Formado em 2014 na capital paulista, o Lacuna era para ser uma banda das famílias Reish’s e França’s, certamente foi até um cero tempo até um dos “Reish” ter que sair por motivos particulares. Mas, a banda nunca deixou de ser uma família e dando cada gota de suor em comum, cada vez vão mais longe, sendo que recentemente lançaram o EP “Doce Ilusão”.

Tivemos a honra de conversar com essa maravilhosa banda. Que você pode conferir agora na íntegra:




Como se deu início ao projeto? Quem é o “Lacuna”?





Denny França: O Lacuna começou como um projeto despretensioso. Eu e o Renato nos conhecemos trabalhando no mesmo setor de uma empresa, e começamos a falar de música. Com o tempo, foram descobertos alguns gostos musicais em comum – e muitos diferentes também. Então, começamos a pensar em nos juntar em qualquer espaço e fazer um som, tocar alguma coisa só para se divertir. Mas éramos só nós dois no início, e precisávamos buscar mais pessoas para poder ter algo mais concreto. Acabamos chamando nossos irmãos, o Willy e o Raphael. As coisas começaram a rolar, e o som realmente começou a sair! Aí já começamos a considerar compor coisas próprias, e tudo foi acontecendo. Hoje, depois de muitas trocas de integrantes, chegamos numa formação sólida e com todos na mesma pegada: fazer música, passar a mensagem e alcançar o máximo possível. Hoje a Lacuna é uma banda que busca fazer um som pesado com identidade, criticando as falhas da natureza humana e colocando a alma naquilo que se faz. 




Renato Reish: O ”da hora” é que nesse começo, nós pensávamos em fazer uns covers diferentões, pegávamos as músicas e dávamos a nossa cara, e isso fortaleceu muito não só o relacionamento mas o entrosamento entre nós ficou legal demais… Isso impulsionou bastante a gente a fazer nossas coisas. 

Willy França: Quando os dois me chamaram pra tocar baixo eu só arranhava um pouco de violão, mas aí pensei “ah, vamos lá né” e aí deu nisso haha. A gente começou tocando uns covers pra se entrosar mas logo a gente começou a dar nossa cara pras músicas, fazia umas versões de música pop e paralelamente começamos a compor, e foi a melhor coisa que fizemos… nunca mais paramos.

Lucas Corral: Eu fui chamado pra um teste, as músicas fluíram bem e além disso foi divertido, demos muita risada esse dia, aí rolou hahahaha. 

Como é a fase de composição de músicas da banda?




Lucas Corral: Essa é uma pergunta interessante pq estamos finalizando a composição de uma música nova. Tem sido um processo bem colaborativo, levamos ideias para o ensaio e todos dão sua opinião e novas ideias que possam surgir naquele momento, um “brainstorm” mesmo. Depois vamos acertando parte por parte para depois tocarmos a musica inteira. Em outras músicas que temos e que ainda não foram gravadas, são sempre bem vindas ideias que deixem as músicas ainda mais legais. No meu caso, entrei com a “jogar o jogo” pronta e sugeri o solo do final da música que a banda gostou bastante. 


O que vocês buscam com as letras? Sobre o que gostam de compor?

Renato Reish: Sempre buscamos fazer com que nossas letras façam quem escute, refletir sobre aquele tema. Geralmente nossas letras falam sobre a natureza humana, política, e tentamos mostrar o que as vezes tá escancarado na nossa cara é muitas vezes não vemos ou até tentamos evidenciar aquilo que está implícito nas atitudes das pessoas e quase ninguém vê.  Evidentemente que nesse conceito críticas sociais sempre estão permeando as letras também, guerras, fome, maldade humana, etc… Sempre pensamos em trazer essa cara para nosso som. 

Denny França: Acho que uma coisa importante é nossa escolha de cantar em português. Pra gente é muito melhor falar nossa língua, do nosso jeito, como se estivéssemos falando diretamente com quem queremos atingir. Pra nós, isso é algo muito importante! Falar nossa língua pra falar de nossos problemas. Muita gente fala que assim podemos perder o público internacional, mas não sei se isso é um fato… Já ouvi uma entrevista de uma banda relevante do Brasil, o Project 46, falando que quando foram tocar fora, quando ainda cantavam em inglês,  os gringos perguntaram se iriam cantar em português, e com a negativa os gringos ficaram meio chateados. Então depende muito, acho que o português tem que tomar mais espaço e ganhar a força que deveria ter. 

