… É AONDE ELA QUISER!
Juliana Gomes, tem 23 anos e é musicista profissional e também professora de canto e entrou na música quando começou a fazer aulas de canto lírico com apenas doze anos de idade, logo após aos catorze anos começou aulas com piano e com dezoito anos iniciou a faculdade de música, tendo se formado na faculdade UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), entre diversos projetos que integrou, atualmente é vocalista da banda formada apenas por garotas, Psycho Queen, da grande São Paulo.
Dando continuidade nesta coluna que é algo ainda “polêmico” neste ano de 2016, tendo sido lançado até documentário sobre este caso, foi em uma conversa alguns meses atrás com o Phill Lima, idealizador do Over Metal, que O SubSolo decidiu iniciar está coluna, sem mais delongas, vamos ao bate-papo com Juliana Gomes:
O SubSolo: Você é frontwoman de uma excelente banda, Psycho Queen, tem se apresentado em diversos lugares e até fora de São Paulo. Ainda acontece preconceitos por conta de ser uma banda formada só por garotas?
Juliana Gomes: Rola muito preconceito sim. O meio é extremamente machista, e para você se projetar na cena sendo mulher é muito difícil. As pessoas tendem a nos objetificar pelo fato de sermos só mulheres, não costumam ver que nós além de sermos do sexo feminino temos mais a oferecer que nossa imagem, mas a surpresa que o público tem quando escuta o nosso som sempre trás bastante satisfação pra gente.

O SubSolo: E como vocês se sentem perante a isso? Geralmente ter banda é viajar sozinha com a banda toda, pela falta de recursos, economia e entre outros, nem sempre vocês estão com os seus namorados/noivos. Como vocês lidam com tais situações?
Juliana Gomes: No começo nunca é muito fácil. Rola assédio, e todos sabem disso… Mas isso é o que escolhemos para a nossa vida, e trabalho é trabalho. Todas que tem relacionamento dentro da banda deixam isso bem claro para seus respectivos parceiros, e tudo acaba se resolvendo na base do diálogo.
O SubSolo: Como foi a criação da banda? Desde o inicio a ideia foi fazer uma banda formada só por garotas?
Juliana Gomes: Eu entrei na banda depois, mas a Thais (guitarrista) já havia me chamado para fazer parte de uma banda feminina, antes mesmo da existência da Psycho Queen, que acabou não vingando. Acabamos tendo uma banda juntas, e quando a antiga vocalista da Psycho saiu, eu acabei assumindo os vocais. O projeto dela, que é a fundadora da banda, sempre foi ter uma banda só de mulheres. É muito raro encontrar bandas exclusivamente femininas, normalmente nós vemos algumas integrantes mulheres, mas o resto da banda geralmente é sempre composto por homens. Eu mesmo, já tive várias bandas e a Psycho Queen até hoje é a única composta por mulheres.
O SubSolo: Como você se sente tendo essa oportunidade de expressar sua opinião sobre o “machismo” dentro do rock/metal? E como vocês tiram de letra as situações mais constrangedoras?
Juliana Gomes: Pra mim é uma grande oportunidade. Quando você é mulher e tem uma posição de destaque, você acaba sendo um modelo para que outras mulheres possam se identificar e se inspirar em você. Para mim sair além dos padrões, ter uma banda de integrantes mulheres, se inserir dentro de um meio quase que dominado por homens e ainda gerar admiração nestas pessoas é uma grande honra. Por mais que nós tenhamos muito carinho por nosso público, sempre penso nas mulheres que nós podemos influenciar e estimular a terem coragem de se jogar para dentro da cena. Estamos em uma sociedade que cada vez mais a presença feminina está ganhando espaço, e ver mulheres tendo destaque dentro do rock me deixa extremamente feliz. E tirar de letra é sempre difícil né… rsrs Você nunca tá muito preparado para o que pode vir a acontecer. Teve um bar que a galera se empolgou demais, o pessoal estava meio bêbado e no meio do show, um cara foi balançar a cabeça e cuspiu cerveja no meu rosto, na guitarra da Thais, nos amplis… Foi inesperado, e nem sabiamos o que fazer. As vezes acontecem essas situações malucas, que a gente fica meio sem como reagir… Mas nós tentamos lidar da melhor forma possível, rindo, conversando. Se não for uma situação de risco para nós, a gente sempre acaba rindo mesmo.
O SubSolo: Juliana, a gente agradece você dar a cara aqui com a gente e contar um pouco de como é de certa forma superar essa barreira do preconceito contra a mulher no rock/metal. Que tal deixar uma mensagem para quem está lendo esta matéria?
Juliana Gomes: A mensagem que eu deixo é clichê, mas é verdadeira. Por mais que a sociedade muitas vezes desestimule, vale a pena você fazer o que você ama. Quem é músico sabe que fazer isso é o que te dá forças para levantar todos os dias, e ninguém tem o direito de dizer não para algo que é essencial para você viver. Sempre vão existir dificuldades, comentários inesperados, críticas maldosas que muitas vezes vem camufladas de construtivas, coisas que desestimulem… Mas o importante é não desistir. Por debaixo de uma parcela de pessoas invejosas e que só querem te colocar para baixo, existe sempre aqueles que compensam tudo isso. Aqueles que vão ser tocados profundamente, que vão entender a mensagem que você quer passar. Tudo vai muito além de banda e público, você move barreiras através da música. Essa sinergia toda que no final da forças para você continuar. Eu espero ver cada vez mais pessoas lutando por seu espaço dentro do rock, e que me perdoem os meninos, mais mulheres principalmente. Juntas, pouco a pouco, nós vamos conquistando nosso espaço ao sol, e todas nós merecemos.