Olá John Wayne primeiramente obrigado pela entrevista, gostaria de começar nossa entrevista voltando para o final de 2008 nos primórdios da banda. Como foram esses primeiros ensaios e a escolha do nome; a proposito esse nome já gerou alguma polêmica pois é associado ao palhaço assassino John Wayne Gacy?
John Wayne: Salve, Salve! Que isso, a gente que agradece pelo espaço. Na verdade quando a banda começou, eu ainda não fazia parte, era uma formação bem diferente. A ideia surgiu do Fábio (Fah), Júnior e Denis. Eles tinham outra banda, que era de um estilo completamente diferente do metal e essa banda acabou. Decidiram que queriam fazer um som pesado, sem frescura, bem inspirado no que estava rolando na época, Suicide Silence, As I Lay Dying, Killswitch Engage, Miss May I, Asking Alexandria, BMTH ali no seu início, ainda bem pesado. A banda não se chamava John Wayne no começo, se chamava “The First Hero Terrorist”, só que era muito grande, queríamos algo mais curto e impactante. O nome foi escolhido depois de um brainstorming com vários nomes. John Wayne Gacy era um serial killer e isso por si só já é um nome pesado que retrata agressividade do som da banda, porém nós sempre deixamos claro que nós somos contra todo e qualquer tipo de violência, então esse nome foi escolhido como forma de protesto a tudo que o cara fez.
O termo Metalcore é muito usual para definir a sonoridade da banda porém ao mesmo tempo o uso de um rotulo na música acaba por limitar a mesma. Como vocês definiriam a sonoridade da John Wayne?
John Wayne: Nós até gostamos desse rótulo de metalcore, mas quem conhece a banda sabe que temos sons bem pesados que flertam com o deathcore, mas hoje em dia, se fosse rotular, diria que somos metal/hardcore.
‘Tempestade’ é sem dúvida uma excelente estreia e apresentava a direção musical que a banda estava criando e tem musicas que são icônicas como ‘Aliança’, ‘Lagrimas’ e a minha favorita é a ‘Retrato da Nossa Miséria’, analisando esse trabalho hoje passado anos do seu lançamento , vocês ficaram felizes com o resultado final e como foi a recepção na época do lançamento?
John Wayne: Sim! “Tempestade” foi um álbum que temos muito orgulho de ter feito do jeito que foi feito. É pesado, é agressivo, a produção dele é animal, os timbres, etc. Não mudaríamos nada do que está ali. Fizemos o que tínhamos que fazer e o resultado foi surpreendente. Sold Out no show de lançamento no Carioca Club para um disco de estreia foi uma grande vitória e é lembrada até hoje.
Aliança ganhou uma parte dois, gostaria que comentassem como foram os convites para os participantes da composição dessa segunda parte e se a primeira prega a questão da união, o que essa segunda parte quer transmitir?
John Wayne: Essa sempre foi uma vontade da banda, de fazer uma parte dois e reunir outros vocalistas de outros estilos bem diferentes do nosso. Assim foi a primeira e assim é a segunda. Unir realmente as massas, só assim é possível fazer a cena crescer e ganhar mais expressão. Todos os estilos que estão dando certo no Brasil, Rap, Sertanejo, Funk, independentemente da qualidade musical, a galera se ajuda, se une, junta e faz som. Essa é a fórmula para tudo dar certo para todos. O famoso “juntos somos mais fortes”.
John Wayne: nós fizemos um processo seletivo aberto, onde qualquer pessoa poderia enviar um vídeo cantando uma das nossas músicas mais difíceis: “Mariana”. Recebemos quase 30 vídeos de vocalistas muito bons. Dentre esses, pegamos os 6 que mais surpreenderam e fizemos um ensaio com cada um, inclusive isso tudo foi transmitido ao vivo no nosso Facebook. Guilherme foi o que mais se adequou ao estilo da banda, casou melhor a voz, tanto para os sons existentes, quando para a nossa pretensão para os que virão.
John Wayne: sempre gostei muito de ler. Li a obra de Dante em 2009 se não me engano e me apaixonei, mas até então, não estava na banda e nunca pensei que isso poderia se tornar um disco. Em 2015, planejando um novo disco, surgiu a ideia na mesa de um bar com os caras, de fazermos 2 EPs ao invés de 1 disco completo. Disso veio o conceito de “Dois Lados”. No fim decidimos fazer um full álbum mesmo e deixar a parte 2 para o próximo CD. De repente veio a ideia de fazer uma parte inversa à outra, tipo, bem e mal, quente e frio, inferno e paraíso. Foi aí que lembrei da obra de Dante e batemos o martelo que seria assim. Recentemente, decidimos fazer uma trilogia, uma vez que a divina comédia é constituída por três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso, logo, o próximo disco que tem previsão de lançamento para o segundo trimestre desse ano vai ter esse tema.
John Wayne: Sim! Desde o início cantamos em português. Primeiro, porque ninguém é 100% fluente no inglês, segundo, porque no Brasil, poucas pessoas falam a língua inglesa, nesse caso, ficar traduzindo a letra de uma banda daqui do Brasil era uma coisa que não queríamos. A mensagem tinha que ser direta. Não descartamos algum dia cantar algo em inglês, mas isso não é nossa prioridade.
John Wayne: Nós já estamos completando 10 anos de carreira, isso para uma banda underground hoje em dia é um marco, quase que raridade durar tanto tempo pelas dificuldades mesmo que o cenário apresenta. Nós temos plena consciência que tem muita gente que se inspira no nosso trabalho, as mensagens chegam até nós e temos muito orgulho disso, carregamos essa responsabilidade com muito amor, sem estrelismo, sem ficar se achando. Sabemos de onde viemos e onde queremos chegar, mas com muita humildade e respeito sempre.
Ainda não tive a chance de assistir a John Wayne a o vivo então gostaria que descrevesse como é uma apresentação da banda , que sons não podem ficar de fora e como foi a sensação de tocar no palco do Rock in Rio.
John Wayne: A gente tem um show bem dinâmico, gostamos de tocar sons de todas as fases da banda, gostamos de ver a galera pulando, cantando, interagindo. O show é bem energético. Como toda banda, temos os clássicos que a galera mais gosta e que não dá pra não tocar, tipo Lágrimas, Aliança, Tempestade, Quatro Velas, Pesadelo Real.
O Rock In Rio é o máximo que uma banda de qualquer estilo sonha em alcançar. É o maior palco e vitrine do mundo. Qualquer pessoa de norte a sul do Brasil já ouviu falar, já foi ou no mínimo viu pela televisão. Qualquer banda no planeta quer tocar lá. E ficamos lisonjeados em termos sido convidados. É a maior realização da banda até hoje, um dia que não dá para esquecer. Somos muito gratos a todos os fãs. Sem eles isso não teria sido possível. Um dia mágico na carreira de qualquer artista.
Obrigado pela entrevista, gostariam de deixar um recado para os leitores do Subsolo ?
John Wayne: Muito obrigado pelo espaço aqui, de coração. Galera que acompanha a banda, tem disco novo sendo produzido, muito em breve vai ter coisa nova na área. Temos dois shows importantes em São Paulo, um será dia 22/02 no Sesc Belenzinho ao lado do Bayside Kings, uma grande conquista para nós e para a cena underground e o outro será no Carioca Club dia 24/03. Não percam, depois disso não faremos mais shows até o lançamento do álbum no segundo trimestre. Grande abraço a todos os leitores e fãs. Tamo junto!