10 DICAS PARA BANDAS INICIANTES.


Hoje começamos um novo “quadro” de O SubSolo. Por que não usar deste espaço para estar dando dicas para bandas novatas? Essa postagem será sobre dicas para bandas que estão iniciando.

Leia com atenção e repasse a seus amigos…

1) Ensaie. Obsessivamente. Não adianta quatro horas no sábado. Isso vale para ensaio com a banda e treino solo. Se você quer levar sua banda a sério, deve encarar como profissão. Ensaie diariamente, de duas a quatro horas. Sempre que possível, ensaie mais horas do que isso. Mesmo que você tenha outra ocupação de dia/noite, tem que encontrar esse tempo em sua agenda. Sempre tem algo para melhorar: desenvoltura, andamento, repertório, arranjos, timbres, etc. Quando, por qualquer motivo, não houver ensaio com a banda, pratique sozinho. Se não consegue fazer isso, sua banda não é tão séria assim – está mais para um passatempo. E isso não é problema, pode ser ótimo! Só pare de fingir que é para valer.


2) Faça muitos shows – e não toque de graça. TODA grande banda passou por uma intensa rotina de shows antes de conseguir aparecer. Os shows te dão experiência, te deixam calejado, entrosam o grupo, aperfeiçoam repertório, você conhece melhor seus colegas de banda, etc. Você também ganha mais interessados na sua música e muitos contatos. Arrume uma van, ache alguns botecos por aí e saia tocando. Não fique esperando o SESC te chamar, muito menos a estrutura de um SESC. Aliás, o projeto do SESC é maravilhoso, mas não é o suficiente para ter uma agenda de shows recheada, nem representa a realidade de fazer shows pelo país. Para ficar calejado no palco é preciso ralar. No começo, mas muito no começo, mesmo – quando sua banda for tão ruim que nem sua avózinha faz um elogio qualquer – você até pode tocar de graça uma meia dúzia de shows. Depois disso, quando for minimamente bom, não toque nunca mais de graça. Mesmo que seja pouco, uma porcentagem da bilheteria ou que você tenha que vender ingressos para se pagar. Recuse-se  terminantemente a tocar de graça em eventos e locais com boa estrutura – ou seja, que claramente tiveram algum aporte financeiro para ser realizado. Isso não é coisa de gente séria e você se desvaloriza à toa.


3) Instrumentos musicais devem ser bons e precisam estar ajustados e afinados. Você não precisa do instrumento mais caro, muito menos do mais bonito. Mas não vá com qualquer um. Hoje em dia, mesmo no Brasil, é possível encontrar bons instrumentos com preços acessíveis. Mais importante do que isso é mantê-los regulados – sem trastejamento, nem ruídos de problema elétrico (isso vale para pedais, acessórios e cabos). E, principalmente, que estejam com cordas novas e devidamente afinadas.


4) Faça muitas músicas. Melhore. Melhore mais. Burile. Reveja o arranjo. Passe um pente fino. Repita o processo. Seu maior bem é sua música. Você não pode deixá-la ser banal o bastante para parar na primeira ideia que vem à cabeça, sem melhorias. Isso inclui tocar em shows para sentir a reação do público e notar como ela funciona ao vivo. E seja rigoroso: quando tiver um repertório consistente, corte as músicas mais fracas.


5) Seja focado. Isso vale para o micro e para o macro. No caso micro: se você está a sério numa banda, esteja focado nas ações de dia a dia. É hora do ensaio? Ensaie com vontade, prestando atenção no que pode melhorar – repertório, execução, música, arranjo, presença de palco, etc. Não fique trocando mensagens com a namorada. No caso “macro”: se a banda é tão importante, se você quer que dê certo, é preciso foco: não dá para ter cinco bandas ao mesmo tempo, trocar o ensaio pelo amistoso da seleção ou o aniversário do primo. Muito menos tocar num show com cara de tédio. Repito o escrito no começo: encare como profissão.


