Que porrada, amigos, que senhora porrada. Desde meu primeiro contato com o som dessa banda eu senti toda a energia que esse quarteto tem a transmitir, e gostei muito disso. É viciante, do primeiro segundo ao último, a ponto de querer mais. Os paulistas da Kliav mandaram muito bem nesse disco que leva o mesmo nome da banda. Eles puxaram elementos de muitos gêneros que me agradam, com vocais que remetem muito a um New Metal do naipe de Slipknot, mas também com pegadas de Groove que me lembraram muito de Sepultura (e os outros projetos do Max Cavalera) e Pantera. Difícil colocar a banda dentro de um gênero, talvez sequer seja necessário, já que o que importa é que é um metal de uma puta qualidade. Cara, que som!

Frente do trabalho, com o rosto enfaixado e sombrio de “Incógnito”
Ter esse disco em minhas mãos é sem dúvidas uma honra. Ele carrega muita força, e é muito criativo o trabalho feito nele, por inteiro. O lyric book foi muito bem bolado, com a ideia de que as letras foram arrancadas diretamente do caderno do compositor e ido direto para colagens nas mãos do ouvinte. A capa traz a misteriosa face do vocalista Theago “Incógnito” Liddell, que cobre seu rosto com faixas, expondo apenas seu cabelo, olhos e boca.

Antes um quinteto, hoje a banda aposta em apenas uma guitarra.
Da esquerda: Piu Loko, Renan Alonso, Theago Liddell e Bruno Renato
A banda sabe jogar, e se o visual já era uma surpresa, as gravações surpreendem ainda mais. Os trabalhos vocais são incríveis, muito bem arranjados, elaborados e executados. Na segunda faixa, “8.8.0.” eu fico sem palavras pra definir o quão sensacional ficou tudo feito nela, com destaque pros vocais. O trabalho instrumental é foda também, a guitarra é matadora, com riffs que, não importa o que esteja acontecendo ao seu redor, faz sua cabeça banguear! Acredito que houve inspiração da música “Floods” do Pantera para alguns trechos dela, e isso ficou excepcional, baita sacada da banda.
Antes dessa, a abertura fica por conta de “Nekatumba”, que abre com o baixo e um jogo de vocais, sendo acompanhados da bateria, bem “tribal”, como é a proposta temática dessa música. Logo chega a guitarra com umas oitavadas interessantes e riffs bem groovados. A mudança do inglês pro português durante a música dá pontos positivos logo de cara. Como eu disse, a banda sabe jogar e não tá pra brincadeira nesse disco.

Poderia falar faixa por faixa desse álbum, pois TODAS, sim, todas as faixas são empolgantes, energizantes e totalmente Metal. Se alguém deixa de conferir a banda só por causa das influências mais contemporâneas está cometendo um erro sem proporções. “Fame’s Virus” é uma surra no seu ouvido, que já emenda direto com “Can You Hide”, que mantém a linha destrutiva da banda. Vale ressaltar que apesar do peso empregado pela banda, ela ainda busca muita melodia dentro das canções, com passagens limpas muito interessantes, que enriquecem o som da banda, sem tirar a sonoridade pesada.
Outras duas que merecem destaque são “São Paulo é Ódio” e “Bullet Time”. A primeira, inteiramente em português, é um grito rasgado de angústia, em protesto ao caos vivido na maior cidade do Brasil. A música é daquelas que são perfeitas para ouvir o público cantar junto. Refrão com palavras fortes e marcantes. Mesmo vale para a segunda, que é o clipe mais acessado no canal da banda no YouTube, sendo assim a música mais conhecida do disco.

É um CD e tanto, amigos. A banda surge com muita força do underground paulista, sem dúvidas com potencial para se destacar no mar de bandas que o estado conta. É um metal com elementos que agradam aos headbangers mais exigentes, e também aos que estão entrando nessa onda de metal mais pesado por agora, estando mais por dentro das bandas que estão despontando no cenário internacional atualmente. Kliav chega para mudar a visão de muitos metalheads sobre metal contemporâneo, provando que quando o peso é trabalhado da maneira certa, não há preconceito que faça sua cabeça que fique parada.

TRACKLIST
1. Nekatumba
2. 880
3. Fame’s Virus
4. Can You Hide
5. White Flag
6. São Paulo É Ódio
7. Bullet Time
8. Crop System
9. This Is A New Kliav
INFORMAÇÃO TÉCNICA
Theago Liddell – vocais
Piu Loko – guitarra
Renan Alonso – baixo
Bruno Renato – bateria
Produzido, editado, mixado e masterizado por Guilherme Malosso, no Estúdio RG (Americana/SP), demais instrumentos foram gravados em outros estúdios.

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Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.