O dia 16 de março, em Curitiba, um domingo abafado, foi um grande dia para os fãs de Gothic Metal da capital e de outras regiões que costumam se deslocar até Curitiba para assistir aos shows de suas bandas favoritas.
Ao aguardar o horário do evento e rolando o feed do Instagram, fiquei surpreso ao notar que, desde antes das 15h, já havia uma fila em frente ao Tork’n’Roll. A casa continua sendo a melhor escolha para grandes eventos de Rock na cidade, e com o Lacuna Coil não poderia ser diferente. Confesso que fiquei bastante ansioso ao observar a grande movimentação dos fãs, mesmo com tantas horas de antecedência ao horário previsto para a abertura da casa, que era às 18h30.
Pela primeira vez, vi no Tork’n’Roll um atraso nos horários previstos, fato que ocorreu por forças alheias à casa e também à banda. Nos bastidores foi informado que o translado dos equipamentos sofreu atraso devido a um acidente ocorrido no percurso entre São Paulo e Curitiba. O acidente não atingiu diretamente os integrantes ou a equipe técnica, mas causou lentidão no trânsito, levando à abertura dos portões apenas após as 19h, sob gritos de comemoração da fila.
Ao entrar no ambiente da casa, tive outra surpresa: a área da pista em frente ao palco estava isolada por cortinas pretas, fazendo com que novas filas se formassem até que o acesso à plateia ou aos camarotes fosse liberado. Nada disso diminuiu o ânimo do público, já que foi uma oportunidade para experimentar as diversas opções que a casa oferece na praça de alimentação. As cortinas serviam para bloquear a visão do palco, que ainda estava sendo montado devido ao atraso mencionado no transporte dos equipamentos. Cada teste da bateria era prontamente respondido pela galera que aguardava entusiasticamente.
O acesso foi liberado próximo das 20h30, e a pista foi preenchida rapidamente. Quem ainda estava comendo teve que assistir ao show do fundo, pois não era possível se movimentar no meio da massa eufórica de fãs. Pouco tempo depois, a banda subiu ao palco sem nenhuma passagem de som mais elaborada, iniciando diretamente com a faixa Layers of Time, seguida de Reckless, ambas do álbum Black Anima de 2019 — ano da última passagem da banda pela cidade, que foi lembrada pela vocalista Cristina Scabbia, ansiosa para retornar desde então. Na sequência, veio um dos singles do último álbum de estúdio, Hosting the Shadows, que foi cantado do começo ao fim pelo público. A interação entre os vocalistas Cristina Scabbia e Andrea Ferro é hipnotizante; a presença de palco da banda é tamanha que, por vezes, me vi perdido sem saber quem fotografar primeiro.
Também destaquei o visual da banda, com maquiagens trabalhadas e combinações em preto e branco. O baixista Marco Coti Zelati, o baterista Richard Meiz e o guitarrista Daniele Salomone fizeram muito bem seu papel, trazendo atenção ao vermelho carmesim usado por Cristina e em alguns detalhes do figurino de Andrea. As luzes do palco, na maior parte do show, também seguiram esses tons. Senti falta do “bandeirão” de fundo de palco da banda, mas a ausência é compreensível devido aos problemas técnicos já citados.
O show seguiu sem problemas e com um setlist que agradou tanto os fãs mais antigos quanto quem conheceu a banda recentemente. Destaco especialmente as músicas marcadas com “XX“, versões regravadas de faixas do álbum Comalies XX, lançado em 2022 para comemorar 20 anos do disco original. Eu, que não conhecia essas regravações, senti uma agradável nostalgia durante essas faixas. Ao final, antes da última música, Cristina deixou uma grande mensagem de resiliência: devemos sempre ver o copo meio cheio e, independentemente das adversidades, podemos nos tornar mais fortes. Em seguida, começou a cantar Nothing Stands in Our Way, encerrando o show maravilhoso que brindou os fãs com 21 músicas e uma performance sensacional dos italianos.
Setlist:
1. Layers of Time
2. Reckless
3. Hosting the Shadow
4. Tight Rope XX
5. Kill the Light
6. Our Truth
7. Trip the Darkness
8. Apocalypse
9. Now or Never
10. In The Mean Time
11. Enjoy the Silence (Depeche Mode cover)
12. Entwined XX
13. Heaven’s a Lie XX
14. Blood, Tears, Dust
15. Oxygen
16. I Wish You Were Dead
17. Veneficium
ENCORE
18. Never Dawn
19. Gravity
20. Swamped XX
21. Nothing Stands in Our Way
Sem dúvidas, o show do Lacuna Coil no Tork ficará na memória dos fãs de Curitiba. A banda conseguiu mostrar o por que de continuar sendo uma referência em sua trajetória de mais de 30 anos, e nos deixa curiosos sobre o futuro que ainda pode nos apresentar. Que venham mais noites como essa, onde a música une e inspira.