A cena independente brasileira é movimentada com artistas que transformam a música nacional em um reduto do talento. Não obstante, a cidade de Belo Horizonte (MG) apresenta mais um grupo para acender a chama do rock na capital mineira. Depois de um hiato de três anos, a Lobos de Calla está de volta ao cenário, lançando o disco inédito “Às Vezes Eles Voltam” – já disponível nas principais plataformas digitais de música.



Composta por Eduardo Ladeira (guitarra e vocais), Bernardo Silvino (baixo) e Diego Mancini (bateria), a Lobos de Calla mostra um rock de várias vertentes, sem rótulo específico. A sonoridade é marcada pela diversidade, somando as variadas influências de cada integrante. A banda trilha o seu caminho em busca de apresentar um som único, com o objetivo de trazer de volta os tempos áureos do rock nacional.

Formado em 2010, o power trio lançou no mesmo ano o primeiro disco “Querozene”, para em seguida divulgar o segundo álbum “Cores e Nuvens” (2011). O resultado foi uma sequência de shows importantes, dividindo o palco com nomes como Lulu Santos, Capital Inicial, Tianastácia, Nasi e Uns e Outros; além da indicação da canção “Trilhar” para o Prêmio de Música Minas Gerais. No ano de 2013, a banda pausou as atividades para futuros projetos dos componentes, no entanto a saudade foi mais forte. Para o vocalista Eduardo Ladeira, isso se deve à ideia de que, independente de uma grande exposição repentina, a arte pode ser descoberta pelo público com o tempo.

“Durante o período de hiato, percebemos pessoas descobrindo a banda por meio da internet, e isso nos levou a querer fazer algo a mais. Acreditávamos ser necessário um trabalho definitivo, bem escrito, bem arranjado, bem produzido. Precisávamos deixar como legado da banda um disco profissional, que contivesse todo o potencial. Independente dos trabalhos musicais paralelos, a Lobos de Calla precisava dar o seu recado definitivo”, revela ele.

O resultado é o novo álbum “Às Vezes Eles Voltam”. Eclético, o disco viaja nas raízes da banda e mescla as influências musicais dos integrantes. É notória as referências a estilos e movimentos musicais diversos, como o rock nacional dos anos 90, o rock britânico dos anos 60, o punk rock e até mesmo elementos do rock progressivo. Segundo o baixista Bernardo Silvino, o momento que passaram distantes serviu para aprimorar ainda mais o som: Foi um período de amadurecimento muito grande. Voltamos com uma outra mentalidade para encarar a coisa. Dar o nosso melhor para a música e todos os outros elementos que são necessários para o projeto…”, diz o músico.


Da mesma forma, a entrada do multi-instrumentista Diego Mancini no conjunto exibe entusiasmo. O músico traz empolgação e otimismo na nova fase do trio mineiro. “O disco novo tem muito da pegada do anterior, mas ter uma pessoa diferente na banda levou o trabalho numa outra direção”, reflete o baterista.

O título do registro – assim como o da banda – é inspirado em uma obra do autor norte-americano Stephen King. O álbum e sua arte gráfica trazem uma pegada de humor e adota a linha de horror zine. Fãs do gênero, os músicos utilizam o parâmetro com o terror para ficar ainda mais envolvidos com o trabalho como um todo. A ideia é explorar o horror esdrúxulo dos anos 80, algo que é feito mais para divertir do que para assustar, por isso, o conceito de zumbis como caricaturas da banda.

Toda a elaboração da capa e o cuidado na produção das faixas demonstra que o grupo tem a percepção de que o mercado musical é cíclico, ou seja, que os gêneros vão anexando influências e se misturando; acompanhando as mudanças do mundo e descobrindo novas fronteiras e desafios – mesmo ainda existindo a essência. 

Por isso, o rock perdura ao longo de décadas, sobrevivendo às mais diversas revoluções culturais. A música deve ir além do entretenimento; música é cultura, e cultura é, ou deveria ser, educação. Trazer arte ao dia a dia do povo é ajudar no enriquecimento e desenvolvimento do país. O rock, gênero musical que representa o questionamento, a insatisfação com o status quo imposto, a união em prol dos interesses sociais, a paz, a valorização do ser humano e a propagação do amor entre as pessoas são essenciais nesse cenário”, articula Eduardo.

A dedicação e a nova fase da banda expõe a vontade dos integrantes para voos mais altos. Com o lançamento de “Às Vezes Eles Voltam”, o grupo já estuda uma possível turnê nas principais cidades do Brasil, levando o trabalho para o maior número de pessoas possíveis e subindo em diversos palcos do país. O lema é trabalhar e se divertir no processo, viver o momento e toda a plenitude, com amizade e música, recheada de pequenos e grandes momentos que façam todo o esforço valer a pena.

ACOMPANHE A BANDA:
Bandcamp: https://goo.gl/XiSMBF (download gratuito das músicas)
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.