O dia Internacional da Mulher é importantíssimo para a humanidade e nos dias de hoje, as mulheres estão longe de ser sexo frágil. Nos dias atuais, principalmente no cenário musical independente, as mulheres estão ocupando seus lugares e demonstrando que são eficazes no que estão comprometidas a fazer, portanto, neste dia especial convidamos musicistas, produtoras, assessoras e envolvidas com o cenário musical a dar um depoimento sobre este dia e também, falar um pouco sobre o que veem na cena, confira:




“Não é importante que falemos do nosso dia de luta, é essencial, imprescindível, mandatório em dias difíceis em que vivemos. Nossa sociedade vive dia após dia diminuindo, agredindo e dizimando nós mulheres. Falar não só em nosso dia de luta, mas todos os dias é o que precisamos, pra dizer o quanto lutamos não só para conquistarmos de volta nossos espaços subtraídos, sejam eles no underground, em nossas carreiras, como profissionais, mães, ou o que quer que tenhamos escolhido para nossas vidas. Um projeto extremamente importante dentro do universo da cena underground é a “União das Mulheres do Underground” que não só faz um trabalho incessante de divulgação e catalogação das bandas de mulheres ou com mulheres no underground brasileiro, mas também realiza estudos, debates, questionamentos inerentes à participação da mulher num espaço majoritariamente ocupado por homens, seja no punk, no metal, no hardcore ou em qualquer segmento de música que abranja o underground. O aumento da presença das mulheres na música ainda é muito pouco, comparado ao número de homens ocupando esses espaços. Ainda temos um trabalho muito grande pela frente, se quisermos que meninas cresçam com algum instrumento nas mãos ao invés de bonecas e tomarmos todo esse espaço que é nosso por direito de volta! Siga o “União das Mulheres do Underground” no Facebook!” (Gabriela Delgado – Cosmogonia)


“O Dia Internacional da Mulher poderia ser muito bem o Dia Internacional da Luta da Mulher. Uma data com que surgiu para lembrar a sociedade das conquistas sociais das mulheres e ainda assim, insistem em fazer acreditar que hoje é um dia para presentes e agrados. Não! Todo dia eu quero ser respeitada. Todo dia eu quero poder trabalhar sem ser assediada por entrevistado, por jornalista, por blogueiro, por músico. A importância desse dia se torna cada vez maior em uma sociedade que tanto mata mulheres por simplesmente serem mulheres. Que humilha as mulheres que desejam seguir seus sonhos de ter uma banda, ter o seu projeto criativo. Que hoje seja o início do fim de tanta injustiça, e como indicação para esse dia, a música “Triste, Louca ou Má”, da banda Francisco, El Hombre.” (Júlia Ourique – Orbe Comunicação)

O Dia Internacional da Mulher é importante pelo seu simbolismo: a conscientização sobre os direitos femininos. Uma questão importante devido à ignorância por parte de muitos em relação ao papel da mulher na sociedade. Na música, existe uma forte presença das mulheres, principalmente no pop. No rock e no metal, apesar de termos grupos e musicistas femininas de renome, a situação ainda não é tão comum. Ao meu ver, hoje há maior respeito às mulheres que sobem aos palcos e a todas aquelas que trabalham nos bastidores. A maioria entende que a competência não está relacionada com o gênero, mas obviamente ainda existem pessoas bastante atrasadas. Acredito muito no poder da música e na sua capacidade de inspirar as pessoas. O fato de termos cada vez mais mulheres bem sucedidas no meio, trazendo mensagens positivas e de força e coragem, pode inspirar mais mulheres a serem as protagonistas de suas vidas.” (Aline Happ – Lyria)

“O Dia Internacional da Mulher é importante para nossa evolução como seres humanos.  Saber que esta evolução só teve a possibilidade devido à muitas mulheres guerreiras no passado. Como mulher e buscando ainda mais esta evolução, vejo o grande diferencial que representamos na música, não só dando a cara a tapa, como frontwoman, por exemplo, mas também nos bastidores, como fotógrafas, produtoras e jornalistas. A propósito eu e a Julia Ourique possuímos um podcast sobre música e tudo o que envolve este meio, chamado Acadêmicas do Bar, que está prestes a estrear. Entendemos que este conteúdo é mais um motivo para empoderar as mulheres sobre um assunto em que os homens são a maioria” (Monica Possel – Hamen)

“O Dia Internacional da Mulher é um dia que deve ser celebrado por ser um dia de conquistas. E no meio da música não é diferente. Cada vez mais, as mulheres estão conquistando o seu espaço e se unindo para mostrar que devemos ter direitos iguais aos homens! Esse dia ajuda a lembrar que todo dia é o nosso dia. Quanta luta todas nós enfrentamos diariamente? Seja como musicista, fotógrafa ou qualquer área relacionada a arte, a luta é a mesma. Feminismo é importante e vamos todas nos unir para lutar pelo tratamento igualitário em todos os setores!” (Helena Accioly – Melyra)


Acredito que esse dia seja pra comemorar as lutas diárias das mulheres pra ter respeito e reconhecimento pelos seus feitos. Tenho acompanhado cada vez mais mulheres trabalhando no mercado da música e isso é maravilhoso!! Guitarristas, baixistas, vocalistas, técnicas de som e roadies além de produtoras musicais e de eventos que se juntam pra inserir cada vez mais manas num cenário tão machista.   Essa união e o apoio a projetos como Girls Rock Camp, Women’s Music Event, Sonora ajudam a cada vez mais a fortalecer a rede feminina na música. Como guitarrista, técnica de som e Roadies. Já ouvi todo tipo de comentário. Que eu não devia estar nessa profissão por que carrega peso demais, que mulher não serve pra ser cabeça de equipe, que mulher tocando guitarra é estranho. A gente enfrenta esse tipo de coisa todo dia! Mas isso não impede que erguemos a cabeça e briguemos pelo nosso espaço. (Bianca Santos – Maluria)

“O Dia Internacional da Mulher é muito importante para lembrar e conhecer mulheres que fizeram e fazem a diferença em diversos ramos. 
Na música, vejo que temos mulheres incríveis inclusive no Brasil, e é por isso que tento criar conteúdos que mostrem essas profissionais. Tem muita banda boa com mulheres na sua formação e sei que elas tem tanta capacidade quanto as grandes vocalistas internacionais (as conhecidas “Godesses Of Rock). Ainda temos muito espaço pra buscar, mas sinto que estamos trilhando um belo caminho.” (Letícia Nunes – Metal Etílico)

