A banda paulista Project 46 é sem dúvidas uma das maiores revelações do Metal brasileiro. Destacando-se cada vez mais no cenário, a banda de metalcore foi anunciada recentemente como a responsável pela abertura do show dos Thrashers do Megadeth em Fortaleza, no dia 13 de agosto, promovendo o recém-lançado álbum “Dystopia“. É mais um grande passo para banda que surgiu em 2008 e hoje é uma das principais do Brasil. Confira abaixo a entrevista concedida pelo baixista Rafael Yamada.
O SUBSOLO: Uma grande honra receber um dos maiores monstro do metal brasileiro contemporâneo aqui n’O SubSolo. Project 46 é hoje uma das bandas que está levantando a bandeira do metal nacional o mais alto aqui. Como é pra vocês terem saído tão rápido do meio de tantas bandas que estão lutando muito no underground para hoje estarem num nível de influência para essas outras bandas, que almejam chegar no patamar que vocês estão hoje?
PROJECT 46: Primeiramente obrigado pelo espaço e pela atenção. Não nos sentimos distantes das bandas do underground, pelo contrário, tocando nos shows nos aproximamos mais delas, sejam elas expectadores ou companheiras de palco, vejo que cada banda acaba influenciando a outra, mas o que acabou de certo modo diferenciando o Project46 é que a banda realmente faz parte de nossas vidas, respiramos a banda, não nos reunimos pra ensaiar apenas uma vez por semana com a maioria das bandas, pois nada vem sem trabalho e dedicação, principalmente o talento, que sem o trabalho muitas bandas vão acabar sem descobrir e colocar em pratica o enorme talento que muitas tem.
OSS: E quais são as influências de vocês que já tiveram a honra de conhecer nesses anos de estrada? Com certeza no Monsters of Rock e no Rock in Rio deve ter rolado algum encontro que mexesse com o lado “fã” de vocês.
P46: Procuramos crescer e aprender com cada experiência, seja ela boa ou ruim, ter uma banda faz você viver intensamente esses dois opostos, o que adoramos rs… Num dia você está em um buraco e no outro dia no palco do Rock In Rio, sabemos tirar o enorme prazer de tocar em ambos os casos, gostamos da estrada, em festivais grandes como Monsters of Rock, Rock In Rio, Maquinaria, acabamos por ter experiências intensas ao conhecer, conversar e interagir com integrantes do Korn, Slipknot, Slayer, Cavalera Conspiracy, Eddie Trunk, Lonn Friend da Rip Magazine de Los Angeles, são alguns exemplos. Isso nos faz crescer muito, ter uma visão mais ampla de todo cenário musical. Mas creio que o lado de fã foi tomado por uma admiração profissional.
OSS: Na letrística de vocês vemos uma temática bem crítica, soam como mensagens pro ouvinte acordar e se mexer. A letra de “Erro +55” é simplesmente sensacional e deveria ser ouvida -ou ao menos lida pelos não adeptos ao metal- por todos os brasileiros. A mudança das letras do inglês pro português foi por causa disso? Vocês não temeram pelo fato de poderem perder a chance de alçar vôos mais altos por causa do empecilho de não estarem falando no idioma universal?
P46: A mudança para o português foi devido a uma busca do que realmente somos, queremos passar a verdade em nossas músicas, não somos gringos, nossas experiências são dadas aqui no Brasil, dificuldades, anseios, experiências, todas elas de um brasileiro, temos orgulho e dizer que somos brasileiros, não queremos soar como banda gringa, cantamos sobre dificuldades vividas aqui, e ao contrário do que muitos acham, inclusive nós mesmos achávamos isso, o português não necessariamente limita uma aceitação internacional, pelo contrário, pode até trazer mais interesse, exemplo Rammstein, entre outros, até porque o maior polo de influência cultural, a Califórnia, hoje já possui metade dos jovens mexicanos, os quais muitos são adeptos do Metal. Existe um terreno a ser explorado e nós queremos explora-lo.
OSS: Montar uma banda de Metalcore tem alguns preconceitos ainda. Muitos se recusam a aceitar o estilo como uma vertente do metal. Como foi a ideia da banda de se arriscar nesse gênero que é bem contemporâneo? Sabiam que iriam enfrentar muitas críticas apenas por causa do gênero adotado?
