O sétimo Bruxa Fest, realizado na cidade de Florianópolis foi um sucesso. Três bandas importantíssimas no cenário nacional fizeram da já tradicional sessão da tarde de domingo no Haôma, uma celebração ao som autoral, pesado e de qualidade nacional.

Isso cada vez mais, fortifica o nome da produtora Bruxa Verde Produções que vem sendo a melhor opção da região da capital catarinense em quesito qualidade e transparência.

Confira um resumo sobre as apresentações:

Pachorra

O quarteto que já vem recebendo reconhecimento a nível nacional, abriu os trabalhos, mostrando para os presentes, porque a pontualidade compensa. Tocando as já clássicas, Ité, 171, Três Três Zero e 257, a Pachorra fez um show que é praticamente uma declaração antifascista. O tema abordado é pra não deixar dúvidas: Fascistas e racistas não são bem vindos!

A cozinha extremamente coesa é a base para a guitarra e vocais agressivos, de fazer inveja a qualquer banda de Death Metal. Peso, muito peso. Mas a Pachorra é muito mais do que isso. É sobre identidade nacional, enfrentamento, posicionamento, e muita atitude. O carismático vocalista com a máscara de palhaço desafia a todos (talvez daí venha o nome da banda?) a pensar. A cada letra recheada de sarcasmo e provocações, nos convoca a pensar sobre o nosso papel como cidadãos de um país onde os “patriotas” querem nos vender, nossos representantes nos fazem de palhaços (talvez daí venha a máscara do vocalista) e a maioria de nós segue apáticos, sem organização e unidade.

Mas talvez na própria Pachorra, esteja a resposta. A banda intercala vocais diversas vezes com convidados, e integrantes, mostrando que talvez esse seja o caminho: A diversidade de vozes, a união dos diferentes, e a atitude família, em sentido amplo. Apesar de todo o ódio que a banda destila, fica um gostinho de que é possível atravessar a onda fascista e reacionária com organização e união.

Uganga

Vinda diretamente do Triangulo (satânico, segundo o vocalista) Mineiro, a aguardada Uganga, que conta com o ex-Sarcófago Manu Joker no vocais, trouxe um crossover muito interessante e diversificado. Com um setlist que contempla a duradoura carreira de uma banda com mais de 30 anos de estrada, Uganga demonstra que ainda tem muita lenha pra queimar. Cada música possui uma identidade própria, com influências de Death, Thrash, Doom, Heavy metal, e até Rap.

Manu é um showman nato, entregando muito carisma, caretas e uma presença de palco hipnótica, conversando muito com o público e fazendo todos se sentirem em casa. Os demais músicos também são acima da média, nos brindando com solos e linhas de baixo inspiradíssimas. Agora, o baterista… esse é um show a parte. É inspirador ver um músico que consegue tocar músicas tão desafiadoras e complexas, com tamanha brutalidade e agitando a cabeça como se estivesse assistindo ao show da sua banda favorita.

É difícil dizer quanto tempo de show se passou, pois a Uganga emenda uma pedrada atrás da outra de forma tão natural e bem feita que nem se sente o tempo passar. Além de todas essas qualidades, é impossível não ressaltar o fator da temática religiosa em alguns momentos, como na música Aos pés da Grande Árvore, que trata sobre entidades de religiões de matriz africana, e ao final do show, um ponto de exu anuncia que a Uganga se despede.

Zombie Cookbook

Outro momento muito aguardado da noite foi a apresentação do quinteto de ‘Dead Metal’ de Joinville/SC, Zombie Cookbook. Contando com uma cenografia de horror pernas, braços e cabeças adornavam o palco onde a banda chega para fazer seu set, vestido as já tradicionais máscaras que lembram os sussurrados do seriado The Walking Dead.

Já nas primeiras músicas é possível sentir a pressão sonora que a banda traz. Com letras inspiradas em filmes de terror, zumbis e muito gore, tudo na Zombie Cookbook gira em torno da temática do horror, ambientando o público e passando a mensagem de forma ainda mais clara e direta. Contando com clássicos como Motel Hell e 666th Den, levou o público à loucura, como uma verdadeira banda zumbi, sedenta por sangue, cérebros e metal da morte.

Não se engane pela aparência caótica, a Zombie Cookbook é extremamente profissional, experiente e bem ensaiada. O baterista parece e é um monstro, e cumpre a dura missão de tocar Death Metal usando máscara de forma competente e brutal.

Mais uma vez, ficam os parabéns à Bruxa Verde pela organização competente, escolha de cast e divulgação extremamente profissional. O público saiu extremamente satisfeito com as apresentações, e no aguardo, ansioso pelo Bruxa fest 8.