Stoneria: “O que tem de banda que copia Charlie Brown Junior e Los Hermanos no Brasil é de dar dó”

As influências. Até que ponto uma influência toma conta da sonoridade de uma banda? Seria falta de criatividade soar como uma banda de fora ou simplesmente seguir uma tendência?

Sobre este assunto conversamos com Jonas (vocal) e Pedro (guitarra) ambos músicos do STONERIA, que sem papas na língua nos falaram sua opinião. Confira agora mesmo:
Uma coisa que chama atenção em nossa cena, mas de forma negativa é o número de bandas autorais que copiam as gringas. Pois se sai algo lá fora diferente, é quase inevitável, mas muitos grupos daqui copiam, o que vocês pensam a respeito?
O mercado lá fora é muito mais forte e maior, portanto eles sempre vão acabar ditando mais novidades que nós no rock. A cópia não se restringe as bandas gringas, ocorre o mesmo aqui. O que tem de banda que copia Charlie Brown Junior e Los Hermanos é de dar dó. Isso começa no underground, quando você pergunta para um colega de palco “mas como é o som da sua banda?” E ele responde “ah, é tipo Foo Fighters”. Talvez a causa disso seja a falta de buscar as raízes musicais e estudo. A consequência da cópia no Brasil é que raramente vamos cruzar fronteiras entre países (já temos a barreira da língua), e com o tempo os ouvintes vão escutar mais Muse ou Queens of The Stone Age do que as cópias. Josh Homme deixa nítida a influência pelas guitarras e musicalidade do ZZ Top, mas as bandas no Brasil não buscam escutar ZZ Top preferem copiar Queens of The Stone Age. Além disso tem muito artista fazendo cover e quase não existe desenvolvimento de trabalho autoral.  Achamos que devido ao público não ter educação musical nas escolas, preferem escutar as cópias. A culpa disso é a falta de cultura dos artistas que aceitam serem cópias ou covers e do público, que ainda pagam para escutar o mesmo.
Tendo uma cena solida como a do Brasil, com grandes nomes que serviram de influência no Rock pesado mundial. Qual o sentimento de ver as bandas ainda soarem como as de fora?
É um sentimento de desperdício de talento. Todos nós no começo da trajetória musical, procuramos uma direção e invariavelmente, se baseia numa ou noutra banda. O problema ao nosso ver é que o pessoal não tenta ir além, estaciona naquele som e não busca algo a mais. Muitas vezes é bom buscar influência fora do meio comum. Claro que é difícil soar totalmente original, mas devemos no mínimo, ser autênticos. Tem muita gente no país, com vontade, mas que falta sair dessa bolha.
Muitos grupos surgem a todo instante, e atualmente uma onda “moderna” tem chegado como uma enxurrada, onde os estilos se misturam e perdem sua identidade. Gostaria que vocês comentassem a respeito.
É necessário ir além, buscar influência fora do meio comum, mas tem que tomar cuidado para não perder a identidade. É essencial ter em mente o caminho que a gente quer seguir, e incorporar novos elementos ao trabalho. Não é difícil ouvir uma banda colocar um monte de coisa na música, e isso acaba soando um desespero em mostrar tudo o que sabe e o que houve, mas acaba não chegando em lugar algum. O ponto mais importante, aquilo que não pode deixar de lado, é o foco no som que a gente busca, ter claro que, apesar de tudo o que ouvimos e nos influenciamos, somos uma banda de rock!
Seria falta de criatividade soar como uma banda de fora? Ou é muito difícil criar sua própria identidade?
Não é falta de criatividade soar como uma banda de fora. A identidade surge através de milhares de influencias, o que dá nascimento ao artista. Da para falar que Ozzy é influenciado por Beatles? Provavelmente não, pois ele pegou a influência e misturou com tudo que gosta e claro, não copiou. Cachorro Grande é um bom exemplo. Os caras declaram que são influenciados por Beatles, The Who e é nítida a influência, mas é possível enxergar que eles não querem ser como uma cópia, pois existe uma identidade própria. Pelos menos eles soam como as bandas clássicas e não como Oasis ou Supergrass. Se é para soar como uma banda faça um favor: escute os clássicos.
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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.