Desde que se despediu do Claustrofobia, depois de cerca de 15 anos de banda, Alexandre de Orio continua ativo produzindo material para seus fãs e o público headbanger. Atualmente com o Dualeto, formado em conjunto com o baterista Beto Ferrari – professores da Yamaha Music School do Brasil – lançaram material inédito no Youtube voltado aos músicos interessados na fusão entre Heavy Metal e ritmos brasileiros.

“Telecoteco Metal Song” traz os músicos unidos dessa vez para registrar uma música construída inteiramente sobre uma célula rítmica demonstrada no livro ‘Ritmos Brasileiros Aplicados na Guitarra Metal – Novos Caminhos para Riffs de Guitarra’ de autoria de Alexandre de Orio.


ASSISTA “TELECOTECO METAL SONG” AQUI:





Orio e Ferrari traduziram para o heavy metal a levada batizada de telecoteco muito conhecida por sua aplicação em tamborins no samba. “Nossa intenção é mostrar para os músicos, tanto guitarristas quanto percussionistas, a versatilidade que a fusão desses dois ritmos musicais propicia possibilitado inúmeras criações e transformações na música”, explica Orio.

Além dos estudos técnicos, o livro ‘Guitarra Metal – Novos Caminhos para Riffs de Guitarra’ apresenta o objetivo de trabalhar a criatividade do guitarrista-leitor sem se prender a gêneros e estilos e explorar os elementos musicais ao máximo.



“Telecoteco Metal Song” foi filmada no Family Mob Studio, e gravada, mixada e masterizada no CasaNegra Studio por Augusto Lopes, ambos em São Paulo.




Antes de disponibilizar “Telecoteco Metal Song” ao grande público, Orio apresentou a canção no Salão Duas Rodas 2017 ao lado de Eloy Casagrande, baterista do Sepultura, e Bruno Ladislau, baixista da banda André Matos.

O duo Alexandre de Orio e Beto Ferrari tem registrado também o clássico do chorinho “1X0”, de Pixinguinha, com um arranjo elaborado em um diálogo entre bateria e guitarra. (Assista aqui).

Alexandre de Orio é bacharel em guitarra pela FAAM e pós-graduado em Estruturação e Linguagem Musical e Docência Superior em Música. É pós-graduado também pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em Improvisação no Jazz e História da Música Popular Brasileira. Integra alguns projetos musicais como o Quarteto Kroma de Guitarras e foi guitarrista do Claustrofobia entre 1996 e 2015.

Beto Ferrari é graduado em licenciatura em música pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e em bateria popular pela Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo). Além de educador, atua como músico em diversos projetos como a banda Rock and Road, de Ivan Busic (Banda Busic e ex-Dr Sin).

Dualeto está disponível para demonstrações e workshops baseados no livro ‘Ritmos Brasileiros Aplicados na Guitarra Metal – Novos Caminhos para Riffs de Guitarra’. 

E tendo em vista toda essa experiência de Alexandre e essa nova empreitada em uma carreira tão sólida e bastante variada dentro do metal, batemos um papo com ele pra contar um pouco mais sobre o atual momento da carreira, sua ligação com o metal e música brasileira e também sobre esse projeto que vem desenvolvendo com Beto Ferrari, confira:


Alexandre, você se dedica a vários anos à fusão do metal com o samba. Sofre preconceito por conta disso seja por parte de quem gosta da música pesada como no meio da música tradicional brasileira?
Alexandre: Diretamente não. Quando solto algo na internet, como por exemplo “Symphony of Destruction” tocado com uma bateria de samba, claro que sempre vai ter alguém comentando algo aqui ou ali, mas normal. De maneira geral, as pessoas curtem e entendem, é bem positivo dos dois lados. Trabalhar com arte é isso, é mexer, recriar, transformar, estar em movimento. Como Andreas escreve no prefácio do livro “A música é viva e mutante, é sempre bom ter ouvidos atentos e a cabeça aberta…Crie música sem preconceitos”.

Suas influências de metal x ritmos brasileiros passam necessariamente por nomes como Angra e Sepultura? 
Alexandre: Sepultura sim. Angra muito pouco. Para ser bem sincero, essa relação do metal e ritmos brasileiros vem muito mais pelos estudos e pesquisas, devido a faculdade e pós-graduação em música. Já tocava metal antes, então, somado aos estudos, obviamente você vai experimentando, aplicando coisas, é natural. O caminho é mais esse na verdade. Aliás, o livro é um reflexo disso, pois não é só intuitivo, tem todo um fundamento e um trabalho de pesquisa.

