SHOW ANTOLÓGICO DA BANDA FEZ O PÚBLICO CATARINENSE SENTIR O PODER 
DE UMA LENDA VIVA DO METAL.

Florianópolis tem recebido recentemente grandes bandas. A capital catarinense já recebeu Motörhead (2011), Guns N’ Roses, Sepultura e Deep Purple (2014), Kiss e Angra(2015), e esse ano foi a vez de receber uma das maiores potências do Metal mundial: o Soulfly. Com quase vinte anos de estrada, a banda estadunidense, capitaneada pela lenda brasileira Max Cavalera, traz um som destruidor, principalmente no álbum da turnê atual: “Archangel“, lançado no ano passado. Com influências do Thrash clássico ao Death Metal Progressivo, o disco é uma porrada em cheio do seu ouvido, e o show do disco é ainda mais avassalador, fazendo o quarteto parecer um tanque de guerra passando por cima de você.

Soulfly tocou em território catarinense pela primeira vez nesta quarta-feira (06/04)
Diziam que o Max não tava dando conta do recado. Pois bem, ele está, e muito. O cara continua um monstro em cima do palco, tem domínio total do público e transmite a sensação de que realmente está fazendo o que ama: tocar Metal. O cara mandou quase duas horas de Metal puro, sem dar descanso pro público que entupiu o John Bull da capital catarinense. Os mosh pits não paravam em nenhuma música, e era impossível não banguear sua cabeça ao som alucinante do Soulfly.

Três faixas do disco “Archangel” abriram o show, após a introdução do grande Pisca, responsável pela produção do evento, à Max. “We Sold Our Souls To Metal” é simplesmente devastadora, com um refrão tão forte que com certeza tá grudado na cabeça de todos presentes até agora. A faixa-título veio em seguida, mostrando o lado mais Prog Death da banda, sendo uma de minhas faixas prediletas da banda. “Ishmitar Rising” fechou o começo referente ao disco, que contou com outras faixas sendo executadas mais pra frente.

O set list, por sinal, foi uma grande surpresa para todos. A banda soube mesclar sucessos atuais e anteriores com hinos do Sepultura. Além disso, Max puxou em diversos momentos trechos de clássicos do Metal Mundial, como na mescla de “Master of Savagery“, do disco “Savages” de 2013, com o hit supremo “Master of Puppets” do Metallica. Ou nas puxadas para “Walk” do Pantera, “Iron Man” do Black Sabbath e “Orgasmatron” do Motörhead, sendo também coverizada pelo Sepultura no clássico “Arise“, de 1991.

É óbvio que a grande maioria se envolvia mais nos momentos Sepultura da noite. Max valoriza bastante seu passado, e por isso tocou grandes clássicos que fizeram a casa cair, como “Refuse/Resist“, “Arise“, “Roots Bloody Roots“, “Attitude“, “Dead Embryonic Cells” e até “Troops of Doom“. Já que foram todas vendidas ao Metal, conforme cantaram com força na primeira música da noite, as almas presentes no show não conseguiram ficar paradas nessas horas.

Era nítida a satisfação do público com a banda. Uma atmosfera sensacional tomava conta do John Bull, e todos estavam realmente se divertindo. Os quatro membros do Soulfly estavam à vontade no palco, e tinham um fiel público que respondia com intensidade à todas as interações da banda. Até nos momentos mais exóticos de Max, como no momento que fez os metalheads presentes cantarem em coro o refrão da música de Jorge Ben Jor, “Umbabarauma (Homem-Gol)“. 

Cavalera segue um frontman de respeito, com carisma e uma presença de palco única, assim como o baixista Mike Leon (foto ao lado), também dono dos graves dos thrashers americanos Havok, que tem um backing vocal impressionante e uma postura matadora em palco. Na guitarra Marc Rizzo dispensa comentários. O cara é o braço direito de Max, atuando também no Cavalera Conspiracy, e é dono de uma técnica incrível nas sete cordas. Na bateria eu esperava encontrar o filho do boss, Zyon Cavalera, mas ainda não obtive informações da razão de ter sido substituído para esse show.
(P.S.: Zyon tinha compromissos com sua outra banda nos EUA e por isso não veio ao Brasil)

O único ponto fraco da noite foi… o final. Não, não foi ruim, mas, triste, por acabar. Após a incrível execução de “Ace of Spades“, um tributo à Lemmy Killmister que vem sendo prestado desde o início da tour no ano passado, que fez a casa quase vir ao chão, a banda tocou a tradicional saideira dela: “Jumpdafuckup“, que fez exatamente como o nome diz. Depois dessa, Max se despediu do palco e deixou o trio mandar um trecho da clássica “The Trooper” do Iron Maiden, só pra pirar ainda mais o público catarinense, que aguentaria tranquilo mais uma hora de show.

Foi épico, marcante e memorável. Em outras palavras: foi foda. Max deu uma verdadeira aula de Metal ao lado de seus companheiros de palco. O Soulfly mostrou pra Floripa o que é um show de música pesada, e também mostrou que não se deve subestimar uma lenda. Como diz em “Attitude”, do clássico “Roots” que completou vinte anos em fevereiro:

É melhor você mostrar um pouco de respeito. Atitude e respeito!


E todos os agradecimentos do mundo à Hoffman O’brian, em especial à Damaris Hoffman, que, por mais que O SubSolo seja ainda uma mídia pequena, acredita em nosso potencial.
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.