Mais uma vez tivemos o prazer de cobrir um evento em dose dupla, dessa vez, Karine Nunes e Maykon Kjellin estiveram no “Metal Punk Or Die Gig” na capital catarinense, Florianópolis, para prestigiar o desembarque do Jackdevil no Brasil, após sua extensa turnê europeia, que foi realizada com sucesso. Dividimos as bandas entre os redatores, Maykon ficou com Hellio Costa, Alkanza, Pugna Prole e Sin Rejas, enquanto Karine ficou com a responsabilidade da atração principal, Jackdevil, a estreante Threzor, o Axecuter, Marreta e a Deadpan. 


Sábado à noite, muito frio na capital catarinense… Isso não impediu que os fãs de Metal, Hardcore e Punk saíssem de suas casas, se dirigindo até o norte da Ilha de Santa Catarina para curtir nove bandas, dessas, apenas seis participaram do evento. Lá pelas 18h, a casa foi aberta e os últimos ajustes foram feitos. Um lugar simples com duas casas: o bar e o lugar onde ocorreram os shows. 


Alkanza ficou com a responsabilidade de iniciar a noite, essa foi a primeira vez que cobrimos um evento do grupo, após virar um quarteto recentemente. Como sempre, Alkanza chegou na hora e montou seu equipamento em silêncio, como quem não queriam nada. O baixista Gustavo, novo membro da banda, sincronizada todos os instrumentos e todos juntos montaram o mapa de palco conforme queriam. Deixaram o instrumental impecável, mesmo com a acústica a desejar do local conseguiram deixar todos os instrumentos bem definidos, era a hora da destruição. Mesmo faltando a luz a banda soube se impor no palco e a experiência contou nesse ponto, não deixaram a peteca cair e voltaram ainda mais fortes. De certa forma me arrepiei com a forma como Thiago Bonazza evoluiu e transformou seu vocal em algo surreal. Tivemos a felicidade de presenciar as novas músicas do futuro disco e podemos adiantar, vai vir matador. Foi um dos melhores shows da noite e posso dizer, o melhor do Alkanza que já vi.



A segunda banda foi a Threzor, de Thrash Metal. Formada por Lucas Souza (vocal/guitarra), Gabriel Theofelo (guitarra), Matt Prusse (baixo) e John Kuntze (bateria), mostrou a que veio executando um set com sete músicas autorais e um cover de Battery, do Metallica. O show marca a estreia da banda, que iniciou seus trabalhos no final do último ano, mas já lançou seu primeiro single e tem previsão de lançamento de um EP em agosto. As músicas da Threzor são muito bem elaboradas, há um equilíbrio notável entre peso e melodia. O trio de cordas tem uma sintonia perfeita! As composições possuem riffs e solos marcantes, baixo e bateria frenéticos e vocal com picos agressivos. A performance da banda, assim como as músicas, não deixou a desejar: show animado, com grande entrosamento entre os integrantes e um frontman muito comunicativo. Dá pra dizer que a Threzor já conquistou um público em seu primeiro show… E isso é muita coisa!




Hellio Costa veio de Laguna, Santa Catarina, mesma terra do Alkanza e obviamente, também não decepcionou. A formação da banda é uma mescla de Alcooholic Trendkill, Diemordiante, Alkila, Su.CK, Doscaravelho e tantas outras bandas do cenário sul catarinense, todos amigos de longa data e com influências que se unem, criando assim a sonoridade da banda. A música destaque de toda a apresentação com certeza foi “Pastor Valdomiro”, uma música para essa figura ilustre no qual engana milhares de pessoas e mesmo assim, sai numa boa. Também tivemos o single “Sangue na Marreta” uma música com uma história misteriosa do grupo, sem falar nos bons covers como de Hatebreed e Ratos de Porão. Como já tinha dito em outros momentos, a banda fez bem em convocar Frank Rodriguez para os vocais, o cara é pura energia no palco e consegue cativar o público, logo, as primeiras rodas começaram a se formar, voando até almofadas para todos os lados, rs. Certeza absoluta que Hellio Costa saiu com a missão cumprida, uma das poucas excursões realizadas para o evento e a energia no palco foi absurda, banda que alcançará vôos altos. 


Foi a vez, então, do trio de Death Metal Deadpan assumir o local. A banda, formada por Gustavo Novloski (vocal/guitarra), Anderson Biko (baixo) e Igor Thiesen (bateria), possui público fiel, que conhece muito bem suas músicas, com direito a participação de um fã na faixa “A Mature Song”. No meio do show, recebemos a ilustre presença do alien, característico da banda. A Deadpan possui álbum intitulado “In Aliens We Trust”, que tem como tema a visão de um extraterrestre analisando o funcionamento da sociedade humana, questionando atitudes de senso comum de diferentes regiões e culturas. Com um Death Metal muito bem executado, associado à uma performance impecável, a Deadpan deixa sua marca na noite. 


Chegou a vez da maranhense Jackdevil. O que dizer desse show? É bem difícil transmitir em palavras, mas vou tentar. A Jackdevil monta seus equipamentos e inicia um teste de som com nada mais nada menos que um trecho de “Thrash or Die”. A inexistência de palco na casa tornou as coisas bem intensas entre o público e a banda! Seu set incluiu desde as mais conhecidas, como “Under The Metal Command”, “Age of Antichrist”, “Evil Strikes Again”, até músicas que são verdadeiras obras, como “Bastards in the Guillotine” (como não mencionar aquela introdução no baixo?). O show da Jackdevil é sempre surpreendente e literalmente de tirar o fôlego: os caras quebram tudo do começo ao fim. A banda encerrou com Rito de Satán, versão em espanhol da Satan’s Rite, faixa do seu último álbum. Mas, pra além do show, é muito importante comentar a acessibilidade e carisma desses caras. André Nadler (vocal/guitarra), Renato Speedwolf (baixo), Ric Mukura (guitarra) e o mais novo integrante, Fernando “Hellboy” (bateria) se mostram muito disponíveis para conversar com o público antes e depois do show. Deu até pra trocar aquela ideia sobre a turnê europeia da banda que, segundo eles, teve um saldo positivo monstruoso: contatos, alcance de público e muita experiência. Como fã, devo dizer que é sempre motivo de orgulho falar da Jackdevil.


Chegou a hora da Marreta entrar em cena. É a segunda vez que cobrimos um evento com a banda e é sempre incrível vê-los no palco: há muita energia, disposição e integração com o público envolvida. Sob o estilo do Hardcore e com letras críticas à estrutura sociopolítica que vivemos, a Marreta é formada por Felix Sebastian (vocal), Ricardo Rocha (guitarra), Cassiano Oliveira (baixo) e Cassio Casarin (bateria). Com vocais em espanhol, a banda se autointitula latino-americana, preservando forte uma relação de identidade e resistência.




Infelizmente as bandas, Axecuter, Sin Rejas e Pugna Prole não participaram do evento, sobre o motivo, apenas Axecuter se manifestou, deixando uma mensagem na página do evento. Na nota de cancelamento, um dos membros do Axecuter disse: “Infelizmente o AXECUTER não poderá participar desse evento, por motivos profissionais e logística de um dos integrantes. A banda tentou buscar outra maneira de manter sua participação, mas realmente não deu certo.“, Pugna Prole e Sin Rejas não se manifestaram sobre a não participação no evento.

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