As vezes sentimos muito por um ciclo tão incrível se encerrar, assim como foi do EP “Em Chamas” da banda de Hard Rock, Vox Ignea. Mas ao ouvir o novo single “Agora é A Minha Vez” que dá o pontapé inicial para que um novo ciclo se inicie, as expectativas são claramente as melhores possíveis.
Um dos pilares de toda esse trabalho da Vox Ignea é o guitarrista e compositor, Rodrigo Santos, nascido em São Paulo, escolheu o instrumento de seis cordas aos 15 anos de idade e desde então, nunca mais deixou de lado.
Conversamos com ele a respeito do novo single, próximos passos e algumas coisas relacionadas a Vox Ignea, pode ser conferido agora:
Este novo single marca o começo de um novo ciclo. Como você enxerga isto?
Rodrigo Santos: Sim, “Agora é a minha vez” marca o início de um novo ciclo para a Vox. O “Em Chamas” foi o nosso cartão de visitas, como o primeiro trabalho da banda, serviu para apresentar a Vox Ignea para o mundo e dar uma ideia do que a banda pode mostrar. Apesar de ser um EP com apenas cinco faixas, o “Em Chamas” expõe uma certa variedade entre as músicas. Há o quase Heavy Metal de “Erupção”, o Hard swingado de “Bêbada de Rum”, os riffs mais clássicos de “Infernal”, um Hard Rock mais pesado e moderno em “Jogo Rápido” e uma balada bem acessível que é “Imersa”. Nós propositalmente tentamos exibir várias facetas da banda no primeiro trabalho e, daqui para frente, vamos explorar com mais profundidade cada uma delas. Com “Agora é a minha vez” pretendemos explorar a faceta mais acessível da banda, sem perder a essência e a pegada Rock ‘n’ Roll, mas, também, com a possibilidade de atingir um público mais amplo e que normalmente não ouviria a banda em outra circunstância.
Daqui por diante, a Vox Ignea mudará alguma coisa, buscando algo mais comercial, ou investirá em um trabalho como o EP “Em Chamas”?
Rodrigo Santos: Musicalmente não mudaremos nada. Como eu disse antes, a Vox tem várias “caras”, nós somos uma banda versátil o suficiente para explorar várias sonoridades dentro desse estilo de Rock ‘n’ Roll que escolhemos seguir. “Agora é a minha vez” tem uma pegada mais acessível, mas essa música foi composta desde a época do “Em Chamas” antes até de algumas músicas que acabaram entrando no EP, ou seja, é do início da banda, mesmo só tendo sido lançada agora. Então, a mudança não está na sonoridade, mas acho que haverá uma mudança nítida em relação ao profissionalismo da banda, que a gente espera que consiga alçar patamares mais sérios daqui pra frente. Nosso som tem sido bem definido desde o início, nós fazemos Rock ‘n’ Roll! E o Rock ‘n’ Roll é bastante diverso, por isso nós pretendemos explorar bem essa diversidade. A ideia da banda é gravar e lançar um disco completo com pelo menos 10 músicas até o final de 2019 e esse trabalho deverá ser ainda mais diverso que o “Em Chamas”, com músicas mais pesadas e músicas mais diretas, mas também com canções que podem ter uma cara mais pop. Todas essas influências diferentes tem um fio condutor que é personalidade da banda, então, apesar de diferentes entre si todas as futuras composições terão a “cara” da Vox. Acho que é justamente essa ausência de previsibilidade no nosso som que torna a banda interessante, a gente não quer ficar monótono, nós queremos sempre surpreender o público com trabalhos novos que sejam interessantes para o ouvinte.
Notável uma cozinha mais solta e coesa. Com a nova formação, o próximo disco poderá buscar mais presença do baixo e bateria?
Rodrigo Santos: A nova formação, na verdade é a formação original, (Hahahaha). Nós ficamos um tempo tocando com bateristas diferentes desde a saída do André em outubro de 2017. Mas o André acabou voltando para a banda e a formação agora está bem estabilizada. Nós três, eu na guitarra, o Evandro no baixo e o André na bateria temos um ótimo entrosamento musical, só da gente se olhar no palco nós já sabemos pra onde a música vai e pra onde a gente precisa ir, (hahahaha). Com certeza, o próximo disco deve ter uma presença cada vez mais marcante da cozinha. Nós temos músicas novas que começaram com ideias do Evandro e que têm o baixo como instrumento condutor e a bateria do André é sempre pesada e muito marcante. Acho que faz parte da nossa evolução musical essa percepção de que as bases estão mais soltas e coesas, então, com certeza os próximos trabalhos devem ter essa presença maior do baixo e da bateria.