Como vocês definem a sonoridade do Lacuna? É o que buscavam desde o começo?

Denny França: Costumamos dizer que ainda não temos a sonoridade que queremos, mas que conseguimos imprimir uma certa identidade no que fazemos. Como todos os integrantes tem influências diferentes, cada hora descobrimos possibilidades novas trazidas das idéias de cada um, e isso soma cada vez de uma forma diferente. Mas se tem algo que nos guia, é querer estar em um “lugar” que seja mais pesada do que as bandas de rock, e mais leve que as bandas de metal extremo. Queremos que nosso som seja capaz de atingir os mais diferentes publicos, mostrar que podemos ter todas as vertentes num só lugar e atrás de um só objetivo. Dizer que “é o que buscávamos” seria meio louco, porque no início a gente não tinha ainda definido o que a gente buscava hahahahhahha mas estamos satisfeitos com o caminho que estamos tomando. 

Willy França: Nós já passamos por diversas “intenções” sonoras em nossas composições e foi aos poucos que definimos nossa identidade. Acredito que não tenha um lugar específico que buscamos, tudo que a gente faz é imprimir nossas perspectivas do momento nas músicas. 




Como foi a construção do EP “Doce Ilusão”? E qual o sentimento de lançar um trabalho dessa qualidade como estreia?

Willy França: Como nossas músicas possuem nuances diferentes, procuramos trazer no EP um pouco de tudo que podemos oferecer, desde um som mais cadenciado até os mais pesados. Primeiro lançamento da banda, prezamos pela qualidade porque será a primeira impressão do público com nosso trabalho, se ele for cativado, certamente se tornará um fã. Uma boa sonoridade com uma boa letra podem não ser tão marcantes se a qualidade em que forem apresentadas não for tão boa. 

Denny França: Cara, uma coisa que vale muito a pena dizer é que trabalhar com os caras da Loud Factory é simplesmente sensacional. Não só pela qualidade final do trabalho, mas pela experiência de estar num estúdio com esses caras. Caras que já produziram bandas como Torture Squad, como Trayce, com músicos como Warrel Dane, com certeza foi algo que nos fez evoluir como músicos. É muito gratificante ter essa oportunidade! 




Vi que vocês estão investindo em merchandising. O que isso na visão de vocês ajuda a banda? Como é ver a galera usando material de vocês?


Denny França: O merchan é uma das formas, se não a principal, pelo menos nessa fase que estamos, de gerar caixa pra banda. É por lá que conseguimos fazer com que a banda consiga se sustentar e ter grana pra produzir novos materiais e continuar dando ao público coisa nova. Clipe, música, novos produtos de merchandising… bom, resumindo, é uma forma de manter a banda. A gente agradece demais aos que apoiam, acho que só quem tem banda sabe o quanto esse apoio é importante. E cara, cada vez que vejo alguém usando uma camiseta com nosso nome, me enche de orgulho! é um sentimento que não dá pra explicar bem. Não só quando vejo alguém usando, mas quando alguma letra está sendo cantada, o que eu sinto é aquela coisa de missão cumprida. Mesmo sabendo que estamos só no começo!


Antes de lançar o EP “Doce Ilusão”, vocês lançaram um clipe com de mesmo nome. Como foi esse planejamento de lançar um videoclipe para se prepararem para o EP?

Lucas Corral: A gente entendia que seria mais impactante lançar um single com clipe bem produzido, já que  conteúdos em vídeo é o que mais tem prendido a atenção das pessoas, de uma maneira geral. A escolha da música foi baseada na essência do que é o som da Lacuna. Planejamos impactar o máximo de pessoas possível com o clipe para que elas tivessem o desejo de conhecer posteriormente nosso material completo. 

Willy França: A música doce ilusão não é totalmente pesada nem é calma demais, mas ao mesmo tempo ela passa por todos esses elementos o que fez com a gente escolhesse ela como sendo a primeira música de trabalho (e título do EP). 


Ainda sobre planejamento. Quais os próximos passos do Lacuna?

Lucas Corral: Já estamos em composição de novas musicas e tudo indica que 2019 a gente já comece com um novo single.

Denny França: Pro fim desse ano, temos como meta fazer muitos shows e divulgar esse nosso primeiro trabalho, o EP Doce Ilusão. Com ele queremos dar nosso cartão de visitas, com um show que mostre o que somos na essência. Peso, melodia e intensidade.


Como está o cenário Paulista na visão de vocês? Quais bandas indicam os leitores a conhecer?

