Então você está numa banda, todo mundo gente fina, tudo legal, mas e na hora de ser profissional? A banda dá uma decolada, tem show marcado, portfólio crescendo, gravação etc, etc, etc…


Rola uma diferença quando tem um músico profissional na jogada?

É mais tranquilo quando todos estão na mesma sintonia?

E se meu emprego não me permitir viajar com a banda?


Vamos enxergar os casos que podem rolar dentro de uma banda onde músicos profissionais (quem vive da música de um jeito ou de outro) e músicos Hobby (Quem tem trabalhos em outras áreas mas mesmo assim tem banda) convivem e trabalham em harmonia.


Os casos serão os seguintes:

  • Composição
  • Palco


Simples assim, sem rodeios. Banda rodando, chegou a hora de compor:

A ideia da composição pode surgir de qualquer integrante, obviamente, mas e para transformar a ideia em música, de fato? 

É natural que todos tenham a vontade de ver a música fluir e cabe dar palpite. Nesse caso, não existe profissional ou hobby, o importante aí é o som funcionar e ficar bom. É algo muito claro para mim que um músico experiente consiga resolver pequenos problemas de composição com uma tranquilidade e naturalidade maior do que um integrante que não vive nesse meio.

Mesmo assim, ainda fica implícito que qualquer um dos integrantes pode ter essa clareza de raciocínio afinal, quem está por fora do problema pode enxergar uma solução de maneira mais fácil.

Ponto pacífico então, zero vantagem ou desvantagem.


O único ponto a ser colocado sobre o músico profissional nesse caso é a questão tempo. O músico, por trabalhar com o instrumento na mão ou trabalhar na área constantemente, tem maiores chances de evoluir a composição ao longo do dia ou da semana, sem precisar efetivamente estar no estúdio junto com a banda para dar continuidade no processo.

Já o entusiasta, por ter suas obrigações voltadas para outra área, depende daquele momento específico para viver o processo imersivo necessário para dar continuidade.

O caso do palco tende a ser um pouco mais complexo, assim como mencionado em colunas anteriores onde citei o tempo de ensaio, o processo de preparo da banda e todos esses detalhes, até mesmo familiares que podem surgir.

Independente do preparo, quando surge algum evento é sempre uma bomba pro integrante que ficou na dependência de horário a vida toda. “Poxa, mas justo no dia x, cara? Eu tenho reunião de trabalho até tarde e vou me atrasar”. 

Infelizmente, para o músico entusiasta, o show é o alvo porém é algo desgastante quando colocado na ponta do lápis. Apesar de a banda ser algo terapêutico e prazeroso, se o fulano parar pra fazer contas, deve se deparar com o seguinte cenário:


  • Estúdio de ensaio $$
  • Gasolina $$
  • Instrumento (é, entusiastas tem instrumentos bons) $$$
  • Estacionamento $$
  • Bebida da noite (sim, vai superar o cachê) $$$$
  • Noite mal dormida $


Enquanto que para o músico profissional, o palco não só é seu habitat natural como também onde ele gera seu sustento, mostra seu trabalho, aprende, divulga, cresce, aprimora, faz network, enfim… É a sua casa, seu meio.

Para o músico, o show não gera as mesmas despesas por causa do simples investimento e retorno. Os gastos supracitados não acontecem da mesma forma pois o músico investe dinheiro em ensaio e instrumento, não é sua válvula de escape e sim o seu escritório. Bem como o cachê não será gasto em bebidas visto que o músico tem a responsabilidade de receber aquele cachê.


Aí surge o seguinte questionamento:

  • Um ajuda o outro ou um atrapalha o outro?


Vamos entender que em todo grupo existe a necessidade de conversar, expor, demonstrar as necessidades e pontos de vista de cada um.

É praticamente impossível dentro de uma banda, duas ou mais pessoas estarem em desacordo com o caminho escolhido para trilhar.

O que pode acontecer é no meio do caminho alguém precisar desertar para manter um trabalho ou algo similar. O que ocorre na maioria das vezes é que o músico entusiasta pode não atacar com tanta garra para seguir algum caminho mais ousado.

De fato, isso não é um fator determinante para se expulsar alguém de banda, muito pelo contrário, as diferenças sempre ensinam. Como em todas as colunas eu sempre digo que o importante é não ser uma pessoa ruim, nessa aqui fica ainda mais evidente.


É músico profissional? Trabalha na área? Depende disso para viver?


Então se liga:

  • Demonstre para seus companheiros sem jogar na cara;
  • Suas ideias e apontamentos terão peso maior, é natural, seja sensato;
  • Evite julgar o companheiro de banda pela falta de tempo;
  • Evite ao máximo criticar a técnica de forma destrutiva, seja construtivo;
  • É crucial entender que algum evento pode ser perdido por causa de compromissos externos.


É músico entusiasta? Curte tocar por hobby? Desestressa?


Se liga também:

  • Entenda o lado do cara que usa a banda como ganha-pão;
  • Evite jogar na cara que não tem tempo;
  • Tente não deixar de cumprir as obrigações da banda;
  • Verifique a agenda com o dobro de atenção;
  • Evite desmarcar algo com pouca ou nenhuma antecedência;
  • Tente cumprir ao máximo as datas de show.


É muito natural que as pessoas se organizem de forma a montar bandas com integrantes que se entendem e se ajustem de acordo com as suas semelhanças e diferenças. Banda de amigos, banda de curtição e etc.

Quando a coisa fica séria é que acontecem os problemas, o amigo pode virar um problema, pode atrapalhar e ancorar. A ideia aqui é prevenir e dar ideias para resolver.

Pra mim, tudo se resolve conversando e expondo problemas e soluções. Façamos isso, vamos exercitar a amizade e manter a banda saudável com músicos profissionais e amadores, num cenário onde todos consigam se divertir, trabalhar, tirar o estresse e ainda tirar um cachê.

Quando um ajuda o outro, todos chegam mais longe.