E você como guitarrista, o que uma cozinha bem feita na música facilita sua vida de que maneira na hora de criar?
Rodrigo Santos: O processo de composição da Vox começa comigo compondo os riffs e a estrutura básica de cada música, depois a Raquel cria a melodia vocal e as letras, depois entram o baixo e a bateria para refinar o trabalho e dar a cara final para a música. Mesmo seguindo essa ordem da guitarra chegando primeiro e depois os outros instrumentos sendo incluídos para dar a forma final da música, a qualidade da nossa “cozinha” faz toda a diferença! As vezes a ideia inicial da música acaba sendo alterada para dar mais destaque a um arranjo de baixo e de bateria que acaba surgindo ao longo do processo de lapidação de cada faixa. Isso aconteceu, por exemplo em “Jogo Rápido” do nosso EP “Em Chamas”, em que a base de guitarra foi alterada para seguir uma frase que o baixo faz em um determinado momento da música. Na própria “Agora é a minha vez”, o arranjo do refrão mudou desde a ideia inicial, para seguir a linha de baixo que, para mim, soa com uma forte influência do Geddy Lee do Rush. Quando o Evandro criou essa linha, o André seguiu fazendo aquela condução clássica no ride da bateria (como o Neil Peart faz em “Spirt Of Radio”, por exemplo) e a partir disso eu mudei também o arranjo da guitarra. A cozinha incrível que a Vox tem possibilita que eu tenha total liberdade na hora de criar os riffs, porque eu sei que eles vão surgir com um arranjo de base que, além de complementar minha ideia inicial, vai levar essa ideia a um patamar ainda mais refinado e dar a melhor qualidade que a gente pode oferecer para cada composição.
A Vox Ignea já tem músicas novas além da “Agora é a Minha Vez”? Qual a mensagem que tentaram passar com essa nova música?
Rodrigo Santos: Sim! Nós temos várias músicas novas além de “Agora é a minha vez”. Graças às forças do universo nessa banda nós somos muito criativos! (Hahahaha). A gente tem cerca de trinta músicas já iniciadas e pelo menos nove dessas já praticamente finalizadas. Para quem já nos viu ao vivo nós temos tocado algumas dessas novas composições, como “Covil”, “Ela Vem”, “Diversão” e “Ego de Rei” e como eu disse na primeira resposta, essas músicas são bem diversas entre si, apesar de manterem uma certa unidade sonora. “Covil”, por exemplo, é uma música muito influenciada por Black Sabbath, com um riff bem pesado que conduz a maior parte dessa faixa, mas há uma sessão no meio dela que é completamente louca e psicodélica. “Diversão”, por outro lado, é uma música com uma energia incrível, bem pra cima, com uma certa influência de AC/DC e com uma letra bem rocker. Já “Ego de Rei” tem um instrumental direto e acessível e a letra fala sobre dar a volta por cima e se sobressair em um relacionamento em que uma das partes é um ególatra, tudo na perspectiva feminina da Raquel. Nesse sentido, eu acho que a mensagem que nós tentamos passar é uma mensagem de empoderamento feminino, afinal as letras da banda são escritas pela nossa vocalista. Um empoderamento por meio da força que o Rock sempre teve e que precisa voltar a ter e que pode servir como uma força libertadora do comportamento. Mesmo quando os temas são mais ligados à festa, diversão ou bebedeira, que são temas comuns no Rock ‘n’ Roll mais clássico, o fato de serem escritas na perspectiva feminina traz uma força e uma visão diferente para a Vox. Por exemplo, “Bêbada de rum” aborda de certa forma o fim de um relacionamento amoroso, mas também trata da independência e da autonomia da mulher que pode escolher se embebedar e se virar sozinha se ela quiser. Outro exemplo está em “jogo rápido”, em que a letra diz “te conduz e te come e te usa a fim de um jogo rápido sem se magoar”, essa frase sendo dita da perspectiva de uma mulher tem uma força diferente, é de certa forma um reflexo da libertação sexual pela qual as mulheres ainda hoje são obrigadas a lutar. Pra mim, as mensagens da banda têm esse sentido, aliar temas clássicos do mundo do Rock ‘n’ Roll, com a força que o Rock tem, junto com questões humanas do quotidiano, sob uma perspectiva feminina.