Conversar com um cara com um currículo desses, bicho? Não é pra qualquer um! 

Agraciados com a oportunidade de trocar uma ideia com essa lenda nacional, às vésperas do espetáculo inaugural da tour no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, O SubSolo bateu um papo com ninguém mais ninguém menos que Ciro Pessoa, vocal da Flying Chair e ex-Titãs.

Na entrevista, Ciro nos contou um pouco de sua carreira, qual a expectativa para o show da Flying Chair no próximo dia 07/12, onde dividirá palco com Branco Mello e sobre como é ainda ser um dos responsáveis por trazer um “novo ânimo ao Rock nacional”. 

Vamos conferir?

Ciro, é um prazer conversar com um cara com a sua história, que participou de uma das maiores bandas de Rock do nosso país. Como foi ser um membro do Titãs?
Ciro: Foram dois anos intensos de muita camaradagem e criatividade. Aprendi muito do que sei hoje com os Titãs. Temos o mesmo DNA poético/musical porque estudamos no mesmo colégio, o Equipe. E compusemos juntos dezenas de músicas.


“Sonífera Ilha” é uma das músicas mais emblemáticas do Rock nacional e teve sua colaboração na composição. Como surgiu a ideia da música? E como foi compô-la e vê-la estourar em todas as rádios da época e observar sua relevância ainda na atualidade?
Ciro: Compus a melodia e parte da letra de Sonífera Ilha. Ela foi inspirada numa música de Roberto/Erasmo Carlos chamada “Quero que Vá Tudo Pro o Inferno”. Sempre gostei muito desta canção. O sucesso foi uma grande surpresa para todos nós. Acho que até hoje não entendemos direito o que aconteceu. E sim, de fato é uma música relevante que já foi gravada cerca de 20 vezes por artistas dos mais diversos estilos. É um mistério. 

Você irá reviver a companhia de Branco Mello no palco, parceiro de Titãs, no próximo dia 07 de dezembro, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em SP. Qual o sentimento desse reencontro?
Ciro: Sempre fui muito amigo do Branco e a maioria das músicas que compus na época dos Titãs teve o Branco como parceiro. Ainda compusemos doze músicas de um CD infantil, “Eu e Meu Guarda-Chuva”, que saiu em disco, teatro, livro e cinema. Gosto muito dele tanto como pessoa quanto artista. É um irmão.
60 anos de idade e ainda és responsável por trazer um “novo ânimo ao Rock nacional”. Qual o sentimento de estar nos palcos ainda? Pra você, isso não chega a ser um paradoxo?
Ciro: Tenho como propósito de vida não olhar para trás. E a Flying Chair é resultado desta obsessão. Somos uma banda nova, com ideias originais e muita cumplicidade/identidade estética. A vida começa aos 60.  

Você é uma pessoa que viveu o Rock dos anos 80’s e 90’s, não é mesmo? Como vê o espaço do Rock nos dias atuais?
Ciro: Aqui sim temos um paradoxo: nos últimos cinco meses, milhões de pessoas foram ver os shows de Paul McCartney, The Who, U2, afora as atrações do Rock in Rio. No Brasil, contudo, as bandas novas não têm espaço. Vivemos uma febre da “cultura de inclusão” e isto tem a ver com a política cultural implementada por governantes.

Continuando no mesmo tema, como vê o mercado musical sendo invadido por músicas de qualidade duvidosa? Acredita que teremos uma reviravolta e o Rock retomará um espaço maior entre ouvintes?
Ciro: É o reflexo da falta de investimento em educação de qualidade. Nossa cultura de uma maneira geral está muito doente e tem a ver com educação. Não sei se o Rock de uma maneira geral retomará o seu espaço. A Flying Chair está querendo este espaço de volta e vai conseguir retomá-lo.

Vamos falar um pouco da Flying Chair que acabou de lançar um disco, em agosto. Como surgiu este projeto?
Ciro: Nasceu de um retiro de 40 dias que fiz na Mantiqueira, numa localidade chamada Rio Acima, perto de Itamonte, Minas Gerais. Estava sem compor há algum tempo e de repente fui possuído por um fluxo violento. De lá saíram oito das doze canções que estão no disco. Quando estava prestes a voltar para SP entrei em contato com o Moko (Claudio Costa) e o Chico Marques, os dois guitarristas da banda 8080 e os convidei para fundarmos uma banda. Um mês depois chegaram o Pedro Leo, baterista, e o Diego Basanelli, baixista. No primeiro ensaio sacamos que a banda tinha um potencial gigantesco. E estamos juntos há mais de um ano.   

Algo genial desse novo disco é que ele tem versões de “Sonifera Ilha” e “Inundação de Amor”, do Titãs e Ira!, respectivamente. Como surgiu a ideia de fazer essas versões e qual foi a ideia principal de incorporá-las ao disco?
Ciro: Estas músicas que compus na Mantiqueira tem tudo a ver com Sonífera e Inundação. São Pop-Rocks com refrões vigorosos e altamente atuais. É a cara da Flying Chair.

Se você fosse recomendar a Flying Chair para um novo ouvinte, como você explicaria a proposta da banda?
Ciro: Somos influenciados pela chamada Old School – Beatles, Rolling Stones, Who e outras – e somos Pop. Muito Pop Rock, mas com elegância e senso estético.  

Olha, sem palavras pela oportunidade de entrevistar um cara que é um ícone do nosso cenário musical, desejamos vida longa à sua carreira e que traga inúmeras canções novas para nós. Sucesso na Flying Chair! Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores d’O SubSolo?
Ciro: Obrigado pelo espaço! Esperamos vocês pro show do MIS, no dia 7! Vai ser muito legal conhecer todos os leitores do Subsolo! Abraços!


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Flying Chair no MIS
Data: 07 de dezembro de 2017 (quinta-feira)
Horário: 20h
Local: MUSEU DA IMAGEM E DO SOM – Auditório MIS
Endereço: Av. Europa, 158, Jd. Europa – São Paulo – SP
Ingressos: ENTRADA GRATUITA – basta retirar o ingresso com uma hora de antecedência do espetáculo na bilheteria do museu. – SUJEITO A LOTAÇÃO.
Informações: (11) 2117 4777
Evento online: bit.ly/fc-mis
Classificação: Livre
Realização: 
Lee Martinez / Bicho Solto Inc. / Agencia 1 A 1 
Apoio:
– Governo do Estado de São Paulo
– Secretaria de Estado da Cultura
– MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo