Depois do sucesso que foi o primeiro evento é óbvio que teria um segundo e foi assim que o Cabeça Boa 2 foi divulgado. Sem firulas o festival já deu um tapa na cara de inicio, anunciando Maquinários como headliner, a ótima banda de Hard Rock de Chapecó/SC, desceria para o Sul do estado pela primeira vez e tocaria em Tubarão/SC junto de outras ótimas bandas.


Pouco a pouco o line do festival foi se formando, anunciando as garotas do Punk Rock da Profasia, a Sliver nova banda de grunge da região, também mais uma vez a presença da Red Diamond, a banda local Tríade, chamando também Norium, uma banda de Power Metal das redondezas e claro, ela que não podia faltar, Texas Funeral a excelente banda de Rock (daqueles Rock de bêbado mesmo hahaha) dos organizadores do evento, Fabricio Wronski e André Duarte.

A primeira banda a subir no palco foi a Sliver, com um repertório grunge de altíssimo nível só não teve uma apresentação ainda melhor por falta de músicas autorais, mas com a sintonia que os músicos demonstravam em palco, compor será algo que virá logo. A  melhor parte da apresentação dos caras foi na finaleira quando emendaram vários covers de Nirvana, clássicos do disco Nevermind e In Utero estavam presentes entre as escolhidas, o mais incrível é que a banda subiu ao palco às 18:30h em ponto como determinava o anuncio e só nos resta esperar o que a Sliver nos trará em breve, pois tem futuro.

Diretamente de Florianópolis a antiga Rock Roach trouxe pela primeira vez ao sul a nova sonoridade proposta com agora o nome Profasia. As garotas executaram bons covers como “Cherry Bomb” das Runaways, mas o que mais chamou a atenção foram as músicas autorais que estão no primeiro EP intitulado Liberdade“, músicas como “Nós”, “Hipocrisia” e “Utopia” chamam a atenção e não demorou muito para as primeiras rodas surgirem em meio a galera, pois além do talento musical as garotas são um vulcão em palco e não param um segundo. A única critica é que em meio ao show, por algum imprevisto uma vinheta da banda para iniciar uma das músicas não ocorreu como o previsto e deu uma esfriada na apresentação que estava a todo vapor, fica o adendo para correção deste. 


Subindo ao palco como terceira banda, a Texas Funeral trouxe uma roupagem no mínimo curiosa, pois com algumas baixas recentes quem assumiu a bateria foi Fabricio Wronski, no baixo Ratão, no vocal  Alex Paulista e na guitarra de sempre até eternamente o incansável André Duarte. Foi o melhor show do Texas Funeral que presenciei (e olha que não foram poucos), nem sempre os melhores músicos conseguem uma sintonia tão versátil como essa formação do Texas demonstrou, com um instrumental mais reto e mais barulhento, trouxeram a proposta de seus primórdios, um “Rock de bêbado” coeso e com bastante peso. Com um grande entrosamento da cozinha formada por Fabrício e Ratão, a banda não teve problema algum para executar seu som, trazendo clássicos como “Natasha” e “Whisky do Paraguai” de volta ao repertório da banda, ansioso para ver mais apresentações da banda com essa formação.

Para minha surpresa, a Red Diamond é uma banda muito melhor do que já tinha ouvido falar. Por mais que executem apenas covers de Metallica e Iron Maiden, não é só isso, eles executam essas releituras com classe e elegância. Mesmo que sejam uma banda cover, é uma banda que apoia muito o cenário regional, muito mais do que muita banda autoral, estão sempre presentes nos eventos e movimentando o cenário. A afinidade entre os dois guitarristas que alternavam os solos e bases era de cair o queixo, sem falar que o baterista Felipe Laurindo, é um monstro, parece um vulcão entre os tambores, dando muita consistência ao grupo e se torna fácil tocar entre tantos caras bons, para mim, uma das melhores apresentações da noite.
 

O momento tão aguardado da noite chegou, o Maquinários que é um Power Trio de Chapecó/SC estava subindo ao palco, se não bastasse toda a qualidade técnica impecável, a humildade e também o espetáculo, os caras pareciam brincar no palco, aparentavam fazer carinho nos instrumentos. A voz de Watson é algo absurdo, conversando com o cara ele tem uma voz rouca e grave, o cara cantando é um dinossauro e as músicas arrepiavam a cada acorde dado. Uma pegada Hard Rock com pitadas de Heavy Metal e pequenos deslizes pelo Stoner, conseguiam fazer o público ficar sem reação, pois era impossível não querer prestar atenção na forma como os caras estavam fazendo música, sim, estávamos com uma das melhores bandas catarinenses a nossa frente, queríamos sugar cada segundo dessa experiência para levar para o resto de nossas vidas. Sem falar que o trio desembarcou um dia antes do festival na cidade e fez um acústico em um pub local com mais de três horas de duração e foi um sucesso absoluto. Antes mesmo de subirem ao palco os caras estavam esgotados, deitados em sua Kombi descansando para mais um show, enquanto muitas bandas locais fazem exigências absurdas para tocar aqui do lado de casa, não recebemos apenas uma aula de música e sim de personalidade. Maquinários me conquistou, como redator, músico e amigo, levarei várias lições dessa apresentação para minha vida!

A Tríade foi a responsável para fechar o festival, sempre animados e disposto a fazerem um som, os caras estavam presente no local muitas horas antes da sua apresentação. Como sempre a execução de suas músicas autorais do disco “Dias Raros” executadas com maestria e firmeza, condições de uma banda bem entrosada. Covers clássicos do Punk e muita energia no palco, um publico não tão participativo por conta do cansaço, mas encantados por um som de qualidade. Volto a bater na mesma tecla quando falo da Tríade, que o guitarrista Pedro Victor caiu como uma luva no grupo, trazendo mais peso e uma presença de palco única. Sabendo trabalhar com o disco que tem em mãos, o grupo pode ir ainda mais longe, pois é nítido a forte amizade que tem, fica escancarado no palco como todos se dão bem juntos.

Infelizmente a Norium não participou do festival por motivos particulares.

Conclusão sobre o festival:

O proposto foi cumprido até os mínimos detalhes, um pouco mais de tempo para as bandas com o cancelamento da Norium, foi a melhor saída para o festival, dando mais espaço as bandas confirmadas. Senti a falta de rango no começo do evento com o atraso da “Pizza Rock” que chegou ao evento apenas na apresentação da terceira banda, mas nada de muito agravante. A troca das bandas foram muito rápidas, todos cooperaram para uma melhor agilidade para poupar tempos vazios durante as trocas. Acredito que o festival terá continuidade e virá um terceiro, precisamos de profissionalismo até nessas produções, algo que a Organização do Cabeça Boa demonstrou ter de sobra, nossos parabéns ao André Duarte e ao Fabrício Wronski, conseguiram fazer o festival ganhar um nome por conta de duas edições magistrais.

Um problema comum e que foge da organização é a má vontade de publico, que mais uma vez deixou a desejar. Com uma headliner, horários pontuais, rango, bebida barata e gelada e muita amizade, o festival merecia um publico maior e como vem acontecendo nos festivais, a galera prefere ficar com a bunda no sofá e postando no facebook que não tem eventos na região, do que apoiar a iniciativa árdua dos que ainda tem vontade de fazer algo de útil pelo cenário, lembrando que quem fica em casa, não tem história para contar.






CONFIRA A COBERTURA D’A HORA HARD:


Fotos por Letícia Piazza/Cultura em Peso & Fabricio Wronski (Página oficial Cabeça Boa Rock Festival)
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.