“Pra mim, o dia internacional da mulher tem um significado “a mais” por ser o dia do meu aniversário (hehe). Contudo, de uns anos pra cá, graças ao meu (constante) processo de desconstrução e conscientização, além de festivo, o dia 08/03 é, para mim, bastante reflexivo. Apesar da romantização em torno desta data, não podemos olvidar que lá em 1857, mais de uma centena de mulheres foram brutalmente assassinadas pelo simples fato de estarem requerendo o que lhes era devido. Mulheres foram mortas por serem mulheres! Isso seria cômico se não fosse trágico. Mais trágico ainda é pensar que, por mais que já tenhamos tido um certo avanço quanto ao nosso reconhecimento e valor, situações assombrosas ainda nos acontecem. Trazendo a fala para dentro do meio underground, sempre ouvimos histórias onde uma mulher teve as suas prerrogativas violadas, fazendo com que o machismo ainda acabe imperando no meio. Felizmente, o espaço na cena vem se tornando cada vez mais aberto e receptivo para nós, mulheres; mas, mesmo assim, a luta ainda é árdua e constante, precisamos ser diligentes e unidas em prol do que merecidamente é nosso. Avante!” (Thabata Solazzo – O SubSolo)

Pelo que eu percebo, nós nos fazemos cada vez mais presentes no cenário musical. E isso é extremamente positivo, pois abre portas para que novas produtoras, fotógrafas e musicistas apareçam. Antes de entrar pro Inraza, eu escrevia resenhas de discos de metal e até arriscava algumas matérias mais incisivas, comi artigos de opinião. Me tornei uma pessoa confiante para escrever sobre música. Mais do que se você me pedisse pra fazer isso 5 anos atrás, quando eu achava que meu conhecimento nunca seria suficiente. Dias como esse servem para nos lembrar de toda a nossa luta, tanto interna quanto externa. Temos que lembrar que sempre irão haver pessoas querendo deslegitimar a nossa presença nos espaços, mas não podemos nos apagar por conta da opinião alheia. Afinal, esse incômodo que geramos significa que as coisas estão mudando. E não é esse o nosso objetivo? Eu construí amizades muito valiosas, como a da Haney, cantora com a qual fiz uma parceria em seu último álbum, Scarlett, na música Tear the Tower Down, que fala justamente sobre questões das mulheres. Converso também constantemente com as meninas das bandas Anfear, Ofyr, Lasting Maze, Fenrir’s Scar e Flowerleaf. É muito bom e importante que nós criemos essas redes de apoios, pois são pessoas que passam por coisas parecidas comigo. E, ainda assim, ver o ponto de vista de mulheres com realidades tão diferentes nos enriquece enquanto pessoas. Eu espero que a gente consiga atingir um cenário de equidade, onde ser mulher em uma banda não seja algo fora do comum. E não apenas isso: temos fotógrafas, videomakers, retadoras e entre outras profissões cuja representatividade feminina floresce cada dia mais.  Acredito que juntas nós todas estamos contribuindo para um futuro melhor.” (Stephany Nusch – InRaza)

“Sou jornalista e trabalho com música há cerca de sete anos. Há cinco, fundei a Build Up Media, uma assessoria de comunicação voltada para divulgação de artistas independentes. Desde então, acompanho com otimismo os movimentos desse mercado, que tem muitas possibilidades de crescimento e também muitos desafios. Tenho o privilégio de acompanhar a “gestação” de variados trabalhos musicais, alguns deles ainda em processo de composição, passando por finalização, lançamento, turnê, até que esse ciclo se fecha e outro se inicia. O acesso à informação e a processos de produção mais artesanais (e menos custosos) abriu muitas portas para artistas antes invisíveis às grandes gravadoras. Para a representatividade feminina, foi uma nova gama de possibilidades que antes não estavam disponíveis. Hoje, vemos mulheres não só se destacando enquanto instrumentistas, intérpretes e compositoras, mas tomando para si um lugar como produtoras musicais e de eventos, videomakers, fotógrafas, curadoras de teatros, festivais e casas de shows. Onde havia uma grande lacuna de canções que representassem as muitas mulheres brasileiras da atualidade, agora há uma presença forte de artistas competentes de diversos sotaques, identificação de gênero, orientação sexual, cor de pele, estilo musical. Nos cenários onde circulo – indo da música clássica ao funk, passando pelo rock e pop – vejo uma presença inegável de mulheres nos mais variados setores da troca musical, assinando de press releases a contratação de shows. No entanto, ainda há muito a progredir. A partir dos avanços já feitos, precisamos ver mais mulheres ocupando espaços técnicos – de som e iluminação, por exemplo; estampar mais cartazes de festivais (alternativos ou mainstream), numa proporção igualitária em relação a artistas masculinos; ganhando editais públicos ou privados; gerenciando selos e gravadoras, sejam independentes ou majors. Os avanços são inegáveis, os desafios também. Seguimos em frente” (Nathália Pandeló – Build Up Media)


Se antigamente mulher dentro do rock/metal era sinônimo de groupie, hoje as coisas são bem diferentes. Tem mulher tocando, cantando, produzindo eventos, escrevendo, fotografando, filmando, produzindo arte, toda uma cena acontecendo. É uma gangue de mulheres. Eu mesmo, tô na cena e não toco em bandas. Tenho uma produtora de mídia especializada em shows e eventos, o Flashbanger. Com o canal do YouTube realizo cobertura de festivais de rock/metal e fico muito feliz em sempre encontrar várias mulheres nos bastidores. O dia de hoje é um dia pra ser lembrado, não celebrado. É uma data para lembrar que ainda temos que reivindicar a igualdade de gênero. Mesmo hoje. E por o underground ser um ambiente predominantemente masculino, a gente tem que ocupar espaços, a gente tem que falar, exigir ser ouvida e respeitada. E continuar a produzir com muita qualidade.(Steph Ciciliatti – Flashbanger)

