A banda de Prog Metal de São José do Rio Preto/SP, nos contempla com um disco surreal. Mais um trabalho que ficará marcado na extensa carreira de Adair Daufembach, que além de produzir o disco, também gravou (tocando) as guitarras. Não estava presente durante as gravações e construção deste full lenght (o segundo da banda), porém imagino um ambiente tranquilo e muita calma, cirurgicamente lapidando cada detalhe em busca de uma sonoridade jamais explorada.
Geralmente nunca agradecemos nossos ouvidos de ouvirem, nossos olhos de enxergarem, nossas mãos de mexerem, nossas pernas de caminharem e nossa saúde mental. Basicamente lembramos de agradecer, quando perdemos, mas hoje vou iniciar a resenha desse disco diferente, quero agradecer meus ouvidos por ter a oportunidade de ouvir algo tão surreal. Esse disco do Maestrick não chega perto da perfeição e posso afirmar, que a perfeição tem que correr muito para chegar os pés dessa qualidade sonora que essa banda trouxe a nós.
Quando eu pego um disco desse, a primeira coisa é analisar como foi enviado e o cuidado que os responsáveis tiveram nessa parte. O material físico é em digipack de alta qualidade, encarte com cores vivas e com as letras bem destacadas, junto, vieram dois adesivos, uma carta de agradecimento e tudo isso, dentro de uma sacola personalizada do Maestrick. A responsável por esse envio é Suzy dos Santos, que trabalha na Som do Darma, assessoria oficial do Maestrick que tem como coordenador o grande Eliton Tomasi, da revista Valhalla.
O Maestrick prezou por cada segundo composto nesse disco, riffs de guitarras emocionantes, bateria muito bem estruturado, um trabalho magnifico de baixo que alternou entre lindos slaps e grooves potentes e um vocal, meus amigos, um vocal para lá de especial. Fabio Caldeira é uma vocalista extraordinário, um verdadeiro frontman e nesse registro o mesmo depositou todas as suas técnicas que viajam pelos agudos e graves, alcançando notas que muitos vocalistas sonham alcançar.
Quando eu vi que tinha uma música de quinze minutos, logo surgiu na minha mente que seria uma daquelas músicas saturadas que as bandas insistem em compor, “ah que saco ter que ouvir tudo isso“ pensei quando dei play justamente na canção “The Seed” e quando acabou eu fiquei naquele sentimento de quando perdemos algum ente querido, EU QUERIA MAIS, EU NECESSITAVA OUVIR NOVAMENTE ESSA MÚSICA, dito e feito, antes de terminar as outras músicas, pulei para “Transition” que tem um pouco menos, onze minutos de música encerra o disco. Por mais que não tenha me empolgado como a primeira citada, é outra grande obra.
Um dos plays que mais me chamou a atenção, foi “Far West” oitava música do disco, que é “Velho Oeste” traduzido ou melhor falando, o bom e velho “Faroeste”. Quem nunca assistiu os famosos filmes de “bang-bang”? Passei tardes de sábado’s com meu pai assistindo esses filmes e isso é uma das minhas melhores memórias de criança/adolescente. As riffadas de cavalgada, lembrando belas trilhas fazem que essa música seja a minha favorita de todo o disco.
Chegando um pouco mais ao final do disco, temos a excelente e intrigante “Hijos de la Tierra” que alterna entre letra em Inglês, Espanhol e uma frase em Português. E pasmem, a parte do refrão é muito empolgante com dizeres: Por amor vamos juntos / Hijos de la tierra, sol y el aire / Para siempre todos juntos, por amor. Ficando essa faixa como a que o refrão grudou imediatamente em minha cabeça e foi inevitável, a partir do terceiro play cantei junto, como se fosse uma composição minha, tamanho entusiasmo era em frente ao aparelho que tocava essa obra divina.
E quando citarem que o Maestrick soa como uma banda gringa, você apresenta a faixa “Penitência” que carrega em suas veias o melhor estilo brasileiro em uma música, tanto pela originalidade, quanto pela melodia e letra. A música carrega batidas abrasileiradas com pequenas passagens de cavaquinho, sem falar no coral feminino que lembra muito a música baiana. Porém a música também adiciona um solo exuberante de guitarra com um final matador e incessante.
Quero acima de tudo parabenizar a banda por todo o resultado. Todas as faixas sem exceção, poderiam facilmente compor a trilha sonora de filmes de diversos nichos. Já fiquei impressionado com a introdução que tem um minuto e pouquinho de duração, mas, no fim já estava ouvindo além e não tinha acabado, quando fui perceber a verdade era que os caras conseguiram a façanha de emendar a introdução na primeira música real do disco.
E como cuidar de cada detalhe faz um material ser diferenciado. Todas as cores escolhidas que compõem o disco físico, fazem toda a diferença. Parabenizo também a excelência da Som do Darma, nas pessoas de Eliton Tomasi e Suzy dos Santos, que junto dos CDs para resenha encaminham sempre junto um release imprenso, sendo a única assessoria a fazer este tipo de trabalho, vale ressaltar.
O Maestrick demonstra tanta elegância e exuberância, com toda a certeza construíram esse disco de terno e gravata, como maestros requintados. Longe de ser dono da razão, porém, julgo que a qualidade que a banda alcançou nesse disco é de total trabalho aos longos dos anos e nenhum músico chega ao ápice (sim, esse disco para mim até um futuro lançamento do Maestrick é o seu ápice) musical sem estudos e dedicação e como é bom ber uma banda que facilmente da um baile em bandas gringas.
Busquei achar problemas para criticar e olha, que ouvi mais de sete vezes em um período menor que vinte e quatro horas, menos de um dia, provavelmente ouvirei mais. E consegui achar um defeito, após horas e horas de audição. O defeito é que esse disco infelizmente termina, sim, esse é o único defeito.