Rápido, garçom, me traga o seu melhor whisky. Pois Matanza Ritual está pisando em Blumenau, e promete novamente deixar corpos e pescoços doloridos daqueles que, assim como este que vos escreve, gostam de uma música para encher o caneco, beber e gritar.

Já durante a divulgação do evento, era possível imaginar que a apresentação seria uma pedrada, devido ao rápido esgotamento dos ingressos, que até a data do show, se encontrava no quinto lote. Fato que se pode constatar ao chegar no Ahoy! Tavern Club, que mesmo antes de começar, já contava com a casa bastante movimentada, entre drinks conversas e muito rock nos vinis, comandados pelo anfitrião DJ Leo Biz que já deixou a galera aquecida para o que estava por vir.

Com uma entrada triunfal ao som mecânico de Also Sprach Zarathustra, a banda sobe ao palco, integrante após integrante, recebendo a cada entrada, mais ovações do público que, lotando a pista, aguardava ansiosamente o início do show. Após o término do som épico da introdução, a banda já quebrou totalmente o suspense, iniciando com nada menos que O Chamado do Bar, Meio Psicopata e Remédios Demais, em uma única tacada, que já proporcionou os primeiros moshs da noite.

A montagem da setlist é um trabalho desafiador, haja vista que Matanza Ritual possui tantos clássicos com o mesmo peso e nível de popularidade, que é difícil escolher apenas “um punhado” para levar para o show. Mesmo assim, a curadoria fez um bom trabalho elencando 23 das dezenas de músicas da carreira da banda, sendo em sua maioria dos álbuns A Arte do Insullto, Odiosa Natureza Humana e Música Para Beber e Brigar. Se eu pudesse falar “por favor, nunca te pedi nada” faria apenas a adição de Interceptor V6, a qual senti falta, e apreciaria deveras ver no show.

Por mais poderoso que seja o vocal do Jimmy London, não houve uma única música que o público não abafasse a sua voz, devido ao canto uníssono das letras que estão na ponta da língua de todos. O carisma de Jimmy no palco é inquestionável, e volta e meia conversava com o público, e relembrou algumas das vezes que já esteve em Blumenau, além de interagir, através de danças olhares e gestos.

O lineup também, incontestavelmente é do mais alto gabarito de músicos brasileiros, e tivemos um show à parte, proporcionado por Amílcar Christófaro na bateria. Pois além de  uma identidade marcante nas músicas clássicas da banda, sem perder a essência original, performou alguns solos em pontos específicos do show, como ao introduzir Tempo Ruim, onde também interagiu com o público com o famoso “virada de bateria” vs “hey do público”. Da mesma forma, Felipe Andreoli nas cordas graves nos trouxe grooves e solo na sua apresentação e introdução de Taberneira Traga o Gin, e Antônio Araújo com sua Flying V que sustentou acordes, riffs e solos durante todo o show.

O público com todo o carinho do mundo, como sempre não pode deixar de falar a famosa frase “Hey, Jimmy, vai tomar no c*!”. Momento este, que o frontman, em um ato de extrema sagacidade, perguntou se estavam falando “Vai tomar no clube”, e aproveitou para puxar uma das mais esperadas músicas da noite: Clube dos Canalhas.

Um pouco antes de se encaminhar para as canções finais, apresentaram o seu novo single O Paciente Secreto, que estará no primeiro álbum desta formação, com previsão para lançamento em 2025.  Como de costume, a letra explora a mente humana, com um olhar nem sempre otimista, através da visão de um paciente que carrega uma suposta verdade sobre o destino apocalíptico da humanidade.

A esta altura do campeonato, quando parecia que todos os moshs possíveis pudessem ter acontecido, a banda dá uma aliviada para o povo se recuperar, cantando a capella o refrão de Estamos Todos Bêbados, mas que só serviu para um breve descanso mesmo, pois quando o público se deu conta, já estava formada uma nova roda, durante a saideira Ressaca Sem Fim, que selou o encontro de Matanza Ritual com o público blumenauense, no palco do Ahoy! Tavern Club que é uma renomada casa da região com muitos anos de estrada, sempre trazendo atrações de alta qualidade para o público de Blumenau e região.

Formação: Jimmy London (voz), Felipe Andreoli (baixo), Antônio Araújo (guitarra) e Amílcar Christófaro (bateria)

Fotos por Carlos Sutter (@radicarls)

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.