“Obrigada novamente pela a oportunidade de fala, é sempre um prazer. Até hoje nós sabemos o quão é difícil ser mulher numa sociedade ainda muito patriarcal.Ter uma data para não só enaltecer todas as nossas conquistas passadas, como o direito ao voto por exemplo, mas também para nos lembrar de que ainda há muita luta pela frente e que não podemos sossegar até obtermos mais respeito; leis que nos protejam de qualquer tipo de violência; acolhimento às vítimas; mais oportunidades e piso salarial igualitário ao dos homens. O dia internacional da mulher é importante para nos lembrar de que somos capazes, livres e que temos uma força de mover montanhas. Por isso eu digo, não tenha medo Mulher, você é linda sendo você mesma e portanto, você consegue conquistar muitas coisas. Eu fico feliz de ver bandas amigas, como por exemplo a Vênus Wave ou Teorias de um Amor Moderno, conquistando um pouco mais de espaço com suas músicas na rádio, mas ainda sinto falta de um movimento feminino na cena underground e aqui em São Paulo as coisas são bem difíceis. Sinto falta de mulheres trabalhando na direção e produção, que compartilhem do mesmo  pensamento de empoderamento feminino e não da vulgarização do nosso corpo. E sabendo que só uma mulher pode entender outra mulher, fica mais fácil de lidar com situações onde acabam sendo constrangedoras, quando tenho que discordar de um homem. Mas torço para que um dia essa cena mude para melhor, porque precisamos de uma geração de meninas que gostem de Rock e que queiram trabalhar por trás de suas lentes ou que estejam no palco exibindo o seu talento, porque ela merece estar ali e não ficar na sombra de seu namoradinho. É tempo de ser a protagonista. Eu estou tentando fazer o meu melhor para “construir algumas pontes”, acredito que futuramente os passos dessas garotas para o estrelato fique menos sofrido. A Vox Ignea tá na estrada faz uns três anos, mas ainda carrego uma sensação de que estamos apenas começando. O futuro é feminista. Doa a quem doer e a Vox Ignea faz parte disso. Gostaria de aproveitar e indicar o trabalho de três mulheres escritoras modernas, poetisas que me inspiram muito. 

Rupi Kaur  
– Outros jeitos de usar a boca 
– O que o sol faz com as flores 
Amanda Lovelace 
– A bruxa não vai para a fogueira neste livro 
– A Princesa salva a si mesma neste livro
e Ryane Leão (Brasileira)
– Tudo nela brilha e queima.
“E não esqueçam de empoderar as mulheres. Beijos.” (Raquel Lopes – Vox Ignea)


“Ser mulher é entender que habita uma força maior que nós mesmas não sabemos que possuímos. Uma força selvagem que nos foi roubada ao longo dos séculos de dentro de nós para sermos domesticadas  nos modelando  conforme a religião, cultura dentro de cada sociedade.  Ao decorrer do tempo surgiu figuras fortes como uma fonte de inspiração e com essas inspirações fomos perdendo alguns medos como lutar pela igualdade, a luta contra o machismo. Como foi difícil e como ainda é… Fico aqui pensando como falar sobre esse assunto a começar sobre que época devo me referir!? Eu poderia falar sobre as mulheres de milênios atrás, mas talvez meu desabado aqui fosse grande demais… Então eu possa começar pela parte em querer encurtar um pouco a minha saia e passar aquele batom vermelho. Já que estamos em um blog Underground não irei medir palavras ao estilo. Estou falando sobre os ANOS  60 com muitas mudanças no comportamento, principalmente pelo início do rock and roll aonde se via mulheres com as suas roupas comportadas, vestidos e saias rodadas começavam a dar lugares as calças cigarette, que revira volta, não é mesmo!? A década de 1960 foi considerada uma época de liberdade, principalmente para as mulheres. Agora vamos nos perguntar o que mudou daquela época para o ano 2000? Muita coisa já havia se revolucionado. Mulheres com seus direitos trabalhistas, a participação na politica, educação, saúde. Mas ainda no ano de dois mil eu ouvia muito: – Não use saia curta, mulher que se presa não se usa batom forte (Vermelho) sabendo no fundo que tais comentários eram visto como as tais indiretas sobre as mulheres da vida que buscava seu ganha pão nas ruas que de muitas que estavam ali estavam lutando para sustentar seus filhos que muitas vezes seus maridos haviam largado elas ali mesmo… Agora estou falando do tal batom VERMELHO no dia atual o HOJE, estou falando do ano de 2019 a cor da feminilidade, estou falando da tal força, atitude, expressão de arte!   Ser Mulher é o tempo todo saber equilibrar entre independência e a intimidação. Aonde temos que saber lidar com tais abordagens másculas. Ainda nessa época precisamos saber lidar com assédios nos transportes públicos, ainda precisamos acelerar os passos em ruas escuras na calada da noite muitas vezes depois de um dia ardo de trabalho a onde muitas ainda tem um grande jornada dentro do seu lar seja com seu marido, filhos e de todas as necessidades que exige de uma mulher.  Temos que ser forte a cada suspiro, além da força é preciso doçura, paciência e serenidade.


Importância do dia internacional da Mulher!? Todos os dias são importantes. A cada dia que se passa estamos aqui lutando pelo nosso espaço queremos ser reconhecida em nossos talentos seja no lar em escolas, nas ruas, em áreas militares, Hospitais e até mesmo em grandes gabinetes… Queremos a liberdade sobre o nosso corpo  a onde a igualdade pelo simples sair na rua sem ter medo de que seu espaço e seu corpo sejam invadidos. Eu Tailana Furni Torres que possuo diversas etnias correndo em minhas veias (Indigna, Alemã, Italiana, Negro e muitas outras que desconheço) luto contra todos os tipos de preconceito todos os dias. Luto todo dia no meu papel como filha, mãe, esposa, amiga. Sou uma grande sonhadora… Além das minhas conquistas no cotidiano da vida já fui bailarina, ginasta, modelo, já vivi no mundo do circo, hoje ainda espalho arte refletida no mundo circense, trabalho com crianças em festas infantis, faço reproduções como cosplay e pinturas artísticas, sou fotografa e ainda produzo um grandioso festival dentro do gênero Rock/metal. Talvez para uns não signifique nada, mas para mim tem muito mais valor um sorriso tirado de uma criança. Uma foto de família retratada em tradições e historias congelada em um único clique, a igualdade e o respeito dentro da musica e assim vai… Aos poucos estamos quebrando as barreiras seja ela por sua classe, cor, religião…  Hoje respiro arte, musica e fogo … Aos poucos ganhamos nosso espaço como mulher no palco, na TV, no Jornal. Espalhando muita arte e cultura. Conquistando respeito, valorização. Aqui fica meu único recado para toda a mulherada do nosso mundo!  “Descobrir-se. Tornar-se. Definir-se, transformar-se. E a cima de tudo, aprenda-se, amar-se como mulher.” (Tailana Furni – Rock in Hell do Campo)

