
As vezes ficamos presos de mais a um único segmento do metal. Algumas bandas tentam seguir estritamente as raízes do thrash metal ou acabam apostando em um heavy metal simplicista de mais, e esquecem de tentar inovar e trazer algo novo, que acrescente aos ouvintes. O caso de Rygel é exatamente a situação onde a banda não se prende a nenhuma vertente do metal, deixando suas influências os levarem por vários caminhos e acabar em um grande resultado chamado “Revolution“. O álbum lançado neste ano (2015) traz sons que remetem a diversos estilos, mas que dizem por si só que não há um gênero definido, apenas metal.
Com 11 faixas, temos riffs matadores e super bem elaborados, uma quebraceira na cozinha, que conta com um baixo poderoso e uma bateria devastadora, e o vocal impondo letras fortes e marcantes de maneira incrível. É uma banda que conta com uma estrutura fantástica. Existe uma grande harmonia em todos os elementos das músicas, que tornam elas épicas e que soam como hinos clássicos em certos momentos do álbum.
A introdução calma de “Save Me” é totalmente esmagada pela artilharia pesada que vem logo em seguida. Os instrumentos já começam mostrando muita potencia com um som potente e esmagador. O vocal de Wanderson Barreto é um ponto forte da banda, pois reflete perfeitamente a climática da canção. Agressivo em certos momentos, e melódico na medida certa para deixar a música com uma pegada bem interessante. O duelo entre a guitarra de Vinnie Savastanno e o baixo de Ricardo Reis prova que a banda tem suas cordas bem afiadas.

“Worst in Me” é a faixa seguinte, com destaque para a bateria de Pedro Colangelo, que comanda a cabeça do ouvinte, não deixando ela ficar parada. Não há palavras que possam definir como a banda soa perfeita, pois combina com maestria toques de progressividade em uma climática thrash, que resulta em algo incrível. “The Story Begins” começa devastadora e dá vez para um refrão poderoso, que fica na cabeça do ouvinte. É música pra mosh e pra cantar junto. É um grande hino de heavy metal, pois traz diversas influências aqui, provando que existe uma grande vantagem no metal contemporâneo: existem muitas coisas boas no passado que podem gerar frutos incríveis quando bem trabalhados por uma banda.
A quarta faixa, “Before the Dawn” também traz um refrão forte e marcante, que torna a música outra hino, que deve ser devidamente entoado por todos presentes no show da banda. Na reta final, Pedro dita o ritmo para uma finaleira matadora junto com as cordas da banda. “Mutual Leeching” é uma baita duma paulada, destrutiva e alucinante. É thrash em sua melhor essência, com momentos épicos e com breakdowns pesados. Os solos são maestrais, um show das guitarras nessa faixa… e em todas as músicas.
“Meaning of Life” é a mais melódica do disco. Um belo dedilhado com um riff cavalgado de fundo cria uma atmosfera que mostra a versitilidade da banda. Sentindo falta de peso? Óbvio que não ia ficar de fora, pois surge e é seguido de um solo espetacular. Mas logo voltamos pro refrão que é muito bem trabalhado nas linhas vocais, que vão até o fim da faixa, dando vez para a seguinte: “Arisen“, que já começa fritando nas guitarras. Também tem espaço para um trabalho melódico muito bem feito pela guitarra de fundo aqui, trazendo mais notas limpas no refrão, que dá um toque a mais na canção.

A faixa número 8 tem um início que me agradou bastante. “Repenteance” é bastante progressiva, com riffs contemporâneos e bateria massacrante. O refrão volta a ser outro ponto alto da música: Gritado, alto, potente, pede para ser entoado em voz alta. As guitarras finalizam a música em alto estilo, com riffs épicos.
Na sequência temos “Burning Remains“, que começa com uma guitarra limpa, que logo é substituída por riffs alucinantes, que surgem como um soco na cara de quem tá ouvindo. A banda vai mostrando todo seu poder de fogo, misturando peso com melodia na medida certa. “Damage Done” traz isso à tona novamente, com a mistura de guitarra limpa e outra com riffs pesados. É uma faixa muito bem trabalhada, principalmente as vozes.
A qualidade sonora do disco é absurda, diga-se de passagem. Tudo está soando perfeito aqui, e em “This Man“, faixa final, não é diferente. São 11 músicas incrivelmente bem executadas e gravadas de maneira excepcional. São letras fortes, vocais imponentes, cordas afiadíssimas e linhas de bateria empolgantes. Aos que dizem que o metal moderno não tem nada que presta ou que o metal brasileiro é fraco, este álbum é um belo tapa na cara. Rygel consolida seu nome com esse trabalho como uma das bandas mais fortes de sua região e sem dúvidas já pode alçar vôos mais altos, como o show que fez junto com a Capadócia e a Cavalera Conspiracy. Sem dúvidas é uma banda que promete muito e que tem força pra ir muito longe.
Formação:
Wanderson Barreto – Vocal e Guitarra
Vinnie Savastanno – Guitarra
Ricardo Reis – Baixo
Pedro Colangelo – Bateria
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