Deborah Moraes é vocalista, e atualmente dá voz ao Final Disaster. Natural de São Paulo/SP, tem como suas principais influências as cantoras Floor Jansen e Marcela Bovio. Nessa entrevista, ela fala um pouco sobre a representatividade da mulher no Metal Nacional, sobre como vem ocorrendo a união entre as musicistas, além de planos futuros do Final Disaster. Confira:




Deborah, satisfação você ter topado conversar um pouco conosco. Conte-nos: quem é a Deborah? Quando e como a música entrou na sua vida de fato?

Deborah Moraes:  É um prazer conversar com vocês. Bom, eu sou Deborah Moraes, e atualmente sou vocalista do Final Disaster. 

Costumo brincar que comecei a cantar aos dois anos de idade, existia uma gravação minha cantando “abre a porta mariquinha” (Sandy e Junior) na qual eu mal conseguia falar direito as palavras hahahaha. É bem engraçado, mas daí não consegui mais parar. Estudei um pouco de música na igreja na infância e comecei a cantar em coral, e na minha primeira banda (um cover de After Forever) aos 15 anos.


Como foi tua trajetória até identificar o Metal como o que você queria para sua carreira musical?

Deborah Moraes: Eu tive a felicidade de ser adolescente no auge do Rock dos anos 2000. Em seguida conheci uma moça que me emprestou CDs de bandas como Tristania e Nightwish, e como eu já gostava de cantar me encantei por aquele som pesado cantado por mulheres. 
Pouco depois veio minha entrada na banda, numa época em que o cenário de covers de Metal Sinfônico estava muito aquecido. Então sinto que foi um caminho natural, algo que aconteceu por afinidade e um timing bacana.


Hoje você faz parte de uma banda conhecida do cenário. Como você vê a representatividade da mulher no metal nacional?

Deborah Moraes: É um longo caminho a trilhar, mas vejo que hoje temos mais espaço graças a bandas mais consolidadas no cenário e lideradas/compostas por mulheres. 
Hoje vejo uma quantidade muito maior de mulheres em bandas de metal (de todos os subgêneros) do que a alguns anos atrás, onde a maioria estava  nas vertentes mais melódicas. Infelizmente ainda somos minoria mas espero ver cada vez mais mulheres instrumentistas e vocalistas no metal nacional (e mundial).

Alguns dos comentários mais frequentes dos festivais online que estão rolando é da forte participação de bandas com membros mulheres. Além de citarem que é uma grata surpresa, falam que não conheciam as bandas. Você acredita que falta para o publico que consome música procurar descobrir novas bandas? Poderia comentar um pouco sobre a união das mulheres do Metal nacional atualmente?

Deborah Moraes: Desde o ano passado várias mulheres integrantes de bandas estão se unindo para gerar apoio e reconhecimento pro nosso trabalho e isso é maravilhoso. 

Infelizmente ainda ouço coisas como “o Rock/Metal morreu”, “no Brasil não se faz música que presta” entre outros. Fico triste porque existe uma gama gigantesca de bandas fazendo um trabalho excelente em diversos estilos, só falta a galera se desprender de ouvir sempre o mesmo. 

Mas estamos aí, tentando levar nosso material pra maior quantidade de pessoas possível, e os festivais online são uma boa porta pra isso nesse momento


Estamos numa época um pouco difícil para a música em si. Tivemos justamente os festivais online, que revelaram grandes bandas. Poderia falar um pouquinho da participação de vocês nesses fests, citando algumas bandas que conheceu por meio desses eventos online?

Deborah Moraes: Participamos de alguns festivais online como Roadie Crew, Metal com Batata, Dias de Rock e LVNA, divulgando nosso EP Acústico, que foi um material que fizemos pra esse período de pandemia e gravado inteiramente em casa. Inclusive, foi ótimo porque tive que aprender muita coisa pra criar esse material. 
Além de participar, também acompanho os festivais, porque interagir no chat pra mim é o mais próximo que temos nesse momento de encontrar pessoas num evento, tocar, enfim, é uma ótima atividade enquanto não voltamos pros palcos. 
Posso citar como bandas que conheci nesses festivais e não saem mais da minha playlist: Dark Tower, Losna e Carcadia.

Como o caso de vocês, mesmo em meio a pandemia tivemos bandas que não pararam de lançar material novo. É o caso do Final Disaster. O que você acha que a pandemia interferiu nos planos das bandas? E você acha que, assim como você, as bandas buscaram aprender a gravar e produzir material de qualidade em casa?

Deborah Moraes: No nosso caso, por exemplo, estávamos no meio da gravação do nosso álbum quando os estúdios fecharam e precisamos nos recolher em casa, os shows foram cancelados. 

Aí surgiram as opções como festivais online, podcasts e essa reinvenção do mundo durante esse período, e tivemos que acompanhar. Eu mesma tive que comprar equipamento, aprender a mexer no gravador de áudio, editar vídeos… e vejo outras bandas na mesma situação. 

Se existe algo bom nisso tudo é que sairemos dessa pandemia com novas skills, e a qualidade do material entregue pelas bandas mostra isso.


Por falar em trabalho durante a pandemia, conte para nós mais sobre o Horror Fest and Freak Show, que o Final Disaster divulgou recentemente. Tem algo que já pode nos contar?

Deborah Moraes: É um evento que surge do nosso amor pela cultura do Horror e da vontade de fazer algo nesse período entre o Halloween e a sexta-feira 13. 
Não posso dar muitos detalhes ainda, mas estamos buscando um formato novo, pra pessoas que, como nós, curtem metal e horror. 
Estou super empolgada pra divulgar em breve o que estamos preparando. O evento vai rolar na sexta-feira 13 de novembro, no canal do Final Disaster no YouTube!


Antes de você entrar no Final Disaster, já acompanhava a banda? Como foi o convite para integrar a banda e o principal, como foi casar teus vocais com o do Kito Vallim?

Deborah Moraes: Eu não conhecia a banda, fui indicada por um produtor com o qual tinha feito um trabalho e o Kito entrou em contato comigo. 
Fiz o teste com eles, e cerca de um mês depois eles me convidaram pra fazer um show que estava agendado. Acho que dali as coisas fluíram naturalmente, eu sou aficionada por tudo que envolve horror e me senti muito em casa com os meninos. 
O Kito e eu temos um entrosamento legal na construção das linhas vocais, porque temos timbres e estilos bem diferentes e a gente consegue encaixar isso de um jeito legal.

Como está o planejamento de vocês para esse finalzinho de 2020? E o que podemos esperar em 2021?

Deborah Moraes: Estamos trabalhando em material para os próximos festivais online (Acesso Music e Horror Fest and Freak Show) e na gravação do álbum que conseguimos retomar. 
Para 2021 queremos lançar novas músicas, o álbum e quem sabe uns showzinhos, se o Coronavírus permitir.


Deborah, agradeço muito o tempo disponibilizado para nossa entrevista. Desejo sucesso na tua caminhada com o Final Disaster e deixo esse espaço para você deixar uma mensagem para os leitores.

Deborah Moraes: Em primeiro lugar muito obrigada ao O Subsolo pelo espaço. Convido a todos a seguirem o Final Disaster nas redes sociais e acompanhar nosso festival Horror Fest and Freak Show no dia 13/11. Vocês vão se surpreender!
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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.