Início Apokrisis Resenha: Misanthropy – Apokrisis (2020)

Resenha: Misanthropy – Apokrisis (2020)

Imagina que bacana receber um disco de uma banda que você conhece algum integrante para resenhar? E quando o integrante é antigo parceiro de banda também?


Acabo de abrir a arte de capa do Misanthropy (e dos singles também) e vejo que o artista é o baixista Emerson Soares, que foi meu parceiro no Synnoveriem por alguns anos no passado. 

É gratificante demais receber notícias de amigos assim, com uma banda de alto nível e claro, na ativa! O Apokrisis se formou em 2007, em SP.
Vamos lá, capa incrivelmente recheada de detalhes e abordando um tema bem interessante de acordo com o release: “…a fúria das pessoas que buscam a fé para resolver seus problemas e não são atendidas pelos seus deuses…”. Tema fantástico, de fato!


Resumidamente, temos um Buda semi carbonizado, num altar, com diversas simbologias religiosas e presume-se que o próprio fiel quem ateou fogo à divindade, pela explicação prévia.


Vamos começar a audição então, Souls Collector, começando o álbum com música longa, 7 minutos e pouco, já logo de cara percebe-se a qualidade da produção com bastante nitidez em todos os instrumentos e um peso muito agradável. O riff é bem trabalhado e a música desenvolve bem, sem ser cansativa. O refrão tem a dinâmica mais baixa do que o restante da música, o que faz uma técnica de composição bem interessante. Normalmente o que ocorre é o exato contrário. 


Faixa 2: Absinthe from the Gods – O tema religião é algo bem interessante pra mim, gosto muito de ler e de aprender sobre isso, então um disco com esse tema é super bacana para raciocinar e filosofar. Nessa faixa temos diversas facetas de voz, o que deixa a música com mais movimento. Particularmente gostei mais do vocal agressivo do que da voz limpa, mas obviamente o vocal é extremamente competente.


Partiremos para Without Absolution, que começa com uma quebradeira gostosa de ouvir, som bem pesado e vejo que o baixista continua um monstro musical! O baixo (normalmente de 6 cordas usado pelo Emerson) deixa a música muito mais pesada e agressiva. Definitivamente um som para balançar a cabeça até o pescoço cair!


4 – Bloodlust, a faixa começa com mais cadência, agora entrou mais o lance progressivo, deu pra sentir mais as partes quebradas do estilo, extremamente bem colocadas. Não se trata de um progressivo de difícil compreensão e sim de partes bem definidas e cheias de expressão.


O próximo som é Bodhisattva, que no Budismo significa a iluminação ou ser iluminado. Para os Budistas, a pessoa que busca a iluminação de Buda ganha essa alcunha. O som tem só 2 minutinhos, e começa com vozes bem interessantes, um riff mais voltado para o ostinato e, apesar das vozes iniciais, se trata de um som instrumental, como um interlúdio. 


Faixa 6 – Memories – Som mais rápido, pesado, baixo super vivo no riff, produção com evidência o que a banda tem de melhor, ou seja, um produtor que soube escutar a banda e entregar um trabalho bem feito! A música é bem envolvente e as nuances conseguem transportar o ouvinte para a temática. Até então, minha favorita.


Seguiremos para The Psalm of Mankind Decadence, intro de bateria, riff pausado, ataques de voz, receita completa para o som ser monstruosamente bom! Partes de voz meio faladas, um negócio meio descompassado, gerou um clima super interessante. Gostei muito do desenrolar da música. Ainda me incomodo um pouco com as partes limpas de voz, mas já notei se tratar de uma característica da banda e do músico. Estou me acostumando. (ah, tem solinho de baixo, vale muito prestar atenção!)


Quase no final, Sumerian – Essa já começa com detalhes matadores de todos os instrumentos, música muito bem composta, tive que ouvir duas vezes para me atentar e perceber todos os detalhes possíveis. Achei que pudesse ser uma baladinha, mas me enganei! Sumérios foram um povo de por volta de 4000 a.c., região mesopotâmica, povo que desenvolveu tipos de escrita, pictogramas e etc. Eu acho fantástico transpor conhecimentos históricos para a música. Arte por cima da arte, é lindo de se ver e ouvir!


Último som desse disco incrível, Quantum Messiah, mais progressivona também, bem pesada, crescente! Esse som tem umas cadências no início que me remetem diretamente ao momento de show, isso é bem legal! Em seguida, temos um solo de um instrumento étnico, pegada maio árabe, fiquei na dúvida se é um “Oud” ou algum outro instrumento que o valha. O que importa é que a sonância é fantástica! A música segue pesada e vai se modificando. Temos um teclado rolando no meio do som, e o tecladista é um fantasma, não foi mencionado em momento algum do release.

Bom, disco ouvido, material muito completo no presskit com fotos, capas do álbum e dos singles, tudo bem explicado e bem montado. Tudo que foi apresentado como identidade visual da banda conversa perfeitamente com o som que eles fazem.


As músicas são todas acima de 5 minutos, exceto pelo interlúdio, mas não é cansativo de ouvir e todo o material é super interessante, dá vontade de ouvir mais.


Minha única queixa é não ser mencionado o tecladista, mesmo que tenha sido algum membro da banda que tenha gravado. Achei curioso não haver uma música com o nome do álbum, mas isso é apenas algo curioso, não é nem crítica nem nada (minha banda também fez isso!).  Vale cada segundo de apreciação!

Material enviado pela JZ Press.

TRACKLIST:
01) Souls Collector
02) Absinthe from the Gods
03) Without Absolution
04) Bloodlust
05) Bodhisattva
06) Memories
07) The Psalm of mankinf Decadence
08) Sumerian
09) Quantum Messiah
FORMAÇÃO:
Rodrigo Sanner – vocais
Evandro Bezerra – guitarra
Emerson Soares – baixo
Alexandre Tamarossi – bateria
SIGA A BANDA:
Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.