Para o público que busca seus materiais para estudo, o que você pretende mostrar com seu projeto ‘Metal Brasileiro’, tanto o livro quanto às experiências sonoras nascidas dele como essa, Telecoteco Metal, que você apresenta agora?
Alexandre: O projeto “Metal Brasileiro” em si é grande, e tem algumas vias. Uma delas é ter uma coleção de livros voltado à ritmos brasileiros aplicados ao metal. 
Uma outra via está ligada ao exemplo acima citado de “Symphony of Destruction” do Megadeth, que gravei com uma mini bateria de samba. A proposta é inverter a situação, ou seja, inverter o que o livro tem como proposta. No livro eu retiro os elementos dos ritmos brasileiros e mostro abordagens de aplicação no Heavy Metal. Nessa outra via, eu pego um som que é rock/metal e os transformo, faço uma releitura utilizando outros ritmos. Não funciona com qualquer música. Tem que ser bem seletivo para pegar esses clássicos exclusivamente de Rock/Metal, e mudar o pano de fundo, mas mantendo todo o corpo da música original. As que já gravei no caso, ficaram instrumentais, mas penso em fazer alguma cantada também.
Uma coisa bem legal também que aconteceu com esse projeto, foi participar de um curta-metragem chamado Onipresença do jornalista Anderson Rodrigues. Foi todo feito em fotografia e discute a produção fotográfica contemporânea por meio da linguagem dos repórteres do futebol brasileiro. A trilha é uma composição minha com riffs bem pesados somado ao peso da percussão da escola de samba.
Outro braço do projeto seria composições autorais, como essa do vídeo “Telecoteco Metal”, que no caso nem tem percussão. Essa via já é mais ligada ao livro. Falando um pouco dele, esse volume traz levadas e figuras rítmicas características do samba, mas pego todo esse material e aplico no metal. Por exemplo, um padrão rítmico muito tocado pelo tamborim, apresento diversas formas de execução na guitarra. Então, tem um objetivo de trabalhar a técnica, principalmente de mão direita na execução de riffs, e também tem um objetivo de ajudar na construção de riffs ou partes de música etc, o que abre o leque para qualquer instrumento. Essa música é um ótimo exemplo disso. Ela é inteiramente construída sobre duas células rítmicas somente, sendo que uma delas é conhecida como telecoteco, por isso o nome da música. Executo essa figura de várias maneiras nos riffs e solo de guitarra, como também nas levadas de bateria tocada pelo Beto Ferrari. Eu pergunto a você e aos leitores, se vocês não têm essa informação que estou lhe dando e apenas ouve, você diz que é uma figura rítmica extraída do samba? Tenho certeza que não.
Percebe o quanto a gente consegue desenvolver uma pequena ideia?! Usar a criatividade! Portanto esse é o outro objetivo e acredito que o mais importante. 
Aproveitando o espaço, o livro será relançado nesse segundo semestre de 2018 pela editora Tipografia Musical.
Tenho uma outra ideia também ligada a esse projeto que é muito maior. Envolve muitas coisas e pessoas, e depende de algumas situações que não são tão simples. Vamos ver se um dia consigo realizar um dia.

Você tem planos de um dia voltar a ter banda exclusivamente de Heavy Metal tendo em vista que passou muitos anos junto ao Claustrofobia?
Alexandre: No momento não estou atrás de formar uma, mas estou aberto caso pinte algo interessante que possa somar na minha carreira e que eu possa contribuir também.

Fale um pouco de seus atuais projetos na música.
Alexandre: Estou há 17 anos no Kroma (quarteto de guitarras). Estamos produzindo um documentário e pretendemos lançar ano que vem.
Tenho o duo chamado Dualeto – referente ao vídeo aqui anexado – com o baterista Beto Ferrari, que leciona junto comigo na Yamaha Music School. 
Tenho um trabalho chamado Gypsy Jazz Duo, com o guitarrista Marcus Almeida. É um estilo de jazz muito conhecido como Gypsy ou Jazz Manouche ou Jazz Francês, na qual seu principal expoente é o grande Django Reinhardt.
Estou com um trio de Rock and Roll autoral. Acabamos de gravar um álbum e será lançado em breve. É rock basicamente, mas contém diversos elementos, de outros gêneros e estilos musicais. Fiquei muito feliz com o resultado dele. Cada música tem uma característica, uma peculiaridade. Vou deixar para divulgá-lo depois.
Tenho o projeto ligado ao “Metal Brasileiro” que citei acima, que periodicamente gravo com algum grupo de percussão algum clássico do Rock/Metal.
Faço alguns trabalhos para Yamaha como especialista de produtos na área de cordas, então alguns eventos da Yamaha toco com o Eloy Casagrande (Sepultura) e Bruno Ladislau (André Matos). 
Como educador, dou aulas de guitarra e violão na Yamaha Music School e na School of Rock (Unidade Anália Franco).
Tenho projetos de escrever mais livros. Fora esse, que ainda estou trabalhando porque ainda tem coisas para explorar, tem outros dessa coleção “Metal Brasileiro” para escrever.  Tem também outros livros para escrever que não estão ligados a esse tema.

Muito obrigado Thabata Solazzo e o site O Subsolo.
Um abraço a todos os leitores!
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