
A cultura latino-americana possui muitos elementos em comum, principalmente no que se diz respeito ao passado. As civilizações antigas possuíam hábitos, rituais, instrumentos e lendas semelhantes. Então, os elementos folk utilizados pelas bandas da Colômbia que fazem essa busca no passado lembram bastante a bela banda peruana Ch’aska, assim como inserem tais elementos em meio ao caos que o Metal pode proporcionar. Ynuk faz uso da obscuridade do gênero para entoar cânticos sobre o passado ancestral dos Andes, ainda utilizando de recursos linguísticos para tornar a imersão no tema ainda mais intenso. Ynuk apresenta contrastes intensos em sua musicalidade, indo de passagens suaves conduzidas pelas flautas de pan até ritmos acelerados pelas guitarras distorcidas, além dos vocais, que também transitam do limpo ao gutural. Apesar dos poucos registros, Ynuk é uma bela banda com um compromissado trabalho em explorar as tradições colombianas.
Japão
A terra das lendas dos samurais, de sábias fábulas, de contos milenares e uma cultura que aprendemos a respeitar e admirar com o passar dos anos em que ela fora cada vez mais apresentada a nós, através de filmes, reportagens ou até mesmo animes. Sim, de fato, boa parte da juventude tomou gosto pela cultura nipônica através de animes, os famosos desenhos japoneses, e você que assistia DragonBall ou Cavaleiros do Zodíaco não está fora dessa! Aliás, vale lembrar o lendário Captain Tsubasa (ou Super Campeões), em que a seleção japonesa de futebol era o centro do enredo, já que a intenção era aumentar a influência do esporte da bola no pé no país do Sol nascente. Bom, falando de música, imagino que você tenha bem definido em sua mente o que é a música oriental, e eu realmente quero colocar aqui uma banda que eu custei a aceitar, mas que hoje vejo que pode encaixar perfeitamente aqui. BABYMETAL é causa de controversias e uma afronta aos headbangers mais conservadores, mas quando você vê que os maiores nomes do Metal internacional estão apoiando a banda, é hora de rever seus próprios conceitos. Não gostar do som feito pelo trio de meninas que fazem a frente da Babymetal é aceitável, mas também é inegável o impacto que elas provocaram, colocando o Japão em destaque na cena internacional do Metal, ainda mais que a banda canta em japonês e soma a sua musicalidade alternativa e experimental diversos elementos da música nipônica, além de explorar a cultura asiática em sua letrística, ou seja, está dentro dos requirimentos do nosso especial.
Polônia
Assim como a Colômbia compartilha um passado em comum com o Peru, e o Japão também possui ligações culturais com a Coreia do Sul, a Polônia também tem raízes próximas a outros países dessa Copa. Os eslavos Croácia e Sérvia carregam mitologias e lendas que são partes da tradição polonesa também. Então, a base conceitual das bandas que exploram o folk é basicamente o mesmo, mas sempre com abordagens sonoras diferentes. Żywiołak traz em cada música uma musicalidade diferente, mas sempre valorizando bastante a música tradicional polonesa, o que torna o obscuro algo dançante. A banda está desde 2005 em plena atividade, com lançamentos frequentes e sempre buscando inovação em seu som, inclusive o Metal é apenas um “item” a mais nas composições da banda, servindo mais de inspiração do que segmentação. De toda forma, é uma musicalidade muito interessante e uma experiência meio doida para os ouvidos.
Senegal
Me desculpem, mas aqui realmente não achei nenhuma banda de Senegal. É sério, nem Metal, nem Rock. Acredito que apenas vivendo lá para saber das bandas extremamente underground que existem por lá, pois me recuso a acreditar que não haja uma banda sequer. Enfim, para não passar em branco, achei algo bem interessante. Existe uma banda argentina chamada Senegal Grindcore Mafia, que tem uma música curiosamente intitulada “Rocco Invade Polonia”, e a sonoridade é muito pertubadora, agressiva, insana e impressionante. Nos campos Senegal acabou ficando de fora na última rodada, vendo Japão e Colômbia avançarem, então aqui o seu representante é neutro e faz referência as duas seleções que ficaram de fora, mas que não fizeram feio e pelo menos tiveram cenas de vitórias para celebrar e lembrar futuramente.