Quando entramos neste segmento de resenhar e auxiliar a divulgação de bandas do nosso cenário musical, conhecido como underground, entre uma conversa e outra com amigos, passamos a conhecer diversas bandas de diferentes vertentes dentro do Rock e Metal, bandas estas que tem um trabalho sério, inovador e profissional,  e acima de tudo, maduro, com os pés no chão procurando alcançar um objetivo especifico. 




São mais de vinte anos na estrada, são quatro álbuns de estúdio e um álbum ao vivo, duas turnês europeias, quer mais? Os mineiros do Uganga fazem um Thrashcore com maestria e só pelos números apresentados, podemos citar como uma das bandas mais importantes do cenário nacional, mas a banda afirma que a única coisa que importa para eles é fazer o que gostam, fazer música.

Para o cenário é honroso ter uma banda com o potencial do Uganga fazendo boas músicas cantadas em nossa lingua de origem (exceto na faixa “Who Are The True?“), algo que as bandas vem abandonando com o tempo e investindo em letras em Inglês. Deixando claro que nunca critiquei alguma banda que fez letras em Inglês, mas para mim, me enche os olhos e ouvidos bandas que procuram fazer músicas com letras em português, é algo que toca intensamente o público presente em um show, ou até mesmo alguém que esteja ouvindo o seu trabalho, pois entender o sentido das letras é muito importante para uma sintonia mais intensa.
Após uma mistura brilhante entre o Thrash e o Hardcore, nasce Uganga, Thrashcore com explosão, letras em português, vozes em fúria, guitarras alinhadas, baixo groovado, bateria alternada entre cadência, harmônia e velocidade. Antes mesmo de ler o release da banda, para saber o que realmente tinha em mãos e ouvidos, logo na primeira faixa “Guerra”, senti um Hardcore dos anos 80’s, uma introdução oldschool, trazendo aos holofotes desde seus primeiros segundos a roupagem da banda que estava prestes a ouvir um álbum, diga-se de passagem, fantástico.






As músicas tem um desenvolvimento excelente, o vocal é forte, dando ênfase as críticas construídas em meio aos acordes elaborados pelos bons músicos deste grupo. O álbum é uma relíquia, até mesmo porque gosto da forma como cada instrumento se desenvolve de acordo com o que a música vai rolando, da vontade de ouvir mais e mais. É o tipo de álbum que você ouve e não se da conta de quantas vezes já ouviu, pois é um álbum rico de criatividade, transborda bons riffs e de maneira alguma enjoa ouvir, pelo contrário, cada vez da mais vontade de ouvir.


Mesmo com a mistura do Thrash com o Hardcore, foi inevitável em algumas faixas puxar mais para o lado do Thrash Metal, assim como por exemplo em “Moleque de Pedra” que caiu mais para o lado do Hardcore. Uma faixa que me chama muito a atenção é a “Modus Vivendi”, que foge um pouco do estilo pregado pela banda neste álbum, puxando um pouco para o lado do Hard Rock com guitarras lotadas de riffs e acordes, com o baixo mais reto e a bateria acompanhando o desenvolvimento do restante dos instrumentos, já o vocal do Manu Joker é sem explicação, impossível falar de Uganga e não ligar a característica criada pelo vocal deste excelente músico a banda.


Outra faixa fantástica é a que encerra o álbum: “Guerreiro” é a música “baladinha do Uganga”, a mais calma durante a execução do disco, com violão, voz e guitarra, puxando a bateria mais cadenciada e harmônica, até que então entra o baixo, que groove lindo, excelente trabalho de Raphael Franco.


Sobre a arte e o encarte, achei fantástico, foi uma sacada de mestre. Já a capa chama atenção pelas cores fortes, verde é uma cor muito viva, criado pelas mãos de Beto Andrade com direção de arte de Marco Henriques. O encarte dentro de um compartimento como se fosse um envelope, um livreto com todas as letras das músicas e outras informações, exatamente como deve ser, sem exageros.


Uganga é uma banda sensacional, fundamental para enriquecer ainda mais o nosso cenário musical, sendo que está banda merece muito respeito por todos os números apresentados no começo desta resenha, aliás, indico-os a procurar sobre os outros álbuns da banda, são além deste, mais três álbuns de estúdio e mais um ao vivo, vale a pena conferir e constatar em forma de audição a evolução constante de um fenômeno do Metal Nacional.





TRACKLIST
1- Guerra
2- O Campo
3- Veredas
4- Opressor
5- Moleque de Pedra
6- Casa
7- L.F.T.
8- Modus Vivendi
9- Nas Entranhas do Sol
10- Aos Pés da Grande Árvore
11- Noite
12- Who Are The True?
13- Guerreiro

FORMAÇÃO
Manu “Joker” – vocal
Christian Franco – guitarra
Thiago Soraggi – guitarra
Raphael “Ras” Franco – baixo e vocal
Marco Henriques – bateria e vocal
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.