O nome é sugestivo, e dele já podemos imaginar uma noite forjada no ferro quente e muito metal da mais alta qualidade. O Ventuno Pub, em Urussanga, recebeu um grande público que contemplou três grandes bandas no dia 25/06, ques prestaram, mais do que uma homenagem ao Iron Maiden, mas também ao Heavy Metal. Os canadenses do Iron Kingdom, o lendário Blaze Bayley e o impressionante cover Made in Iron fizeram daquela noite uma noite inesquecível para todos, que sentiram ares de nostalgia e de novidade entre os ventos frios que definiam o clima da noite.

Primeiro de tudo, é bom destacar a casa que recebeu tudo isso. O Ventuno é um ambiente fantástico e tem a atmosfera perfeita para qualquer grande evento de Rock ‘n Roll e Metal. Muitos catarinenses já conhecem o local de “invernos passados”, mas confesso que foi minha estréia numa das melhores casas de show do estado. Nunca tive a oportunidade de ter ido antes, mas, tive a sorte de ver o porque de o Ventuno ser tão elogiado por todos. Vale a pena toda a viagem até chegar? Sem dúvidas, vale muito.

IRON KINGDOM

A primeira banda subiu no palco as 22h e trouxe uma verdadeira explosão sonora ao local. Que som fantástico era aquele que estávamos presenciando? Confesso que eu só conheci a banda por que foi anunciada junto ao Blaze, mas sequer procurei o som dela, e acho que foi melhor assim. O baque ao vivo do primeiro contato foi sensacional e arrebatador, e creio que muitos tiveram essa sensação.

Iron Kingom é uma banda singular, que traz uma atmosfera oitentista que enche a alma dos presentes. O visual bem marcado nas grandes bandas de Heavy Metal dos anos ’80, a presença de palco energética e o estilo sonoro que transita entre um Metal clássico e Power Metal é simplesmente gratificante de se presenciar. O vocal agudo e poderoso de Chris Osterman é o principal chamativo da banda, ao lado dos riffs e solos estonteantes de sua guitarra e de Kenny Kroecher.

A banda fez um show praticamente inteiro composto por suas músicas autorais, que estão presentes nos três discos já lançados pela banda. Apenas na reta final que o Iron Kingdom se permitiu fazer um cover, e não deixou por menos ao mandar Helloween para o público que presenciou o show. Além das autorais impressionantes, a homenagem à banda alemã foi impecável e certamente deixou a casa muito satisfeita com a apresentação dos canadenses.

BLAZE BAYLEY


Apesar do espetáculo proporcionado pelos canadenses, não haviam dúvidas de que todos estavam ali pelo Blaze Bayley. Mesmo que carregue a legenda de “ex-vocalista do Iron Maiden”, ele parece não se incomodar com isso e trata sua ex-banda com um respeito louvável e admirável. Tamanha sua admiração por sua participação em uma das maiores bandas de Metal da história que ele tratou de começar seu show pontualmente as 23h58. Horário estranho? Não se você for fã de Iron como o Blaze.

Mesmo começando nesse horário, ele não começou com “Two Minutes to Midnight”, que sequer foi ouvida na noite, mas puxou “Lord of the Flies” e “Futureal” para começar de fato a celebração ao Maiden. Após esta, Tivemos um misto de grandes músicas de sua carreira solo com canções de sua época na banda inglesa, tudo isso movido à sua participação de palco marcante, sempre mexendo com o público, não dando sossego ao público em nenhum segundo, sempre fazendo coros ou gritos que interagissem com a platéia.

O cantor a todo momento agradecia o público por sua hospitalidade com as palavras “obrigado, muito, muito obrigado“, em português mesmo. Para outras conversas, Blaze teve o cuidado de falar devagar para que todos pudessem compreender seu inglês ou esperar algum amigo traduzir, mostrando sua preocupação com os fãs para que entendessem bem o que dizia, que foi bastante interessante. Blaze frizou ser um artista independente, sem laços a Sony Music, EMI, Nuclear Blast ou outras do ramo. O vocalista também contou um pouco sobre o seu último lançamento, “Infinite Entanglement”, que motivou essa turnê. Ele disse que o dinheiro que os fãs investem em shows o ajudam a fazer voltar, e o dinheiro investido na compra de CDs são usados unicamente para a criação de um novo álbum. Inclusive, ele também revelou que “Infinite…” fará parte de uma trilogia de álbuns conceituais, e que o Brasil pode esperar por ser retorno em breve para promover a segunda parte dessa história.

Blaze é um grande showman. Sabe entreter seus fãs e compensa o fato de não ser o melhor vocalista com sua energia única e carisma, que se esconde atrás de sua cara de motoqueiro mal encarado e sua voz grave. Ele faz o show valer a pena cada segundo, tanto por suas ótimas músicas de seu mais recente álbum (foram tocadas “A Thousando Years”, “Infinite Entanglement” e “Human”), quanto pelos seus clássicos já marcados na história do Heavy Metal (“Silicon Messiah” e “Ghost in the Machine”). Mas é claro que as que mexem mesmo com todo mundo são as do Iron. Músicas que são raridades como “Virus” dividiram espaço com clássicos como “Wratchild”, “The Clansman”, “Man on the Edge” e… “Fear of the Dark”. Sim senhores, Blaze mandou essa no final e criou um verdadeiro caos no meio do público, que entre cabeças bangueando e mosh pit, lavou a alma por completo após o showzaço de Blaze Bayley e sua fenomenal banda de apoio, que é composta pelos instrumentistas da banda paulista Tailgunners. Todos tomaram o palco por inteiro e fizeram cada segundo ser inesquecível.

MADE IN IRON

Enquanto muitos estavam tirando fotos com Blaze Bayley dentro do restaurante da casa, a única banda de Santa Catarina subiu ao palco para comandar a finaleira da noite. Aos que ficaram em frente ao palco, puderem conferir um ótimo show, que no começo teve problemas técnicos em relação a uma das guitarras, mas mesmo assim o som não desapontou. O vocalista Daniel tem um timbre de voz idêntico ao de Bruce Dickinson, fazendo até o fã mais devoto sentir uma satisfação ao ouvi-lo cantar.

Assim que a guitarra de Faust voltou ao combate junto com a de Zaca, a banda pode ir firme para o fronte e perfilar belas execuções de clássicos do Iron Maiden. Os grandes momentos foram a jam de Somewhere in Time, que trouxe pedaços de “Caught Somewhere in Time”, “Wasted Years” e “Alexander the Great”, e a finaleira composta por “Hallowed be Thy Name” e “The Trooper”. Apesar de já romperem as 3h da manhã, era nítido que todos poderiam ficar horas ali ouvindo um set list enorme, que durasse horas a mais, mas a banda teve de encerrar por ali e dar fim a uma noite esquentou a alma dos metalheads como uma lâmina de ferro saindo da forja.


Se o Iron Maiden tem seu Eddie em palco,
o Made in Iron não poderia deixar de ter seu mascote também
O SubSolo sente-se honrado em ter feito parte desta noite única e torce para que nosso estado continue recebendo grandes atrações como as que estiveram no Ventuno nesta noite, que sempre movimentam os headbangers de nossa região e até mesmo outros públicos, que curiosos pela atração internacional, acabam indo conferir e muitas vezes ficam pra valer em nosso universo.
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.