Falar do dia “Internacional das Mulheres” não é simplesmente falar.É uma luta diária onde estamos construindo tijolo por tijolo um mundo o mais igualitário possível. Vejo que no decorrer dos anos cada vez mais eu divido palco e bastidores com muito mais mulheres do que há 14 anos atrás quando formei minha primeira banda. Me lembro que eu era quase como uma pseudo masculinizada intrusa no clube do bolinha. A gente se vestia e se portava igual aos caras pra ser aceita. Hoje tá tudo mais florido tenho grandes amigas fotógrafas e produtoras que estão a cada dia inspirando mais garotas e mulheres a fazerem o que gostam sem perder sua essência feminina.E principalmente sem precisar se masculinizar pra exercer tais funções. Me sinto muito mais a vontade, inclusive.” (Thais Amaral – Endigna)

Ser mulher no meio da música, pra mim, significa representatividade acima de tudo. Em todas as bandas que participei, a proporção de homens e mulheres na composição do grupo fizeram total diferença no meu crescimento. Quanto maior o número de mulheres, maior foi o apoio que recebi para vencer minhas dificuldades como vocalista e frontwoman. A diferença mais brutal de experiência foi ter entrado na Velvet Lips e ter visto como a dinâmica era diferente e o quanto uma banda composta essencialmente por mulheres inspira várias outras a ocuparem os espaços que têm vontade. Quando uma musicista se liberta e conquista seu lugar, ela silenciosamente influencia outras a se libertarem e acreditarem no próprio potencial. Em espaços onde vemos muita representação masculina, cada mulher que ganha visibilidade empodera todas as outras que estão no caminho.” (Lena Albino – Velvet Lips)


“Oito de março é importante na sociedade atual porque é um dia que tem incitado a união de mulheres ao redor do mundo. Isso é um ponto positivo que a tecnologia trouxe, a comunicação entre as mulheres. É um dia para refletirmos sobre a nossa luta individual e coletiva, pra rever algumas coisas que ainda não entendemos, pra lembrar que você não deve nada a ninguém e que não deve se subjugar a aquilo que você não quer. O movimento feminista cresce mais a cada oito de março. E isso é tão incrível quanto pode ser trágico. Estamos incomodando demais. Então o pedido que deixamos aqui à vocês é que fiquem atentas e prevaleçam unidas. A participação de mulheres na arte tem crescido mais a cada dia, então valorizem-as e inspirem-se na força e coragem, na sutileza e beleza artística, nos timbres raivosos e nas melodias de belas canções. Na energia da dança e no misticismo da meditação. Nas cores das pinturas e no olhar especial das fotografias. No poder da natureza e na força do Universo… Estamos em toda parte e em todos os lugares  merecemos estar. Não aceite que digam que você não pode estar ali ou que não deveria fazer algo. Você pode tudo o que seu coração sentir e muito mais. Então Floresça todos os dias! Até o fim do patriarcado e além.” (Géssika Facchin – Special Drink)


Mulheres que marcaram a história do rock. O Dia Internacional da Mulher foi criado com o propósito de enfatizar e lembrar a todos sobre a luta das mulheres por direitos e igualdade. Desde sua criação a luta é constante, e as mulheres tem conseguido aos poucos seu espaço. No rock não poderia deixar de ser diferente. Diversas mulheres de atitude deixaram -e deixam-  a sua marca na história. Neste 08 de março, vamos relembrar suas trajetórias e homenagear algumas delas. Janis Joplin, feminista e dona de uma voz de arrepiar. A cantora e compositora é conhecida como rainha do rock e ganhou o mundo ao participar do festival de Woodstock, em 1969. Rita Lee, a rainha do rock brasileiro é cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira. Quando era integrante dos Mutantes foi a primeira mulher a personificar o rock psicodélico no Brasil. Rita Lee deixou o grupo e 1972 para monta a banda Tutti Fruti.  Seis anos depois, investiu em sua carreira solo, acompanhada pelo marido Roberto de Carvalho. Patti Smith, cantora, escritora, compositora, musicista, poetisa e fotógrafa. Ela surgiu na música no ano de 1975 com o primeiro álbum punk da história, e ficou conhecida como a poetiza do rock. Feliz dia da mulher! Ocupe o seu espaço e faça que sua voz seja ouvida.” (Mariana Luz – Metal Etílico)

É incrível pensar que eu faço parte da história da mulher desse século e principalmente no meio underground. Não só eu mas como outras mulheres que conheço. Muito difícil antigamente você ver uma mulher fora de casa pra trabalhar, e hoje em dia (ainda bem) somos livres e independente, podendo fazer o que bem entender. Claro que ainda existe o bendito preconceito sobre nós, mas nós somos maiores que isso. Vejo muitas amigas hoje em bandas underground e que bate de frente mesmo, como a banda Cosmogonia que inclusive lança um novo EP hoje após 13 anos. Isso é maravilhoso. Aliás, parabéns meninas. (Risos)  É incrível ser lembrada nesse dia e saber que eu faço a diferença nessa história e encorajo outras mulheres a fazerem sua história como algumas mulheres que me inspiram a não desistir, algumas delas são: Dayane Mello – fotógrafa, Karen Lusvardi – fotógrafa, Andréia Assis de Brito – fotógrafa, Talita Weh – produtora. Degy Sousa – minha inspiração  de amor próprio. Poderia fazer uma lista de mulheres maravilhosas empreendedoras,  mas eu tenho certeza que você homem ou mulher conhece essas  mulheres, e devem enaltecer todos os dias por terem elas por perto. Como sua mãe, sua namorada, suas amigas, então basta olhar pro lado. Tenho orgulho de chegar onde cheguei e sei que posso ir mais além. Sou redatora, radialista, apresentadora, filha, irmã mais velha, sou mulher de muito valor, assim como você que está lendo minhas palavras. Mulheres, não tenham medo de querer ser o que vocês desejam, acreditem no potencial de vocês, feche os olhos e vai, só vai! Cada dia eu vejo mais mulheres dominando o espaço que antigamente era só do “homem” e fico feliz por isso, direitos iguais que fala né?! Obrigada mulheres por me darem força pra fazer a diferença. Obrigada galera do O SubSolo pelo convite e oportunidade de me expressar sobre esse dia. Mulheres, feliz dia pra nós” (Danie Caetano – Reticências Music/Metal Etílico)