6) Construa uma base de fãs antes de pensar em qualquer coisa. E isso vem, basicamente, de fazer muitos shows e ter uma boa presença online (site, facebook, twitter). Mas o foco deve ser nos shows: gera boca a boca, contatos e mostra o verdadeiro valor da banda. De nada adianta ficar horas em redes sociais se sua agenda está às moscas. A base de fãs, mesmo que pequena, é vital: são essas pessoas que vão comentar e indicar sua banda. Não adianta fazer camisetas, muito menos lançar um disco se não tem ninguém para comprar. E mais: nenhum contratante – seja de bares, casas de shows, produtoras ou gravadoras – vai se interessar em uma banda que não atrai público. Você não consegue nem um crowdfunding minimamente decente sem uma forte e engajada base de fãs. Nem vai ter a “boa presença online” se ninguém se interessa pela sua banda.


7) Saia da internet, conheça pessoas e crie um currículo consistente. Não, não é uma contradição com o que escrevi no item anterior. É que hoje há uma ideia errada de que a internet é o caminho do ouro para o sucesso. É uma ilusão. A internet é apenas mais uma ferramenta de divulgação – fácil, barata e democrática, mas apenas mais uma. Nada bate, ainda, fazer muitos shows, o boca a boca e o desenvolvimento de uma boa base de contatos. Nem a experiência acumulada e uma série de atividades realizadas – o “tentativa e erro”. No filme “We Are Marshall”, num momento chave, há uma frase mais ou menos assim: “você não pediu sua mulher em casamento por telefone, e ela não respondeu por carta”. É a mesma coisa: não adianta ficar mandando emails e mensagens com o link do seu disco. Em qualquer atividade, nos interessamos pelo histórico da pessoa. E a maioria das oportunidades são geradas dos relacionamentos e ações criados previamente. Ninguém arruma emprego só por um e-mail enviado, sem um currículo recheado, entrevistas, consulta a empregos anteriores e, principalmente, indicações. Com uma banda é a mesma coisa.




8 ) Observe quem são seus fãs e o que é importante para eles. Isso vai te ajudar a achar mais deles e entender o que eles gostam de consumir – e me refiro à mídia, não à música. Ou seja: quando for fazer música, siga suas próprias crenças; quando for distribui-las, veja como seus fãs gostam. Sua base de fãs pode ser de loucos por show; podem comprar ou não CDs; podem ser cínicos que querem tudo de graça; podem ser viciados em vinis. Eles podem ficar conectados o tempo todo em redes sociais ou adorar uma newsletter por email. Podem curtir vídeos com letras, preferir clipes mais clássicos ou vídeos ao vivo. O comportamento de seus fãs mais o que você quer comunicar devem direcionar suas ações de marketing, vendas e divulgação.


9) Ao divulgar músicas, escolha suas melhores. Se você está numa banda nova e pretende lançar algumas músicas com o objetivo de divulgação – seja num EP físico ou virtual – escolha as top de linha de seu repertório. E coloque as melhores logo no começo. Ninguém te conhece, então você vai ter poucos segundos de atenção do ouvinte. Portanto, nada de ser conceitual. Não é o momento de discursos ou afirmações musicais complexas – deixe isso para o álbum completo. A hora é de estourar os miolos do ouvinte com músicas incríveis.


10) Fale sobre as suas verdades. Não sobre as dos outros, não sobre o que está na moda. Soa brega? Talvez. Mas é importante achar e burilar sua própria voz. Se você está nessa pela música antes de tudo, precisa criar músicas com o que você acredita. Não com o que você supõe que as pessoas vão gostar. Ou, pior, copiando quem está fazendo sucesso. Não importa se você está mais para Raul Seixas, Pitty, Chico Buarque ou Dream Theater. Você deve tocar e falar sobre o que te move – é nisso que os fãs se inspiram. O que você diz é o que fica para sempre.







Matéria via: Geek Musical

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.