Com a abertura do MadZilla, Saxon trouxe muita energia para São Paulo em noite memorável no Tokio Marine Hall


Feriado de Proclamação da República, quarta feira, um calor de rachar. Esse é o cenário do dia 15 de novembro, Tokio Marine Hall, região de Santo Amaro em SP.



Casa grande, fazia um tempo que eu não entrava em uma estrutura tão bacana pra assistir show. Horários cumpridos à risca, pessoal interno super organizado e receptivo, tudo bem profissional.

Entrei na casa, um quarto de lotação, notei que o público era formado por cabelos brancos e carecas involuntários, grisalhos e semi calvos, camisetas que outrora pretas agora são cinzas escuro… É… Eu também!

Às 19 horas em ponto sobe ao palco Madzilla, faz duas músicas com o som bastante prejudicado pelo técnico de som, principalmente com os tambores mais agudos da bateria que estão estouradíssimos nas caixas de som e sem que ninguém esperasse, Mr. David diz: “Olá amigos, somos a banda Madzilla de Las Vegas e Viemos aqui fazer um som legal pra vocês”. Sim, assim, em português!



O cara se preocupou em aprender o nosso idioma para se comunicar de forma melhor do que bandas brasileiras o fariam.

O show correu muito bem, músicas executadas com bastante tranquilidade, pegada Thrash com riffs em compassos quebrados, meio progressivo, bastante empolgante. Me chateou bastante ver o público xingando e criticando… Percebo que as gerações mais novas tem a cabeça um pouco melhor para novidades, o público mais voltado para o antigo só deseja mais do mesmo.

Infelizmente a banda sofreu muito com problemas técnicos variados ao longo do evento. O legal foi que não se abalaram e entregaram um show muito bom mesmo assim!

Tudo certo então, 20:30, palco montado, bandeira hasteada, casa lotada de mais cabelos acinzentados ou faltantes, vamos aos detalhes sobre a saída de emergência da casa e apagam-se as luzes para a entrada dos vovôs!

Um parênteses aqui: Sinto-me incrivelmente honrado em viver na mesma época de bandas com esse tempo todo de estrada. Vide Grave Digger, Judas, Maiden, Exodus, etc, etc, etc. Não importa o estilo, mas sim a idade dos músicos. É simplesmente fantástico ter a oportunidade de assistir senhores na casa dos 70 anos entregando um show que muito jovem abaixo dos 30 não consegue.



Banda no palco, introdução rolando, primeiros acordes de “Carpe Diem” comendo nos ouvidos e a energia da banda é empolgante e contagiante. Os ingleses são só sorrisos e dancinhas, parecem adolescentes brincando com seus brinquedos novos. Simplesmente sensacional.

Seguimos com “Motorcycle Man” e “Age of Steam” para só então conversarmos um pouco com o Vô Biff, que é total simpatia. Começamos ˜Power and Glory” e Biff pede os coletes do público, que obedece prontamente e faz chover umas 5 peças de roupa no palco. Ao longo do show todos foram devidamente autografados e devolvidos, mas não sem antes serem vestidos por todos da banda.

O show segue bastante visceral, bruto, incansável até a décima música, quando Fábio Lione é convocado ao palco para interpretar “Ride Like the Wind”, uma versão fantástica de Christopher Cross.



15 músicas, 15 socos na orelha, 15 “Caramba, os velhinhos estão arregaçando” e partimos para o final do show. Depois da icônica “Wheels of Steel” a banda sai do palco e se prepara para o bis.

Menos de 2 minutos se passam e já estamos novamente recebendo o tranco de “The Pilgrimage” seguida de “747 (Strangers in the Night)” que, do nada tem uma parte do meio cantada por Tim “Ripper” Owens que apareceu no palco como que por mágica (e saiu da mesma forma).

Banda se despede, faz foto, conversa, vai embora e… TEM MAIS

Segundo bis com “Denin and Leather”, “Princess of the night” e “Strong Arm of the Law”.

Agora sim, acabou! Mas que noite amigos!

Este que vos escreve nunca teve Saxon como banda de cabeceira. Sempre ouvi algo aqui ou ali, mas sem grande acompanhamento ou ansiedade por material novo.

Depois de ontem com certeza estarei mais atento com as novidades (Que em Janeiro de 2024 devem surgir), e da mesma forma terei mais carinho com os materiais já lançados.

Fica aqui o meu recado para o público chato… Entendam que os próprios integrantes das bandas já se renderam ao novo e provavelmente se inspiram em coisas modernas pra entregar pra vocês um som de qualidade. Parem de sair de show reclamando de setlist, de pano de fundo, de roupa de artista… Curtam o evento, não tem como uma banda com mais de 40 anos de carreira tocar apenas as mesmas músicas que você ouviu na sua adolescência… Obrigado

Nota mental – Quero ficar velho assim também. Valeu



Saxon é formado por: Peter Biff Byford – voz, Paul Quinn – Guitarra, Doug Scarratt – guitarra, Nibbs Carter – Baixo e Nigel Glocker – bateria


Set List
1. Carpe Diem (Seize the Day)
2. Motorcycle Man
3. Age of Steam
4. Power and the Glory
5. Dambusters
6. Dallas 1 PM
7. Heavy Metal Thunder
8. Sacrifice
9. Crusader
10. Ride Like the Wind
11. Dogs Of War
12. Solid Ball of Rock
13. And the Bands Played On
14. Never Surrender
15. Wheels of Steel
Encore:
16. The Pilgrimage
17. 747 (Strangers in the Night)
Encore 2:
18. Denim and Leather
19. Princess of the Night
20. Strong Arm of the Law

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.