Como os leitores mais assíduos d’O SubSolo já sabem, a coluna Talvez Desconhecido é uma porta de entrada para ligar o nosso público a bandas que por algum motivo não possuem um renome mundial, mas, na visão do redator (no caso de hoje, este que vos escreve) mereciam muito mais reconhecimento pelo seu trabalho, por “n” motivos.

Alerta de spoiler: Cereja no bolo para quem aprecia a cultura nórdica.


E é isso que vim lhes trazer hoje: um apanhado de razões para conhecer Master Boot Record, que já chama a atenção pelo nome. Para quem é, assim como eu, da área de tecnologia, sabe que se trata de uma área de unidades de armazenamento digital responsável por indicar a localização e inicialização de sistemas operacionais.

Tá, mas o que isso tem a ver com música?

É aí que entra a grande sacada da banda, que, lógico, a torna extremamente “nichada”. Mas eu asseguro: Quem não é “bitolado” em um gênero musical específico e gosta de conhecer novas coisas, vai apreciar deveras este trabalho.

O italiano Victor Love, único integrante desse projeto experimental que, na condição de uma espécie de Mr. Robot do Metal, usa e abusa de sintetizadores, distorções e todo tipo de artifício eletrônico em suas composições, as quais são todas instrumentais. Além de se comunicar em seu site e redes sociais, parcialmente por códigos de máquina como linguagem binária ou hexadecimal.

Diferentemente de outros artistas do gênero, o que me chama a atenção, e para mim é o grande diferencial é o peso que sua música mantém de forma natural. De todo modo, com um visível conhecimento em composição, arranjo e harmonia, Victor Love sabe o lugar de cada elemento de suas músicas, onde podemos ouvir progressões, arpejos e cadências extremamente imersivas. Verdadeiras obras para se ouvir de olhos fechados com os fones no volume máximo.

Além do nome da one-man-band fazer referência à tecnologia, seus álbuns e músicas seguem o mesmo padrão, sendo variados entre nomes de arquivos de configuração, comandos de sistemas, protocolos de conexão de rede entre outros.

O trabalho é  levado tão a sério, que em 4 anos do projeto, já possui 8 full lenghts, 4 EPs e 1 collab. Para quem ficou curioso, segue a sua discografia:

C​:​​FIXMBR (2016)

C​:​​EDIT CONFIG​.​SYS (2016)

C​:​​EDIT AUTOEXEC​.​BAT (2016)

C​:​​CHKDSK /F (2016)

C​:​​COPY *​.​* A: /V (2017)

486DX (2017)

INTERRUPT REQUEST (2017)

Direct Memory Access (2018)

Virus​.​DOS (2018)

Internet Protocol (2019)

Floppy Disk Overdrive (2020)

VirtuaVerse.OST (2020)

Se você chegou até esta parte do texto e ainda não desistiu da vontade de ouvir, vou lhe bonificar um uma característica extra de Master Boot Record: Como é possível ver na preview do vídeo que acompanha esta coluna, as artes dos encartes de seus álbuns são recheados de Trísceles, Valknuts, Vegvisirs e claro, runas fundidas a placas de circuito impresso, microprocessadores, disquetes e circuitos integrados. O que mostra o apreço pela simbologia e cultura nórdica e nos oferece um conceito e uma reflexão de que a antiguidade e modernidade podem caminhar em literal harmonia.

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Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.