Domingo de chuva em São Paulo, no Carioca Club, mas nada ia estragar uma noite de demolição dos “metaleiros raiz” que estavam ali presente para ver o massacre do Exodus com abertura do lendário .Torture Squad

Ao entrar no Carioca, foi possível notar que mesmo chegando exatamente na hora da abertura da casa, o local estava longe de estar cheio, tanto que foi possível ficar muito perto da grade.

À medida que foi se aproximando o horário da banda de abertura, o Torture Squad, a multidão foi se aglomerando mais à frente, esperando a banda brasileira iniciar a quebradeira.

Quando o Torture entrou no palco e iniciou, o que me impressionou foi o tanto de pessoas que foram para ver o Torture, muitos fãs com camiseta e berrando a plenos pulmões as músicas da banda, que em nada decepciona e não deveu nada para os Headliners.

A banda toda é muito entrosada, e todos tem seu momento de brilhar. Guitarras afiadíssimas, baixo e bateria demolidores e os vocais primorosos de Mayara Puertas, tornando todo o público do Carioca em um Esquadrão de Tortura. Um show de cerca de 45, 50 minutos com muita intensidade, que teve seu encerramento com Raise your Horns, um dos hinos dos monstros do thrash brasileiro.

Ao fim da abertura, já dava pra notar a casa bem cheia, e todos ansiosos à espera dos pais do thrash metal da Bay Area.

Ao som da tradicional We Will Rock You nos PA’s, o lendário quinteto formado por Steve Zetro Souza, Gary Holt, Jack Gibson, Lee Altus e Tom Hunting entram no palco, e começam a quebrar tudo ao som de The Beatings Will Continue (Until Morale Improves) do excelente Persona Non Grata, disco lançado em 2021. A banda pouco tempo de descanso dá ao público, e já emenda uma pancada atrás da outra.

A Lesson in Violence é a segunda, emendada na poderosa Blood in, Blood Out, gritada em peso pelo público. And then there Were None vem grudando na cabeça com os coros de “Oooooh”. A quinta música, Body Harvest vem pra botar o público abaixo com seu poderoso riff. Aliás, as guitarras do Exodus são um grande show à parte, Gary Holt é o ícone, mas Lee Altus mostra incrível técnica e presença de palco.

O carisma da banda também é algo que rouba a cena, Steve Souza fala logo ao começo do show ao público, para que aproveitem, façam o mosh, mas cuidem uns dos outros, ajudem quem por acaso cair no chão.

Outra parte a ser exaltada é o bom humor da banda quanto à um imprevisto. Ao começar a sexta música, The Years of Death and Dying, o guitarrista Lee Altus não está presente no palco, o resto da banda, no calor do momento inicia a música sem ele, até Gary Holt notar e parar de tocar para avisar o resto da banda. Um bem humorado Steve Souza fala que está faltando alguém, que nas palavras dele:

“I think he’s back here drinking cachaça right now”.

Após Lee voltar, a banda reinicia a música com as bençãos do público e o massacre continua. Logo vem uma trinca impecável de clássicos, botando o Carioca Club abaixo. Deathamphetamine, Blacklist e Piranha. A última, ainda teve um tema tocado pela banda, em homenagem a seleção Brasileira, o famoso “Olê olê olê” tocado em Thrash Metal.
Impressiona a qualidade ao vivo da banda, e a paixão dos fãs, que gritam e pulam o show inteiro. Prescribing Horror também do novo disco antecede o grande clássico Bonded By Blood. Mas a cena é roubada na próxima música onde a banda toca um curto trecho da introdução de Raining Blood do Slayer, deixando os fãs completamente insanos. Pra retomar, tocam um trecho de outro clássico do Thrash, Motorbreath do Metallica. Aí enfim começam The Toxic Waltz. E para o suposto encerramento, Strike of the Beast forma um dos maiores mosh de todo o show. A banda agradece e sai do palco.

Mas não havia acabado, o quinteto volta ao palco para mais duas músicas de encerramento. War is my Shepherd abre o encore final, seguida de Metal Command, onde o guitarrista Gary Holt, pega um balãozinho em formato de coração escrito “Fica Comigo” que ficou pendurado ao canto do palco e preende no headstock da guitarra de Lee Altus. E com muito vigor, os dinossauros do thrash metal encerram sua passagem pelo Brasil.

É nítido como a banda é entrosada e como se divertem tocando juntos, trocas de olhares e sorrisos entre os membros são constantes. E é mais nítido o amor pelo público brasileiro, elogiando em diversos momentos, e dizendo que falarão sobre a noite “memorável” por anos e anos.

Texto de Diego Barberan


Setlist

1. We Will Rock You – som da casa

2. The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)
3. A Lesson in Violence
4. Blood In, Blood Out
5. And Then There Were None
6. Body Harvest
7. The Years of Death and Dying
8. Deathamphetamine
9. Blacklist
10. Piranha

11. Encore:

12. Prescribing Horror
13. Bonded by Blood
14. The Toxic Waltz + Strike of the Beast
(with Raining Blood Intro)

Encore 2:

15. War Is My Shepherd
16. Metal Command
17. We Are the Champions – Som da casa

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.