Mais um evento sensacional que O SubSolo teve a honra de ser convidado para cobrir, sendo pela primeira vez em dose dupla! Junto com Maykon Kjellin, presenciamos neste sábado (09) cinco bandas de gêneros totalmente diferentes uma da outra. O Inferno Metal Fest sempre traz pesos pesados do Metal Nacional. Após as thrashers do Nervosa e o som brutal do Krisiun nas duas edições do ano passado, respectivamente, dessa vez a organização quebrou a banca e trouxe logo duas grandes atrações: Worst e Torture Squad. Mas as outras bandas não ficaram pra trás, e fizeram grandes apresentações que também animaram a noite criciumense.
THE MOTORCOCKS (por Maykon Kjellin)
Muito ouvimos a frase “como alguém tão pequeno grita tão alto?“. Lucas Widmar realmente é um frontman poderoso, um ogro disfarçado de homem. Recém chego a banda, Rhamon Soratto é uma revelação das quatro cordas, e desde a fundação da The MotorCocks, Rhamon sempre acompanhou vestindo o merchan da banda, quando surgiu a oportunidade, abraçou como nunca e acredito que surpreendeu a todos, pois fez uma cozinha muito bem feita, auxiliando o experiente Frater Louis, dono de uma magia, alternando entre bons solos e uma base bem feita.
A banda executou bons covers, entre eles Chrome Division, Raul Seixas e Steppenwolf, porém todas com a versão da banda, músicas mais aceleradas e mais pesadas possíveis, alternando entre bons riffs pesados e pedal duplo do novo baterista da banda.
The MotorCocks voltaram com tudo, tiveram uma volta de gala, e esperamos que mantenham o foco e a concentração, pois merecem alcançar grandes voos.
SYMPHONY DRACONIS
Vocal sofrido e arrastado, guitarras dilacerantes e bateria explosiva são características de um bom Black Metal, e esse é o caso dos gaúchos do Symphony Draconis, que trazem um som que honra as raízes do estilo e agrada aos fãs mais exigentes. Era uma das bandas que mais esperava na noite, pois conquistaram meus ouvidos assim que ouvi o disco “Supreme Art of Renunciation” pela primeira vez, assim que vi que estavam no cast do festival. Não bastasse a gravação incrível, a banda faz um show tremendo.
A banda possui um domínio de palco poderoso, que fez com que muitos metalheads se reunissem na frente do palco para banguear ao Black Metal apresentado pelo quinteto. O performático vocalista Stiemm Nechard faz a frente da banda, enquanto as guitarras viajavam entre riffs rápidos e pesados que geravam mosh pits, e melodias profundas e imersivas que iam direto na alma. A Symphony Draconis apresentou um set list com as músicas do disco de 2013, que segue sendo a frente de trabalho da banda, e não é por menos. É um puta disco de uma puta banda. Torço para que seja lançado um novo trabalho e que eu possa ver mais um show desses caras.
ORQUÍDEA NEGRA
Como foi falado logo após a terceira música, estamos tratando da banda que está a mais tempo na ativa em Santa Catarina. E que continue, por muitos anos, por favor! Que banda sensacional e que show incrível, senhoras e senhores. Com 50 anos, o vocalista André Stolte é um show a parte, pois além de ser um típico showman é dono de um vocal impressionante. Agudo e potente, é sem dúvidas o destaque desse som clássico da banda de Lages. Os caras estão desde os anos ’80 fazendo shows, e nesse sábado fizeram mais um, que foi contagiante e emocionante.
Tocando músicas que iam de discos antigos até o mais recente, “Blood of the Gods”, foi um poderoso show de Heavy Metal, com direito a discos jogados a platéia. Advinha quem teve a grande sorte de conseguir um? Sim, eu mesmo, que mesmo afastado do aglomerado que se amontoou em frente ao palco, vi o disco “quicar” em um mar de mãos até parar praticamente em meus pés. E que sorte, amigos, pois se trata de um senhor álbum, repleto de músicas sensacionais, que pude presenciar com igual qualidade ao vivo. Apesar do excepcional potencial de suas músicas autorais, a Orquídea Negra tratou de fazer uma bela homenagem à Dio, tocando o clássico “Heaven and Hell” para encerrar o show no Inferno. Digno, não?
