Reserva moral do metal catarinense, Orquídea Negra é considerada a banda de Heavy Metal mais bem conceituada no estado sulista e, hoje, no segundo dia da nossa série de entrevistas da cobertura do Otacílio Rock Festival, tivemos a honra de conversar com o guitarrista da banda, Vinicius Porto.
Hoje em dia dentro da cena, as vertentes mais presentes em shows e festivais são as consideradas extremas, como o Death Metal e o Thrash Metal. Vocês, nos últimos anos, sentiram dificuldades ou alguma espécie de preconceito por fazerem Heavy Metal tradicional?
Vinicius Porto: Primeiramente obrigado ao Subsolo, quero parabenizar vocês pelo trabalho legal de divulgar o nosso estilo pro estado e pro mundo. Não, na verdade a gente nunca sentiu nenhuma dificuldade, quem sabe pela idade que a banda já tem e pela maturidade do som, né? Mas assim, a gente vê que aquele público que é bem fiel aos festivais, quando toca um rock clássico, gosta e agita pra caramba, então eu acho que não, não atrapalha não.

A entrada do Raphael Marini (baterista) já aconteceu faz alguns anos. Como foi a adaptação da banda com ele e o que isso contribuiu para as composições da banda? 
Vinicius Porto: Foi muito bom. Assim, com o Marcelo – antigo baterista – nós tínhamos uma relação muito boa. O Rapha já era um grande amigo do Orquídea Negra, então, o entrosamento da banda foi de primeira, ele tinha um jeito novo de tocar, o que acabou dando um gás a mais na banda. No início, a gente até brincava que ele era um intruso (risos), mas passando o período de adaptação, ficou tudo certo e, musicalmente falando, ficou tudo mais certo ainda.

O Orquídea Negra lançou em 2014 o álbum Blood Of The Gods. Além da formação, qual a diferença na maneira de composição e letras deste para os álbuns mais antigos da banda depois de tantos anos do último lançamento?
Vinicius Porto: No primeiro álbum, quem mais compunha era o Fernando, no segundo álbum, eu e o Robson contribuímos com composições também; depois da saída do Boca, nós ficamos em um hiato de 10, 12 anos sem compor, porque os vocalistas que entraram depois do Boca, já não tinham essa facilidade em compor. Com a volta do Boca, as coisas se tornaram mais fáceis. Geralmente as composições saem no ensaio mesmo, é aquela: “faz esse riff de novo na guitarra”, aí o Boca já sai cantando uma letra, quando vemos, temos uma música pronta (risos).

Após o Blood Of The Gods, já estão pensando em projetos futuros? Quais as novidades do Orquídea Negra que vêm por ai?
Vinicius Porto: Nós estamos com umas quatro ou cinco músicas novas prontas, então, esse acho, creio que nós vamos gravar, só não sei se faremos em forma de CD ou vamos lançar só na mídia digital mesmo; agora em fevereiro, nós iremos gravar uma música que irá fazer parte do tributo ao Motörhead. O projeto é de uma gravadora da Inglaterra, só com bandas brasileiras, em Santa Catarina, será apenas o Orquídea Negra. O disco será duplo e não será lançado aqui no Brasil, ele vai ser lançado na Europa e no Japão por essa gravadora.

Vocês são uma das bandas mais antigas de Santa Catarina e considerados por muitos o maior nome da cena dentro do Estado. Depois de 30 anos de grandes e belos shows, o que inspira o Orquídea Negra a continuar tocando?
Vinicius Porto: O simples prazer de tocar! Nós gostamos de nos reunir pra tomar uma cerveja, conversar, fazer um som… É mais por curtição mesmo, o puro e simples prazer de tocar (risos).

O nome do Orquídea esteve ligado até há alguns anos atrás, ao festival “Orquídea Rock Festival”, que trouxe para nosso estado grandes nomes do Rock n’ Roll e Metal mundial. Desde então, não ocorre mais o festival e o público sempre esperou por uma nova edição. Existe a possibilidade do ORF rolar novamente?
Vinicius Porto: Vontade a gente têm, muita! Foram nove edições, o que totaliza nove anos de festival. Quem sabe, tenha faltado uma profissionalização por parte da gente, de repente, porque assim, é difícil de fazer, é muita burocracia. São diversas taxas e alvarás. Além do mais, nós precisaríamos de uma equipe maior, antes, era eu e o Robson que fazíamos tudo. Nós pegávamos férias dos nossos trabalhos pra fazer o evento acontecer. Ai era aquela correria, né? E também, as vezes a gente “leva choque”, porque não dá um público esperado, dá problema com banda, enfim. São diversos fatores de risco que nos deixam meio assim. Mas com certeza nós queremos fazer mais uma edição, parar no “nove” fica até meio capenga, né? (risos).

O palco do Otacílio já é bem conhecido por vocês que já fizeram grandes apresentações por aqui. Qual a expectativa para o show de hoje? Mesmo com um público mais conhecido, ainda vocês sentem aquela “estremecida” ao subir neste palco?
Vinicius Porto: Com certeza dá aquela estremecida! (risos) O Denilson falou agora a pouco no palco que ia começar Losna, depois Older Jack e logo mais era o Orquídea Negra, já me deu um baque aqui (risos). Queira ou não, todo aquele ritual anterior ao pegar a guitarra e começar a tocar de verdade, dá aquele frio na barriga, sim (risos).

Obrigada Vinicius, é uma grande honra poder entrevistar uma lenda do metal catarinense como você, agradeço imensamente em nome d’O Subsolo e gostaria que você deixasse um último recado para os leitores do blog e também pro público do Otacílio Rock Festival.
Vinicius Porto: Ao pessoal que frequenta o fest: espero que vocês curtam e aproveitem bastante, este é um fest bem família, eu sempre venho com minha mulher e meus filhos porque realmente é um lugar muito legal. Prestigiem a cena local de vocês. 
Ao pessoal d’O Subsolo: parabéns novamente pelo trabalho desenvolvido, aproveitem o festival e vamos acessar o blog, pessoal. Vamos ajudar, divulgando este trabalho legal que vocês vem fazendo. Valeu!

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