Sem dúvidas, dia 04 de agosto será uma data a se recordar para muitos. O Ventuno Pub abrigou três nomes que merecem muito respeito e admiração pelo som que apresentam e pela camisa que vestem, e junto a eles, um público aficionado e engajado em aproveitar cada instante que CPM 22, Dead Fish e Ponto Nulo no Céu poderiam oferecer nos palcos dessa ótima casa de shows de Urussanga.




Tive a sorte de chegar no exato momento em que a Ponto Nulo subiu ao palco para deixar ressoar seus primeiros e densos acordes. Apesar de serem de nossa terra e já terem tocado em minha cidade e arredores algumas vezes, essa foi a primeira apresentação da banda que pude prestigiar e posso afirmar que é uma experiência e tanto. A Ponto Nulo transmite uma grande energia com suas músicas, que são pesadas e surpreendentes, principalmente pela rítmica vocal Diijy, que consegue conectar as mensagens da banda com o público através de sua voz e postura em palco. O ponto interessante foi que a PNNC teve o palco superior só para si, então todos aqueles que queriam realmente aproveitar e apreciar o show puderam chegar e ficar próximos ao palco, então foi uma apresentação bastante intimista, e acredito que seja agradável para o grupo poder ficar próximo a um público realmente conectado com sua música.


Enquanto músicas pesadas com mensagens férteis eram propagadas na parte de cima da casa, o palco principal era preparado para a dobradinha hardcore que estava por vir. Logo ao fim do ótimo show da Ponto Nulo, o público se dirigiu para o espaço onde a Dead Fish iria se apresentar. Para mim, tudo que estaria por vir seria uma surpresa, tendo em vista que não tenho tanto conhecimento da banda. E se a surpresa foi positiva? Com certeza, sim. A musicalidade da banda é puramente energética e o público respondeu a altura da entrega da banda. Poucos mediram consequências ao abrirem a primeira roda, logo no início do show, e dessa até o última ao fim do show do CPM 22 foram incontáveis e incontroláveis momentos de “caos organizado” na plateia. 

A banda tem conhecimento do instrumento que carrega consigo e faz uso inteligente de sua música para poder se comunicar com seu público. A Dead Fish nunca teve medo ou vergonha se sua posição ideológica e por isso merecem respeito, ainda mais com um público que não era totalmente integrado por esquerdistas, mas ao que notei, era um público inteligente e que absorveu de maneira inteligente o manifesto de Rodrigo Lima, a voz da banda. Trajando um short do St. Pauli, clube alemão conhecido por abrigar e brigar pela contracultura, o vocalista foi o reflexo de sua música, estando sempre agitado e agitando em palco. Ainda teve grande atitude ao puxar Daniel Russo, ícone da A Hora Hard, para o palco. Russo é grande fã do Dead Fish e com a banda pode compartilhar o microfone em “912 Passos”, e o cara foi um pedacinho do público no palco, o que tornou aquele momento um dos mais especiais da noite.

Encerrado o insano show da banda capixaba, era hora de aguardar pelo segundo boss da noite, pois convenhamos, CPM 22 e Dead Fish são duas bandas igualmente qualificadas para dividir o título de atração principal. Ponto Nulo No Céu foi considerada banda de abertura, mas é de uma entrega e competência em palco incrível e tenho certeza que ainda há de figurar como headliner em casts daqui e Brasil a fora em breve.

Após longos momentos de espera -oportunos para recuperar o fôlego do show da Dead Fish, era vez da banda paulista tomar o palco do Ventuno. O CPM 22 veio sem misericórdia e trouxe logo de cara músicas pra abrir as primeiras rodas e puxar o público pra junto de si. Foi um show e tanto, com bastante interação com a plateia, inclusive com inúmeros elogios de Fernando Badaui a casa em que estava, afirmando que adorava estar ali e que todo show do CPM em Urussanga era inesquecível. No entanto, o vocalista frisava que estava debilitado por conta de uma forte gripe, mas que estava na luta para entregar o melhor possível, e uma coisa posso garantir, Badaui, você fez o que pode e fez muito bem ainda. Junto com todo o time do CPM 22, a apresentação foi estonteante.


CPM 22 é uma banda de hardcore que consegue contrastar a velocidade típica para rodas com melodias propícias para deixar o público cantar em coro. Com isso quero dizer que músicas como “Tarde de Outubro”, “Dias Atrás”, “Regina Let’s Go” e “Um Minuto Para o Fim do Mundo” foram entoadas com emoção pelos presentes, e era nítido ver a ligação do público com essas músicas. Foi um show onde pude ver muitos sorrisos e olhares vidrados no palco, e isso me fez notar a grandeza dessa banda na vida de muitos. 

O show foi longo, porém, não cansativo. Cada instante foi aproveitado e a banda se divertiu em palco tal como o público. Sempre agradecendo aos presentes, a banda fez um show que me fez tornar ainda mais fã do grupo, aliás, foi uma noite em que saí admirando ainda mais cada uma das bandas envolvidas. Então sim, sem a menor sombra de dúvidas valeu a pena toda a espera por essa noite no Ventuno, casa que mais uma vez proporcionou-me momentos inesquecíveis e que me faz ansiar por um retorno o quanto antes, assim como todas as bandas, que já espero poder apreciá-las no mais breve possível.
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.