WORST (por Maykon Kjellin)
Quem chegou cedo para garantir os melhores lugares na casa, se surpreendeu ao ver Fernando Schaefer montando a bancada de merchandising do Worst, dando um show de humildade e simpatia. O experiente baterista tirou fotos, assinou álbuns e conversou com todos que chegaram até a bancada para conferir os produtos da banda.
Já para quem esperava por um show violento e de estourar os tímpanos, não se decepcionou com a apresentação do Worst, que logo de inicio mostraram que não correram de São Paulo até Santa Catarina atoa, sendo a primeira música o mais novo hit da banda, “Vencedores”, mostrando o que seria o show desde o começo, pancadaria até o final, formando uma roda punk desde os primeiros segundos de show.
O vocalista Monstrinho é um frontman nervoso, cospe ódio entre as músicas como se estivesse desabafando contra as crises de nosso país, que sinceramente entre muitos palavrões, muitas verdades foram ditas. Já a sintonia entre o guitarrista Tiago Hospede e o baixista Ricardo Brigas, é incomparável, essencial para o Hardcore pesado e sem igual, show digno de Worst.
TORTURE SQUAD
Sem dúvidas, o show mais esperado pela maioria. A banda paulista iria apresentar a Criciúma sua nova vocalista: Mayara “Undead” Puertas, ex-Necromesis, que entrou na banda ano passado, e espero eu que não saia mais. Foi uma bela “aquisição”, que trouxe um novo gás e sem dúvidas arrebatou um novo público, que interessados em ver como uma menina iria cantar os guturais da banda, acabaram ficando impressionados e por tabela, se tornaram seguidores da banda.
Mayara simplesmente detonou no show, mostrando um vocal de dar inveja em muito marmanjo (inclusive eu). Seus gritos dilacerantes combinaram perfeitamente com as músicas antigas da banda, que moveram boa parte do show. O público se mostrou muito animado com a apresentação da carismática vocalista, que entre uma música e outra conversava com a platéia com uma voz dócil, que logo era transformada em um gutural absurdo, regido pela guitarra destrutiva de Rene Simionato, pelo baixo pesado de Castor e a bateria monstra de Amilcar Christófaro, dando início à verdadeira corporação do caos que virou o Inferno Metal Fest.
Do início ao fim foi um show de moer todos os ossos dos presentes. Os metalheads não tinham descanso nos mosh pits e seus pescoços não foram poupados com um set de 12 músicas que passou atropelando todos que estavam ali. Criciúma entrou com estilo na turnê do EP “Return of Evil”, sendo que inclusive a faixa “Swallow Your Reality” ganhará um video-clipe que conterá gravações feitas no show de sábado. Sem dúvidas, um show eternizado na história da banda.
O Esquadrão da Tortura fez jus ao nome no Inferno |
VISÃO GERAL
Foi um grande evento de Metal. Fomos muito bem recebidos por Bruno Gregorini e por toda a organização do fest. Vimos nossos amigos da A Hora Hard e Cultura Em Peso marcando presença na cobertura também, e com isso mostramos o valor da mídia underground. Todas as bandas mandaram muito bem e a organização cumpriu o baita festival que prometeu. Com a devida segurança, todos curtiram esse belo fest. Como o vocalista Stiemm Nechard, do Symphony Draconis, disse durante o show da banda: “aproveitem bem quando tiver um grande festival como esse, porque não é toda cidade que tem algo desse nível”.
Criciúma e seu público está de parabéns por ter a honra de hospedar um festival como esse. Mal podemos esperar pela próxima edição, e que venham mais monstros do Metal brasileiro!
Registro de Natália Fernandes, que conta com minha participação à esquerda da imagem. |
Para mais fotografias do evento, confiram na página da fotógrafa Natália Fernandes.