Denny França: Cara, estamos vendo um movimento muito positivo das bandas pra que o rock volte a ter a força que tinha no passado aqui em SP. Acho que aquela fase de criticar o rock por criticar, e ficar falando “ah mas o funk isso, o sertanejo aquilo, o rock morreu” está passando, e as bandas estão se mexendo. As bandas estão se profissionalizando, estão começando a se levar a sério. Se unindo mais, acordando pra crescer juntas. Algo muito interessante que mostra isso são os eventos na rua, como os realizados na Av. Paulista. As bandas encontraram uma forma de levar seu som honestamente a um novo público. Esse movimento tem crescido muito, e promete mudar um pouco a cara da cena do rock e metal por aqui. Talvez mude até como as casas, os produtores e bandas se relacionam. Essa relação está bem desgastada, mas eu tenho uma certa esperança de que todos vão encontrar um jeito de crescer juntos. Escutem também Eutenia, Trayce, Intereffect, Cosmic Rover…Tem banda boa demais por aqui.
E só complementando, as bandas tem buscado organizar seus próprios eventos seja na avenida paulista como em casas que abrem espaço pra esse tipo de organização e esse tem sido o melhor caminho pra as bandas da cena. Networking e organização própria. 


Lucas Corral: Da cena de SP indico Valvera, SSD, Circo de Fantoches, Laboratori, OWL Company e Doma.



Se fosse para dar um conselho as novas bandas do cenário, o que aconselhariam?

Denny França: Acho que o mais importante de tudo é o amor ao rock. Respeite os parceiros de estrada, aprenda a valorizar as oportunidades e as pessoas, faça um trampo honesto e de qualidade. Seja aberto a críticas e desenvolva a sua autocrítica. Suba sempre que puder no palco e dê 120% de você, no palco e fora dele. Ter banda é algo sério, leve a sério e acredite no que você faz! Tudo isso por amor ao rock.


Lucas Corral: Acho que no começo é importante buscar a forma mais profissional de trabalhar o projeto em todos os âmbitos. Desde a produção, divulgação e até postura de palco e em shows. Demostrar profissionalismo é essencial para ter algum destaque no inicio.


Willy França: Nunca faça nada que contrarie seus valores enquanto banda. É como se fosse uma família… as decisões devem ser feitas em grupo e todos devem estar buscando o mesmo objetivo com o mesmo propósito, caso contrário será ainda mais difícil.



Agradeço a disponibilidade da banda. Foi uma ótima oportunidade de conhecer melhor vocês. Alguma mensagem para os leitores?

Denny França: Primeiramente muito obrigado pelo convite, ficamos muito honrados de conceder nossa primeira entrevista oficial pra um site tão foda como O SubSolo. Com certeza estamos juntos, o que precisarem, a Lacuna estará disponível! Aos leitores, fazemos o convite a ouvir nosso EP, Doce Ilusão, e nos seguir nas redes sociais, Facebook, Instagram e Spotify! Para nós é um prazer muito grande fazer música, assim como esperamos que pra vocês seja ouvi-la! Vamo que vamo, o rock não morreu! Aliás, tá muito vivo!


Renato Reish: Agradeço a oportunidade de expor um pouco do que a Lacuna é e o que pretende, das nossas correrias e projetos. Que esse pouco a mais de nós consiga diminuir a distancia com os leitores e fortalecer cada vez mais a cena metal do Brasil. Imenso prazer em dividir um pouco de nossa história.

Willy França: A cena é feita pelas bandas e pelos fãs… juntos eles movem casas de show, produtores, gravadoras, sites como O SubSolo, fotógrafos, técnicos de som, e mais um monte de gente… nunca deixem de apoiar sua cena local onde que que esteja.


Lucas Corral: Obrigado pelo apoio e o espaço! Hoje existem centenas de bandas muito boas , com trabalhos profissionais e as vezes no meio de tantas novas opções pra conhecer, a gente se confunde e acaba optando por escutar o que já estamos acostumados. Esse tipo de espaço contribui muito para termos cada vez mais motivos pra darem um “play” no nosso som. E se puder deixar uma mensagem é: saia da zona de conforto pelo menos uma vez ao dia. Conheça um som novo por dia e seu leque de bandas boas pra ouvir vai crescer e muito!


Lacuna é:

Denny Franca – guitarra e vocal

Lucas Corral – guitarra
Renato Reish – bateria
Willy França – baixo

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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.