“O Dia Internacional da Mulher serve para nos lembrar da força que nós mulheres temos para lutar pelos nossos sonhos, independentemente das dificuldades diárias de assumir muitas vezes a chefia de uma casa, a maternidade e a paternidade, a jornada dupla de trabalho (CLT + afazeres do Lar), a dificuldade de ter que provar dia após dia no ambiente corporativo que é tão capaz quanto qualquer outra pessoa, dentre as demais dificuldades que muitas mulheres enfrentam, mas vencem com louvor dia após dia. A presença da mulher nos mais variados cargos públicos de alto escalão e profissões mais diversificadas nos faz entender que o lugar da mulher é onde ela quiser estar, na hora que ela quiser e no momento que ela decidir se colocar. Ser mulher é ter garra, força, raça, é bater no peito e ir pra cima, ser mulher é ter consciência que não precisamos de ninguém para nos fazer feliz, a não ser nós mesmas ao alcançarmos nossos próprios sonhos e objetivos, e, se por um acaso, alguém quiser nos acompanhar e somar em nossas vidas, será bem vindo, desde que, ame sonhar os nossos sonhos conosco, pois um sonho que se sonha junto é muito mais incrível e consequentemente recíproco, caso contrário, no way baby! Feliz dia Internacional da Mulher para todas as Mulheres!” (Ellen War – Rebotte)



Ser mulher hoje não é fácil, entretanto, posso afirmar que em outros tempos foi ainda mais difícil! Se hoje temos mais liberdade e usufruímos de direitos básicos como trabalhar, estudar, votar e conquistar nossa própria independência financeira, foi devido às inúmeras lutas e conquistas das mulheres que nos antecederam. Certamente devemos estar orgulhosas das nossas conquistas, mas é importante lembrar que ainda há muito a ser alcançado. Nosso papel hoje é continuar exercendo nossa autonomia e, especialmente, dar a mão àquelas que sofrem mais opressão que nós. Muitas sofrem pelos fatores externos, mas muitas ainda sofrem pelas amarras que colocaram em si próprias, seja por medo dos julgamentos ou pela incessante cobrança que sofremos. A mulher moderna deve entender que todas nós estamos juntas, no mesmo barco. A histórica competitividade entre as mulheres deve ter fim, para que, dessa forma, consigamos nos fortalecer, apoiar e encorajar umas às outras. Abraçar nossas fragilidades e enaltecer nossas potencialidades. Se aceitar e se amar é um ato de coragem! Conquistar o espaço que é nosso por direito ainda é um desafio, mas tenho certeza de que conseguiremos chegar lá, e ainda mais longe! Ocupem a cena underground, ocupem os espaços de trabalho, posições que disseram que vocês não ocupariam, mostrem seu potencial, mas, sobretudo, reconheçam-se como seres de poder inigualável e infindável. Neste Dia da Mulher, desejo que possamos unir forças e acolher a todas as irmãs com amorosidade e admiração. Parabéns, mulheres! Eu sei das suas lutas e valorizo todas elas. Você é um Ser incrível, acredite e confie.” (Jordana Aguiar – O SubSolo)

O Dia Internacional da Mulher deveria ser um dia para celebrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Porém, o que acontece ainda é um processo lento… muitas bandas com mulheres ainda são menosprezadas, muitos festivais ainda escolhem majoritariamente bandas com homens, na hora de escolher um técnico de som ou um fotógrafo sempre vem um profissional do sexo masculino primeiro na mente (salvo raras exceções). Deveria ter mais conscientização, pois não faltam bandas com mulheres, faltam oportunidades. Hoje quem mais dá oportunidade para outras mulheres no Brasil são as próprias organizações femininas e feministas. Coletivos, selos e produções feito por mulheres que alavancam umas às outras. Isso é lindo de se ver, porém não é o suficiente quando o assunto é igualdade.” (Yasmin Amaral – Eskröta)

“Mulheres x Underground. Uma breve consideração aos olhos de quem vive o meio. Meu nome é Nathalia Neiva, tenho 23 anos, sou mulher e participo do meio underground há 5 anos, sendo os últimos 2 anos de forma diretamente ativa com o projeto Coletivo Brasa. Ao longo dessa minha pequena trajetória, conquistei espaços, fiz amizades incríveis e pude conhecer mulheres extremamente talentosas e determinadas, porém assim como na sociedade como um todo, infelizmente a batalha não é apenas profissional. Há muito tempo a luta feminina se tornou uma atividade cultural, uma vez em que o machismo ainda se encontre tão presente quanto em tempos remotos. Hoje a mulher ainda é vista como objeto e instrumento para a formação (ou não) do caráter masculino, ou seja, a ideia de uma mulher traçar seu próprio caminho e seguir seus ideais ainda é muito vaga.

Infelizmente, na cultura ocidental e principalmente na oriental, muitas mulheres ainda não tem o poder de decisão sobre suas próprias vidas. Obedecer significa manter-se viva. E convenhamos, manter-se viva em um mundo onde 6 mulheres morrem a cada HORA vítimas de feminicídio (fonte: ONU), é uma tarefa bem difícil. Por meio destas conclusões, chego ao ponto de partida: o Underground. Por que a voz ativa feminina é tão poderosa no underground? Simples! Nós somos quem fazemos e moldamos o underground, principalmente no cenário Hardcore e Punk, vias que combatem diretamente o fascismo. E o que é o machismo a não ser uma derivação do próprio fascismo? Justamente por isso é de extrema importância a presença de mulheres para a desconstrução constante do meio. Muitas ainda sofrem abusos psicológicos ligados ao machismo sem se dar conta, simplesmente por assimilações culturais vistas como “normais”. Felizmente existem muitas mulheres tomando a frente e colocando em práticas projetos maravilhosos e de grande importância para o feminismo dentro do underground. Segue uma listinha de alguns projetos: Coletivo Brasa (esse é meu hehe): Fundado em agosto de 2017, o projeto visa com prioridade integrar como um todo o cenário hardcore/punk/alternativo independente do estado de Santa Catarina. O’brien’s Irish Pub Balneário Camboriú: Bar de temática irlandesa comandado por duas sócias mulheres. Nuzzy Records: Produtora independente do estado de Santa Catarina com foco no Indie/Alternativo. Mulheres do Litoral: Movimento organizado por mulheres no intuito de ocupar espaços sociais e lutar em prol de seus direitos. Vigílias, grupos de estudos e eventos. Bandas com integrantes mulheres: Miami Tiger (SP), Violet Soda (SP), Deb and The Mentals (SP), Naome Rita (PR), Ataq Coletivo (SC), Nouer (SC), Profasia (SC). Finalizo esta consideração desejando um feliz dia da mulher apenas como simbolismo para as inúmeras batalhas que todas nós travamos diariamente. Desejo força e que sigamos unidas! Aproveito a oportunidade para convidar a todas para conhecer o projeto Coletivo Brasa. É sempre muito boa a troca de energia positiva e o respeito que se faz presente durante nossos eventos. Inclusive, lanço aqui um spoiler: 20/04 Violet Soda (SP) no O’brien’s em Balneário Camboriú pelo Coletivo Brasa. Muito obrigada O Subsolo pelo espaço. “Tamo Junto!” (Nathalia Neiva – Coletivo Brasa) 