P46: Você não pode deixar nada afetar sua criatividade , ela é muito sensível, a arte é um dos poucos lugares onde podemos ser o que quisermos, mesmo que isso o leve a público nenhum, o Metal é tão grande que possui inúmeros sub gêneros, e cada um escolhe o que mais lhe agrada, nunca tivemos tanta produção musical de qualidade ao meu ver, o que acho uma pena é um pré julgamento sem conhecimento ou por ignorância, sem ouvir com atenção ou porque seus amigos não gostam, a informação do meio metal é muito superficial, só comparar com o futebol pra perceber isso rs…. Não percebemos críticas em relação ao estilo, até porque ele não é tão fácil de ser identificado em nossas composições.
OSS: Já que tocamos no assunto de composições, como as da banda funcionam? Hoje temos grandes sucessos da banda estourando por aí, sempre vemos o nome da Project citado quando estamos falando de “revelações do metal nacional”, então, a base para isso é uma boa fórmula de composição. Qual é a de vocês?
P46: Ser verdadeiro seria uma boa fórmula, tocar o que te toca, se entregar para a música, ouvir muita música é saber o caminho que você quer seguir, e ter um comprometimento com toda a banda e trabalho, arranjar bem as musicas, gravar com um produtor que se identifique com a banda e possa somar, como Adair Daufembach fez com a gente. E principalmente letras sinceras que tenha algo a dizer.
OSS: E o nome da banda? A escolha de um bom nome sem dúvidas também é fundamental para começar uma grande trajetória. Qual é a história por trás desse “projeto 46” afinal? Por acaso é a 46ª banda de um dos membros (rs)? O álbum de 2014, “Que Seja Feita a Nossa Vontade” foi sem dúvidas um grande sucesso entre os fãs. Resolveram trazer um som ainda mais pesado e acertaram em cheio. A turnê também trouxe grandes momentos. Quais são os planos para 2016?
P46: O nome da banda veio do encontro entre o Vini e o Jean, respectivamente integrantes do Slipknot Cover, que possuem números para cada integrante da banda, por isso o nome Project46, já que um era o número 4 e o outro era o 6. 2016 promete ser um ano cheio, CD novo, mais clipes, turnês, muito trabalho, que é o que buscamos. Temos o plano de gravar um CD muito melhor que os anteriores, sempre rs…a ser lançado juntamente com o vídeo clipe. Estamos indo para os EUA dia 19 de janeiro para feira NAMM e dois shows, o primeiro no Whiskey a Go Go, em Los Angeles e segundo no Doll Hut em Anaheim, Califórnia também, além disso, queremos muito conseguir fazer uma turnê na europa ainda esse ano, com certeza cada vez mais shows.
OSS: Falando no futuro da banda, podemos lembrar do começo de tudo. Lá nos primeiros anos de banda, quais foram as maiores dificuldades que vocês encontraram?
P46: As primeiras dificuldades foram conquistar credibilidade do mercado e arrecadar recursos para realizar os projetos. Os primeiros shows foram bem sofridos, por que a gente exigia o mínimo de estrutura para realizar os shows e não éramos atendidos. Tivemos muita dificuldade também em juntar o dinheiro necessário para investir no nosso equipamento, foi tudo muito “suado”.
OSS: Chegaram a pensar em parar tudo e deixar esse “projeto” de lado? Tendo visto que vocês alcançaram um nível acima do underground, estando em grandes festivais e representando o metal brasileiro lá fora, qual a dica pra rapaziada que tá começando agora e que quer seguir o caminho de vocês? Algum erro cometido no começo serviu de lição à vocês e querem repassar o conselho à galera?
P46: Bom, a banda nunca pensou em desistir. Isso não é mais uma opção, já alcançamos um patamar no qual não podemos mais simplesmente desistir. Sempre que passamos por dificuldades individuais, nos ajudamos e continuamos. Um conselho, sejam críticos, extremamente críticos com a sua música. Busquem a excelência, pois somos humanos e sempre iremos errar e não podemos contar com o erro. Sobre um erro cometido, deixo o aviso de terem cuidado com a farra, as vezes a gente exagera nesse quesito rs.
OSS: Bom, gostaria de agradecer muito a atenção de vocês, que acima de músicos fantásticos são exemplos de humildade e parceria. Quero desejar muito sucesso à vocês e que cheguem além dos sonhos de vocês! Vocês merecem!
P46: Nós que agradecemos ao SubSolo, esperamos poder responder mais entrevista de vocês e sempre com boas notícias. Obrigado aos fãs que nos alavancam e torcem por nós!