperamos deles.
Alkanza protagonizou um grande show de Thrash Metal |
Tivemos mais Death Metal em seguida, com a Silent Empire. A banda trouxe seu som pesado e brutal para dar mais gás ainda aos metalheads, que já estavam ansiosos pelas atrações que estavam por vir logo mais. No entanto, os riffs pesados e o vocal gutural da banda tomou conta do ambiente e chamou atenção daqueles que ainda não conheciam o quarteto e empolgaram aqueles que já os conheciam. Depois dessa paulada, tivemos os também lagunenses da Reação, que trouxe um som diferente da sequência que estava vindo, já que se tratava de uma das mais antigas bandas de Rock n’ Roll da região. A noite já estava bastante fria lá fora, mas lá dentro da Chaplin as bandas deixaram a temperatura bem elevada, e com esses dinossauros do Rock não foi diferente, que mesmo sendo uma banda mais fora da linha Metal, não decepcionou ninguém e fez um show digníssimo da estrada que esses caras tem.
METAL GODS (JUDAS PRIEST COVER)
Creio que esse show foi um dos mais esperados por muitos. A devoção que muitos catarinenses tem pela gigante banda inglesa foi demonstrada quando esse tributo de Florianópolis subiu ao palco. Tributo esse que me surpreendeu devida a fidelidade sonora que eles tem ao Judas. O conjunto é fiel em muitos bons e fez um show excepcional, emocionando muitos presentes, que curtiram e entoaram os hinos “Eletric Eye”, “Metal Gods”, “Painkiller” e obviamente, “Breaking the Law” em alto e bom tom… que aliás, difícil alcançar o tom do vocalista, que era tão impressionante quanto do lendário Rob Halford.
VOODOOPRIEST
Caras, que show fo#@! A banda paulista passou atropelando todo mundo que estava dentro da Chaplin, e provavelmente fora também. Comandados pelo monstro dos vocais Vitor Rodrigues, a banda trouxe uma mescla de Thrash com Death Metal que foi pra fazer o público explodir. Entoando lendas e mitos sobre a rica cultura indígena brasileira, a banda tem quase cinco anos de estrada, mas é dona de músicas devastadoras e já é apontada como uma das melhores bandas da cena Metal do Brasil.
A banda simplesmente “dominou e matou” os headbangers do Laguna Metal Fest. Com letras raivosas, instrumental violento e vocal nervoso, o Voodoopriest teve mais de uma hora de show e soube aproveitar cada segundo em palco, contando inclusive com muitos efeitos sonoros, que criaram uma atmosfera sensacional ao início de algumas músicas. Aos que não conheciam a banda, não houve reação diferente se não admiração imediata, e aos que já eram fãs, certamente apenas tiveram a confirmação de que o Voodoopriest é realmente um expoente do Metal nacional.
DISTRAUGHT
A banda gaúcha era o maior nome do fest, mas chega a ser injusto falar isso depois do show absurdo do Voodoopriest. Ambas as bandas são excepcionais e fico feliz de ver minha cidade receber esses monstros do Metal pesado, e tenho certeza de que muitos compartilham esse pensamento. Do Distraught não podia esperar menos se não um show de cair o queixo. Com décadas de carreira, a banda já passou inúmeras vezes por Laguna, e a cada show é um espetáculo novo.
O quinteto liderado pelo exímio vocalista André Meyer trouxe muito material de seus mais de vinte e cinco anos de estrada e do mais recente lançamento, “Locked Forever”, de 2015. A banda parece ser como vinho, estando cada vez melhor e com som cada vez mais encorpado e maduro, estando a frente em termos de qualidade de muitas e muitas bandas de Thrash Metal, por não se limitarem à seguir à risca as fórmulas do gêneros, apostando em linhas de guitarras que enchem sua alma e também destroem seu cérebro.
Uma das novidades da noite foi a presença do novo baterista da banda, Marcelo Azevedo, que segurou muito bem a onda e fez parte com enorme competência desse show tremendo que foi o do Distraught. Laguna mais uma vez teve a honra de prestigiar esses gigantes do Metal e fica no aguardo de os receber novamente no mais breve possível.
MÚSICA AINDA MAIS PESADA PARA ENCERRAR
Sem dúvida, após passar da meia noite, alguns já haviam sido massacrados o suficiente pelas bandas que tinham acabado de deixar a Chaplin estremecendo, mas houve aqueles que estavam dispostos a mais doses de metal extremo. Para esses, a produção tratou de deixar três nomes pesadíssimos pro final, começando pelo Death Metal Progressivo da Deadpan, que veio de Florianópolis para apresentar seu som complexo e massivo pros sobreviventes. Com músicas repletas de riffs estonteantes, o trio trouxe uma brutalidade sem igual e tratou de manter a bola em cima no festival. Afinal, ainda estava cedo de mais para acabar.
Deadpan veio da ilha pra apresentar Death Metal técnico e pesadíssimo |
Dito isso, foi a vez dos gaúchos do South Legion subirem ao palco para darem início a um verdadeira guerra sonora. Se alguém ainda tinha sede por brutalidade, esses caras vieram para encher o copo até transbordar. Bateria absurdamente veloz somada a cordas nervosas se tornaram uma surra no ouvido dos incansáveis headbangers que não largavam da frente do palco. Um salve ao Pampa Metal que a banda carrega consigo, louvando as lendas e histórias do Rio Grande do Sul com uma qualidade inigualável.
Chegando à marca de doze horas de festival, foi a vez dos representantes de Tubarão tomarem o palco do Laguna Metal Fest. A Orkane subiu com a responsabilidade de encerrar a noite, e fizeram isso com grande estilo. Donos de muitas autorais de excelente qualidade, a banda aposta em um Thrash Metal forte e poderoso para conquistar os metalheads, e tiveram sucesso com os guerreiros que ainda estavam na casa. Após apresentar seu próprio arsenal e assim ganhar o público, a banda encerrou a noite com um clássico digno para a ocasião: “Seek and Destroy”. O hino do Metallica foi a última gota desse banho de Metal que a Agosto Negro Produções proporcionou aos headbangers, que agora já tem uma nova data para aguardar, aliás, duas: dias 6 e 7 de agosto, quando ocorrerá a sétima edição do Agosto Negro, o maior festival de rock do Sul.