“Guarde suas flores e pense em quantas bandas com integrantes mulheres você ouviu nessa semana. Poucas? Nenhuma? Estranho você estar em uma cena gigante como essa do Rock e não ter tantas bandas com mulheres no mainstream, não acha? Já parou para pensar nisso? O motivo é simples: bandas com integrantes mulheres não tem espaço em quase nenhum festival, nem grandes gravadoras e, para estar na mídia, tem que ser excepcional ou ter o visual bem padrão. Ainda hoje, quando vamos a um show de punk rock ou a um estádio de futebol somos recebidas com hostilidade. Que mulher nunca ouviu “achei que você estava acompanhando o seu namorado” e “mas então explica o que é um impedimento”? Não,  não temos que provar nada a ninguém. Mas ainda estamos neste século XXI com essa super cara de Idade Média. Mesmo assim, seguimos. Nas pequenas lutas diárias, essas tão exaustivas, continuamos firmes. Desejo para nós, mulheres de todos os tipos, que não percamos a força (já que a paciência é pedir demais, eu sei) – e pra nós, feliz mais um dia.” (Thabata Vieira – O SubSolo)


“Acredito que nunca houve tantas bandas com mulheres quanto nos dias atuais. E são mulheres plurais: negras, brancas, indígenas, asiáticas, que pautam questões de denúncia como a violência contra a mulher, o racismo, a vivência da mulher periférica, até temas mais banais como questões cotidianas. O fato é que uma mulher em um palco não precisa dizer nada. O simples fato dela estar lá tocando ou cantando, já alimenta o subconsciente de muitas outras e isso é incrível! Apesar da quantidade ainda ser considerada pequena, houve um crescimento muito grande de mulheres engenheiras de som, técnicas de palco e áudio, produtoras de show… E nos últimos anos elas tem incentivado outras minas a se profissionalizar nesse ambiente também. O “faça você mesma” evoluiu para o “uma puxa a outra” e a qualidade com que os eventos em que essas mulheres estão atuando tem se mostrado fantástica.  Indico a página do coletivo que participo: União das mulheres do underground, em que publicamos todas as bandas independentes que contenham pelo menos uma mulher na formação. Já publicamos 500 nomes e ainda temos muito o que indicar. Quatro coletivos muito bacanas compostos somente por mulheres que tem sido atuantes na produção de eventos nos 2 últimos anos: o Girls to the front, de Fortaleza/CE, o Bitchcraft Productions de Belém/PA, o Levante das Minas em São Paulo/SP e o Faça Você Mesma de Salvador/BA. Todos eles tem produzido shows com protagonismo feminino que vem sendo muito elogiados em suas regiões.” (Nata Natchthexen – Manger Cadavre?)


“Dia 8 de março, data simbólica para comemorar direitos adquiridos e a luta das mulheres pela igualdade e por respeito. É dia de comemorar a força de tantas mulheres que perderam suas famílias, e até suas vidas. Se sacrificaram em prol de ideias que nos beneficiam hoje. Mas também é dia de lamentar, lamentar pelas mulheres que ainda são julgadas, agredidas e mortas. Lamento pela lavagem cerebral que permite que mulheres compactuem, crucifiquem, contribuam com a violência com justificativas pífias contra outras. Algumas batalhas foram vencidas, mas a guerra ainda não acabou. Toda Revolução começa dentro de si. Pra Renascer é necessário deixar morrer algo, então que morra a culpa, o medo, a apatia, o conformismo e a desesperança. Gostaria de conseguir despertar em cada mulher esse ímpeto e fome pela luta, e de alguma maneira lembrá-las que se faltar forças para brigar por você, faça pelas suas filhas, pelas suas netas, irmãs, primas, mães, avós… Você não está sozinha, e a sua luta é a nossa luta. (ao lado, a arte de Juh Leidl sobre o dia de hoje, a arte foi batizada como “Female Crucifixian)” (Juh Leidl – Threesome)


Para quem ainda não me conhece, meu nome é Suzy, sou responsável pela imprensa, mídias sociais e fotografia na produtora Som do Darma. Neste dia Internacional da Mulher, vou compartilhar uma das minhas mais recentes experiências que a função que exerço dentro do segmento do rock/metal me proporcionou. Já fiz duas turnês europeias, a primeira foi em 2015, e a mais recente, foi no final do ano passado, com uma banda do Brasil e outra dos Estados Unidos. Foram 40 dias fora da minha zona de conforto, dentro de uma van, somente com homens. Rodamos 8 mil km, e pensei, por ser do sexo frágil, não teria forças pra aguentar até o fim das turnês. Nos 19 shows que fizemos, dava pra contar no dedo da mão quantas mulheres estavam presentes, na maioria acompanhadas de seus namorados. Todos os produtores, membros das equipes técnicas e motoristas, eram do sexo masculino. Não pensa que por ser mulher me aliviaram… Carreguei malas pesadas, instrumentos e registrei com fotos e vídeos todo o rolê. Houveram dias que pirei (rs), estava tão cansada e não tinha tempo pra fazer as necessidades básicas de uma mulher: a convivência foi tão intensa que estava perdendo minha feminilidade. Sobrevivi a todos os desafios com sucesso, mas nada teria acontecido se me intimidasse ou negasse essa experiência. Quando as tours acabaram, eu me questionei… Onde estão as mulheres que não estão ocupando o espaço dentro da cena do metal? Onde estão as mulheres nos shows? Onde estão as mulheres profissionais da área ocupando a função que hoje pertence somente aos homens? Onde estão as mulheres pra tomarem umas brejas comigo? Onde estão as groupies? A cada 100 veículos de imprensa que conheço, apenas 1% são lideradas por mulheres. Meninas, Mulheres e Mães, ocupem os lugares no mundo que também nos pertencem por direito! Não tenham medo, arrisquem e vivam a vida com alegria, música boa, respeito e responsabilidade.” (Suzy dos Santos – Som do Darma)


