Dia 18 de janeiro de 2014. Nessa data, Santa Catarina teve a honra de receber Blaze Bayley, ex-vocalista do Iron Maiden, tendo a cidade de Laguna o privilégio de ter um cara com uma bagagem tão grande no Metal como sua primeira atração internacional da história. O III Laguna Metal Fest, realizado naquele dia, além de receber este monstro, recebeu os guerreiros do Korzus, que fizeram um show sensacional, estremecendo a estrutura do antigo Summer Lounge, onde fora realizado o evento.
Em termos de shows, não teve do que reclamar. As outras sete bandas eram do estado, e não deixaram por menos, com grandes performances. Bandas como Anarchaos (tributo à Sepultura) e Abeastnence eram da casa, e fizeram shows de quebrar tudo. No entanto, dois anos se passaram e a pergunta é: o que Laguna tem para oferecer hoje em termos de metal?
No último ano, o lendário Agosto Negro deixou de ser realizado, e o Metal Fest teve sua quarta edição bastante limitada, contendo apenas bandas de SCo que por um lado foi muito positivo, pois o estado conta com bandas excelentes, como as que fizeram parte do cast do evento realizado em novembro. Mas, e falando em espaço? O mítico pub Pirate Cove, do português Manny, descansa nas memórias saudosistas dos headbaguers e rockers da região, pois teve suas portas fechadas no fim de 2014. No ano seguinte, Carlos Mansur tentou dar à cidade uma nova casa de metal e rock ‘n roll, mas o Valhalla não aguentou um ano de existência, mesmo dando ao público um ambiente fantástico e tentando trazer sempre atrações interessantes, como os dois Valhalla Fest e o Valhalloween, além do Metal Fest, fazendo a saideira da casa.
Mas mesmo com a falta de público fazendo as casas da cidade fecharem as portas, o sonho de formar uma banda segue acesso na cabeça de muitos músicos de Laguna. Muitas bandas novas surgiram nessa década, e podemos falar delas sem medo, pois todas executam músicas de alta qualidade e o melhor: cada uma é de um gênero.
RED WINE
Os dinossauros do rock ‘n’ roll e heavy metal lagunense são os que mais merecem abrir essa lista. Desde 2011 agitando os eventos da região, a banda executa grandes clássicos do metal, como Black Sabbath e Iron Maiden, entre outros hinos que fazem a galera toda cantar junto. O grupo, formado pelos veteranos de guerra Léo Bittencourt nos vocais, Will Ramos na guitarra, Tchaka no baixo e Alexandre Macuco na batera, esteve no último Agosto Negro (2014) e Metal Fest (2015) da cidade, e como sempre, fizeram grandes shows.

ALKANZA

Subindo um degrau na escada do metal, saímos do metal clássico e chegamos ao agressivo Thrash Metal da Alkanza. Iniciada em 2012 por Thiago Bonazza como seu projeto solo, a banda logo tomou maiores proporções e hoje já é uma das mais respeitadas no cenário Thrash do estado, tendo lançado seu primeiro álbum no ano passado, e vêm excursionando estado à fora o incrível disco “Colonizado Pelo Sistema“, que é um baita recado a todos os brasileiros. As letras de Thiago, combinadas com o instrumental pesado, são verdadeiras porradas na cara. Com Bonazza no vocal e contra-baixo, a banda também conta com André Guterro e Douglas Floriano nas guitarras e Ramon Scheper na bateria.

INVOQUE

Pegando a brecha de Ramon Scheper, podemos falar da outra banda dele. O baterista, apesar de ser de Capivari de Baixo, está atualmente nessas duas bandas de Laguna. Formada em 2015, a Invoque tem poucos shows no currículo, mas por onde passou deixou seu recado em alto e bom tom: viemos para fazer Groove Metal. Mesclando autorais com pancadas do Pantera e Lamb of God, a banda tem despertado atenção dos headbanguers da região e promete muito para 2016, com um possível disco vindo por aí. Fazendo companhia a Scheper, temos Vinicius Saints (este mesmo que vos fala) completando a cozinha com seu baixo, Marcel Fernandes na guitarra e Erik Quinsler no vocal.

DIEMORDINATE

Ainda na escada do metal, temos uma banda de Metal Progressivo por aqui. Apesar de se definirem apenas como “Metal”, os riffs sensacionais, linhas de guitarra extremamente bem trabalhadas e vocais poderosos, a Diemordinate é claramente uma das que mais técnicas que temos, se destacando no estado. É um som limpo, que soa perfeitamente bem, tanto no EP “Fight for Freedom” de 2013, quanto ao vivo. Com um álbum para sair neste ano, a banda não sobe ao palco desde setembro do ano passado, focando nas gravações em estúdio. Mantendo a mesma formação desde o início em 2011, o grupo tem Egvar Hermann à frente com sua guitarra e voz, acompanhado de Renato Campos na outra guitarra, Victor Cezar Fagundes na bateria e Renato Lopes no baixo. Lopes por sinal também toca na…

HELLIO COSTA

Saímos do Metal, mas não perdendo peso. Apostando no Hard Core clássico, o quinteto também esteve presente no último Metal Fest e fez a casa tremer. Por sinal, a banda, assim como a Red Wine e os florianopolitanos da Red Razor tocaram tanto na abertura do Valhalla, em abril, quanto no fechamento. Sinal de que a banda, que já tem uma vasta experiência individual, anda nos caminhos certos e que mesmo com pouco tempo carregando esta bandeira da Hellio Costa, sabem por onde ir e a hora certa de dar a paulada. Aqui Renato Lopes assume uma das guitarras da banda, junto com Renan Cruz. Fernando Zóioca comanda a bateria, com Jadson Falchetti no baixo e Frank Rodrigues nos vocais.

Essas bandas são as que estão na ativa por agora. Fora elas, muitas outras já surgiram e sumiram em Laguna, como as que tocaram no III Metal Fest, mas a pergunta que fica é: com tantas bandas boas por aqui, teremos que buscar refúgio em outras cidades? E se abrir um novo lar para música pesada aqui, vai vingar como o Pirate resistiu por anos? A torcida é para que sim, que dê certo, que haja uma boa administração e que principalmente, haja interesse do público em comparecer aos eventos, em apoiar as bandas daqui acima de tudo, e prestigiar a cidade que já recebeu grandes bandas nacionais, Blaze Bayley, mas que também não fica devendo em nada em relação ao dever de casa. Laguna merece muito ter uma nova casa dedicada ao rock ‘n roll e ao metal, e estamos contando os dias para que surja um novo templo para nós voltarmos a aproveitar noites de diversão regadas a muita música massa, pessoas fodas e bebida boa e gelada.
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.