Pesado e com muita qualidade. Assim podemos resumir o som do Capadocia, banda paulista de thrash metal, que me soa como um Sepultura atualizado, mesclado com novas pegadas e influências mais atuais. É uma banda forte e com som potente, que sabe misturar a levada mais percussiva com guitarras venenosas de tal forma que cria um som que não deixa a cabeça do ouvinte ficar parada. É sem dúvidas uma baita duma pedrada que merece ser conhecida por todos aqueles que estão em busca de bandas que trazem o thrash metal aos dias de hoje.

O álbum “Leader’s Speech” é composto de nove músicas, que certamente dão orgulho aos fãs do metal nacional. A faixa de abertura, “Ferida“, é a única em português do disco, e já chega mostrando o nível que a sequência terá. Marcio Garcia traz um peso enorme em suas guitarras, junto com a bateria devastadora de Palmer de Maria, que alterna o groove com velocidade e também com percussão bem tribal. O baixo de Gustavo Tognetti coloca pressão na cozinha da banda, criando a sonoridade perfeita para o headbanger mais exigente. O vocal de Baffo Neto é bem peculiar, tendo suas linhas muito bem trabalhadas no disco. Grave e rouco, é o grito desesperado das letras apresentadas. Depois de aberta essa ferida, não tem como fechar sem ouvir o álbum todo.

Standing Still” abre o caminho para as letras em inglês, com uma pegada percussiva bem forte e riffs matadores. A música foi inclusive a trilha do primeiro video-clipe da banda, dono de mais de 18 mil visualizações. Na sequência o thrash groovado de “Everybody Hates Everybody” traz uma pegada que pede um violento mosh pit. Os instrumentos seguem afiados e fatais como o fio de navalha em “Leaders in the Fog“. São várias influências que vêm a mente do ouvinte, mas a mistura de tudo isso resulta em um som incrivelmente alucinante.

“Stay Awake” traz uma levada mais lenta que as pedradas anteriores, apostando em uma pegada mais pro groove que pro thrash, fazendo a cabeça acompanhar as marretadas na bateria. A música seguinte faz o banguear mudar de ritmo. A pegada tribal de “Snake Skin” é destruidora. É impossível não ficar impressionado com a bateria das músicas do Capadocia. São linhas muito bem elaboradas e diferentes para cada música. Roubam a cena e Palmer merece fácil uma nota 10 em cada faixa.
A “Lord of Chaos” é a mais curta do álbum. A duração das músicas, no geral, não passam de muito mais do que três minutos. A proposta é clara: trazer músicas fortes, marcantes e rápidas. Sem enrolação, são diretas ao ponto, sem perdão algum. Talvez por isso os irmãos Cavalera tenham convocado a banda para ser abertura de um dos shows do Cavalera Conspiracy. É música pra quebraceira, pra banguear e louvar o metal brasileiro.

Survival Instinct” talvez seja uma referência aos que vão aos shows da banda. É necessário instintos de sobrevivência para sair vivo de uma roda com essa porrada rolando ao fundo. Mais uma música com as guitarras destilando veneno enquanto a cozinha faz os preparativos para a matança. O baixo estralando dá um toque fatal na levada, enquanto a bateria segue mortífera.

O álbum entra na saideira com “Sounds of an Empty Gun“. Confesso que ouvi o álbum várias vezes enquanto escrevia essa resenha, e sempre me decepcionava com essa música… apenas por ela ser a última. É sem dúvidas uma obra quase impecável, que vale a pena ouvir muito mais do que uma vez. Vale prestar atenção em cada ouvida em um instrumento, pois são todos extremamente bem executados. São traços de thrash metal, de groove, de death… É metal puro, executado como o heavy metal deve ser executado, fazendo qualquer um que ouvir tentar acompanhar a bateria com as pernas, fazer air guitar e banguear ao ritmo dessa banda incrível que é o Capadocia. Metal brasileiro está muitíssimo bem representado neste álbum.

Formação:
Baffo Neto – vocal e guitarra
Marcio Garcia – guitarra
Gustavo Tognetti – baixo
Palmer de Maria – bateria

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Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.