No dia 8 de março celebramos o dia internacional da mulher, nossa luta já é antiga e graças as nossas antepassadas que lutaram pelos nossos direitos pudemos chegar onde estamos hoje, podemos votar e ir além, podemos chegar à presidência! É importante lembrar que apesar da importância da data, todos os dias são 8 de março e nossa batalha é diária, não queremos flores, queremos respeito! No underground eu já enfrentei várias situações constrangedoras sendo baterista, coisas que não teria que ter enfrentado se fosse homem, já fui desrespeitada por técnicos de som, já tive que sair do backstage pra usar o banheiro pois no mesmo só havia banheiro masculino, já tive show boicotado por pedir pro roadie tirar um bumbo da bateria pois eu usava apenas um, sendo que eu havia mandado meu rider e mapa de palco pra equipe, e o pior, já pediram pra recolher minha pulseira de acesso ao backstage pois lá só era permitida a entrada das bandas e não de namoradas, ou seja, todo dia um 7×1 diferente, mas em contrapartida o que me conforta é ver que cada vez mais cresce o número de mulheres no meio, é lindo olhar e ver mulheres tocando, fotografando, produzindo, organizando grandes festivais, escrevendo resenhas pra blogs, lançando selos, o underground não é feito só de bandas, precisamos de toda essa junção de funções para que ele aconteça e ver isso ocupado cada vez mais por mulheres me enche o peito de orgulho, estou nessa a 14 anos e a 2 anos venho trabalhando também como voluntaria no projeto Girls Rock Camp em Curitiba, é um projeto que vale a pena conhecer, são meninas de 7 a 17 anos que em uma semana aprendem um instrumento, montam uma banda e no sábado fazem um show, são formadas várias bandas e nessa semana além de aprenderem música, elas aprendem sobre zines, stencil, defesa pessoal, história das mulheres na música…E acima de tudo aprendem sobre feminismo! A cada dia que passa estamos ocupando mais esse espaço que sempre foi nosso e só pedimos uma coisa, igualdade! Gostaria de Recomendar o trabalho da fotógrafa Steph Ciciliatti que também tem um canal no Youtube chamado Flash Banger (https://www.facebook.com/flashbangermidia/) e a fotógrafa Vanessa Boettcher (https://www.facebook.com/VanessaBoettcherMetalPICS/), como produtoras gostaria de citar a Mariana Ferucio que produz o festival Submundo em São Paulo, as irmãs Laura e a Liziane Castegnaro que produzem o Maniacs Metal Meeting em Santa Catarina e a Luara Leão que produz o festival Bruxaria em Brasília, as bandas eu gostaria de recomendar dezenas delas, mas recomendo conhecer o trabalho da Manger Cadavre?, Rastilho, Soror…enfim deixarei o link da página União das Mulheres do Underground Brasil onde diariamente são postadas bandas com mulheres na formação: https://www.facebook.com/uniaodasmulheresdounderground/ e gostaria de recomendar o trabalho maravilhoso do Girls Rock Camp Curitiba, segue o link: https://www.facebook.com/girlsrockcampcuritiba/ (Karina D’Alessandre – Cassandra)



“O dia Internacional da Mulher é uma data pra reflexão, haverá o dia em que essa data será comemorada, mas esse dia ainda não chegou, visto que a sociedade ainda não está em equilíbrio entre os gêneros. O meio musical ainda é um espaço masculino, nem todas tem o apoio necessário nesse cenário, num passado recente muitas mulheres assinavam suas canções com codinome masculino para que fossem aceitas pela sociedade, por exemplo, mas isso tem mudado, mais artistas mulheres estão se mostrando e trilhando o caminho das artes e o espaço está se abrindo para elas, as produções que privilegiam artistas mulheres ajudam muito. Eu produzo o Sonora, que é um festival Internacional de compositores e muitas pessoas me perguntam: por que um evento só pra elas? Por que o cenário musical ainda é muito masculino, por que muitas mulheres ainda estão no processo de entenderem que podem sim ser artistas e pra que essa mensagem chegue a mais mulheres, é mulher mostrando para mulher que é possível. A mulher aos poucos vai se colocando nos espaços que ela deseja e não onde a sociedade quer que ela esteja.” (Juliana Waterkemper – Colher de Chá)


Esse é um dia muito bom e ideal para incentivar, relembrar e celebrar a importância do papel feminino na sociedade. A mulher atua em diversas áreas, colabora, integra e mesmo encontrando dificuldades em áreas dominantemente masculinas, ela não desiste até realizar o seu papel em total igualdade de desempenho. Há muitos projetos legais que incentivam a criatividade e inclusão feminina, no ramo musical, um projeto muito legal é o SONORA. O “Sonora – Festival Internacional de Compositoras” é um festival que surgiu em 2016 a fim de dar visibilidade e legitimar a presença da mulher compositora no cenário musical, estimulando o seu fortalecimento no âmbito individual por meio da coletividade. O processo de gestão e produção do festival é todo executado por mulheres (cis e transgênero), de forma colaborativa, a partir da construção de uma rede de compositoras-produtoras. O Sonora é organizado através de um núcleo de coordenação geral/mundial (Deh Mussulini, Flávia Ellen, Amorina, Joana Knobbe e Isabella Bretz) e um núcleo de produção local em cada cidade onde é realizado. Muito ainda há para se conquistar de valores, direitos e ações. Por isso é tão importante fomentar, divulgar, participar de ações que integrem, unifiquem e fortaleçam o gênero feminino em suas diversas áreas de atuação para assim incentivar as mulheres a serem e fazerem  tudo o que elas realmente querem e almejam. Feliz Dia da Mulher!” (Denise Bueno – multi-instrumentista e vocalista / projeto solo)


“Feliz dia das Mulheres a todas! O dia das mulheres a cada ano se torna mais e mais uma data de conscientização de nossas lutas. Principalmente no Heavy Metal. Me enxe de orgulho ver tantas mulheres incríveis assumindo papéis importantes no metal mundial, ou simplesmente indo à luta no dia-a-dia pra alcançar o sonho na música. E isso não são apenas as musicistas, nosso time maravilhoso de mulheres que estão envolvidas indiretamente é fantástico. Tenho muitas amigas que fotografam, fazem resenhas, designers, vloggers, que são batalhadoras natas englobando no cenário do heavy metal nacional. Todo dia esse número aumenta, e todo dia nós nos apoiamos umas as outras pra todas crescerem, profissionalmente e emocionalmente. Nós sabemos que ser uma mulher no heavy metal não é uma tarefa fácil, por muito tempo sofremos preconceitos, e ainda sentimos na pele as injustiças dirigidas ao nosso trabalho. Mas, nós, guerreiras do metal, não nos deixamos assustar, sempre temos atitude, companheirismo e o amor pela música corre em nossas veias.” (Laura Borssatti – Vocalista de Metal)

O dia internacional da mulher possui uma grande representatividade, pois é o momento em que temos a chance de estar em foco e sermos ouvidas. Assim podemos expor nossa opinião sem medo, mostrando quanto o caminho percorrido pela luta feminista foi tortuoso até chegarmos aqui. Até hoje lutamos por igualdade, algo mínimo para qualquer gênero, algo que não deveria ser visto como privilégio, e sim como direito. Muitas coisas ainda precisam ser melhoradas, mas ao vermos cada vez mais mulheres ocupando cargos importantes e realizando seus sonhos, independentes de quais sejam, isso acaba nos inspirando a continuarmos batalhando pela melhoria das condições de trabalho e como somos vistas pela sociedade a qual estamos inseridas. A ascensão das mulheres na música é motivo de orgulho e incentivamos que cada vez mais elas subam aos palcos. Conseguem ver maior liberdade de expressão do que na música e na arte? Poder expor seus ideais e objetivos em uma canção é tão libertador, que acaba nos encorajando, inspirando umas às outras a seguirem lutando, porque unidas somos mais fortes. Muitas mulheres perderam o medo, pois já o enfrentaram diversas vezes e continuam enfrentando com garra. Independentemente de estar em cima do palco ou nos bastidores, a força da mulher é presente, desde expondo sua voz no microfone ou tocando um instrumento até ajudando o seu parceiro ou parceira a carregar os equipamentos de som da banda, fotografando, escrevendo, compondo. Alguns podem não perceber, mas elas sempre estão lá, ocupando as mais diversas funções e dando seu melhor. Posso citar projetos incríveis no cenário nacional que estão crescendo bastante, estes comandados por mulheres que mostram toda a sua força e qualidade: como a banda INRAZA comandada pela Stephany Nusch, a Haney comandada pela Nina Furtado, a ANFEAR pela Andressa Lé, a FENRIR’S SCAR pela Deze Rezende, FLOWERLEAF pela Vivs Takahashi, SACRIFICED (Kell Reis). Cada uma delas apresenta um cotidiano distinto, trabalham em diferentes áreas e possuem uma visão de mundo diferenciada. Mas o que todas nós temos em comum? A luta por reconhecimento em meio a um cenário que nos subjuga (dominado por homens) e a busca por entregar um trabalho de qualidade com os recursos que temos disponíveis.” (Grazy Mesquita – Lasting Maze)”


O Dia Internacional da Mulher sempre me fez refletir sobre superação, afinal como bem sabemos esse feriado é marcado por uma tragédia contra mulheres guerreiras que além de enfrentar a rotina cansativa de cuidar da casa e da família que todas nós conhecemos bem, também lutavam por melhores condições de trabalho não só pra elas mas para todos o trabalhadores. Nesse dia internacional da mulher de 2019 eu cheguei a ouvir uma mulher comentar que nem dá muita importância para a data pois faz  parecer que existe alguma diferença entre homens e mulheres, que é como se a data existisse para fazer uma divisão que não existe. Eu me calei com o comentário, pois temos que respeitar a opinião de todos, mas não concordo, justamente por conta da história que envolve a data. É um dia que deve sim ser lembrado e devemos sim ser exaltadas, pois a luta por espaço e reconhecimento NUNCA acabou. Somos guerreiras lutando a cada dia em todos os setores da sociedade por respeito e igualdade. Não é diferente no underground e na música no geral, já cansei de ver pessoas que olham garotas na música como um enfeite pra deixar a banda mais bonita e chamativa, já cansei de ver o preconceito babaca de pessoas que associam garotas na música com músicas fofinhas e cantadas com voz doce e meiga… Não estou dizendo que seja ruim esse tipo de música, estou dizendo que é chato quando julgam pela capa. Eu particularmente já ouvi vários feedbacks de rapazes surpresos positivamente pela minha presença de palco durante os shows da L.O.T.U.S. e pela minha postura para me impor e conversar. Acredito que os mesmos também ficariam surpresos ao assistir ao show da REBOTTE(Lívia Almeida e Ellen War) e da DRIVE.IN ( Bruna ) pelo mesmo motivo. Hoje a mulherada tem mais liberdade pra ter banda ou trabalhar nos bastidores como fotógrafas, jornalistas e produtoras de eventos a exemplo de várias amigas que conheço como a Dayane Mello e Yasmin Balbino(fotografia), Carla Maio  ( Jornalista e membro ativa da associação cultural do rock guarulhos) e Flávia Menezes (produtora de eventos e também membro ativa da ACRG). Hoje temos uma quantidade maravilhosa de mulheres que estão a cada dia mais mostrando que somos tão capazes ou até mais capazes que muitos homens e não somos o que querem que sejamos, somos o que queremos ser. Desejo a todas um feliz dia das mulheres, não só na data em si, mas em todos os dias. Mantenham-se firmes, força aí mulherada.” (Natalie – L.O.T.U.S)


8 de março não é uma data sobre nossa beleza, delicadeza ou qualquer outra característica construída por anos de submissão. Mas sim um dia para exigirmos que nossa existência não precise ser uma batalha diária. Muito além das flores e mensagens nos parabenizando, que essa data sirva para contestar os pilares de uma sociedade patriarcal. Que os nomes das operárias mortas por defenderem seus direitos, nunca sejam apagados da história. Entender o esforço das mulheres que vieram antes de nós é a melhor forma de compreender nossa posição. Tudo que conquistamos é fruto de anos de luta e de rostos que, muitas vezes, não conhecemos. Todo espaço ocupado por uma mulher é uma forma de avançar cada vez mais. Principalmente quando esses espaços são majoritariamente masculinos, existir como mulher é revolucionário. Cada ato para visibilizar nosso trabalho é extremamente significativo. Ouçam, comprem materiais e apoiem de qualquer forma possível o trabalho de uma mulher. Essa luta é nossa!” (Leandra Sartor – Urussanga Rock Music)


Agradecimentos
Ingrid Gerlach (O SubSolo)
Maior incentivadora desta matéria e sendo sempre o apoio de envio e embalagem do merchandising e coletâneas d’O SubSolo



Julia Ourique (Orbe Comunicação) 
convidando amigas e assessoradas para participar da matéria e sendo braço direito da matéria.


Steph Ciciliatti (FlashBanger)
 convidando amigas para participar.


Thabata Solazzo e Thabata Vieira (O SubSolo)
Por comporem a equipe feminina d’O SubSolo. 


Jordana Aguiar (O SubSolo, sempre)
Por mesmo estando afastada da equipe, sempre ajudando quando possível.
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.