O SubSolo: Para O SubSolo, entrevistar um cara com uma história tão forte no underground do Metal Extremo brasileiro é sem dúvidas um marco na curta história do blog. Castor, baixista da Torture Squad, dono dos graves do som brutal de uma das bandas mais renomadas do Death Metal nacional. Castor, saudações! Essa entrevista sé para mim uma honra tremenda!

Castor: Que isso Vinicius, eu que agradeço!

O SubSolo: Mas, antes dos riffs violentos da banda, você era mais adepto do metal mais clássico, certo? Como foi que você chegou no lado mais pesado do Metal?

Castor: hahaha, era não, ainda sou! Comecei a me interessar por Metal quando tinha 9 anos de idade, quando vi o Kiss na Tv, turnê do grandioso “Creatures of the Night“! Isso foi em 1983, e logo em seguida veio a primeira edição do Rock in Rio com Maiden, Ozzy, AC/DC, Whitesnake, Scorpions… Daí em diante fui me aprofundando mais até que um dia, um amigo meu do bairro me emprestou o “Ride the Lightning” (Metallica) e o “Hell Awaits” (Slayer) e quase na mesma época eu comprei o “Altars of Madness” (Morbid Angel), dali em diante minha referencia musical começou a se formar assim como estilo de compôr também.
O SubSolo: E dez anos depois desse seu primeiro contato com música pesada, você chegou ao Torture! Por sinal, junto com o baterista Amilcar Christófaro, você é o membro mais antigo do Torture, e recentemente teve de fazer um show com outro baterista. Como é subir num palco sem um companheiro que segue com você a mais de dez anos na banda? Ou isso já rolou em outros episódios?

Castor:  Foi algo totalmente inédito e inesperado na carreira do TS! O Amilcar não pôde embarcar pra esse show em Santa Cruz de La Sierra  na Bolivia, e tivemos que achar uma solução lá no aeroporto aos 48 min do segundo tempo! haha
A solução achada pra não cancelar o show foi tocar com o nosso roadie de bateria e booker da banda Rafael Galbes, que está com a gente a 8 anos.
Chegamos na cidade do show, explicamos pros promotores o ocorrido, e ensaiamos com o Rafael durante a passagem de som, e felizmente correu tudo certo! Ele e segurou bem o rojão! haha




O SubSolo: Aliás, desde 1993 o Torture já passou por diversas modificações, e as mais recentes foram a entrada de Rene Simionato na guitarra e da Mayara Puertas. Obviamente, a cada mudança, tem que rolar uma adaptação e reentrosamento, e até medir a aceitação dos fãs. Os seguidores de bandas mais extremas costumam serem bem rigorosos nas mudanças, sendo difícil de os agradar, certo? E pelo o que tenho visto, Rene e a “Undead” Puertas agradaram bastante os fãs, concorda?

Castor: Sim, eles se adaptaram muito bem ao TS! O estilo de ambos se encaixaram perfeitamente ao nosso estilo, alem de estarem com a mesma vibe e meta da banda! A aceitação deles até agora está sendo muito positiva! Os verdadeiros fãs do TS estão muito empolgados com a nova fase!


O SubSolo: E você poderia contar como que a banda chegou à esses dois músicos? Ambos já eram reconhecidos no underground, mas como que vocês decidiram que eles seriam as pessoas certas pra essa nova fase do Torture?


Castor: O Rene sempre esteve próximo de nós, as vezes ele colava no nosso estudio pra tomar umas, trocar idéias e curtir um som. Ele e o Amilcar fazem um tributo ao King Diamond e Mercyful Fate chamado “House of Evil“, e também o Amilcar  fez uma participação uma vez num show com a banda dele chamada Guillotine, do ABC paulista. Já sabíamos do potencial dele como musico antes mesmo de ter entrado na banda!

A Mayara nós já tínhamos sacado o trampo dela tanto em estúdio como ao vivo  com o Necromesis, também do ABC, e sentimos que ela tinha potencial de ocupar o posto de vocalista no TS! Fora a qualidade deles como músicos, eles estavam aptos a seguirem a rotina de ensaios (4 vezes por semana) e todos outros  compromissos da banda.


O SubSolo: O EP “Return of Evil” trouxe quatro faixas da banda, já com a Mayara nos vocais e Simionato na guitarra. No dia 12 do mês passado (maio) a faixa “Dreadful Lies” ganhou um Lyric Video, e a faixa-título já tinha um clipe também. Lembro que no show de Criciúma foi anunciado que a faixa “Swalow Your Reality” teria cenas gravadas ali no Inferno Metal Fest para o clipe, que por sinal, espero aparecer haha. Qual o planejamento para esse video-clipe que está para sair?

Castor: Sim, estamos procurando trabalhar o máximo o conteúdo do EP, fora as 4 musicas, o EP contem 2 faixas multimídias, como o vídeo clipe oficial da faixa titulo, e além disso, contem filmagens das gravações exclusivamente contidas  nesse EP!

A ideia do clipe para “Swallow Your Reality”  é de coletar imagens  de shows , da banda,  dos fãs também que filmarem e juntar tudo no clipe! Creio que ficará pronto ainda nesse semestre!




O SubSolo: A banda passou por um momento delicado depois da saída do vocalista Vitor Rodrigues. A remodulação da banda, alterando a sonoridade do Torture Squad, acabou não agradando todos os fãs. Como foi passar por aquela fase e como foi que vocês resolveram mudar os ares e promover o “retorno do mal” definitivamente?

Castor: Na verdade, a banda agiu como sempre, seguindo nosso feeling e sendo honesto com o nosso som optamos em fazer algo diferente em  ser um power-trio. Teve fãs que até chegaram a falar na época que o  “Esquadrão” (da Tortura) foi o melhor álbum da banda, já  outros não curtiram muito, mas posso dizer que a resposta que tivemos foi muito mais positiva do que negativa! Tanto que gravamos o DVD “Coup D´Étát Live” e tem depoimentos de fãs nele apreciando aquela fase! 
Foi um aprendizado e um desafio muito grande de cantar e tocar baixo que consegui encarar, e de uma certa forma desenvolver de uma maneira que se encaixou na nossa musica, assim como o André também. 
Mas enfim, a ideia surgiu da banda voltar a formação como quarteto, foi basicamente minha e do Amilcar. Com o passar do tempo, eu estava sentindo a necessidade de me ver mais  livre do microfone e pensar mais como baixista como sempre fui! E o Amilcar e eu tivemos esse mesmo feeling. Com  a saída do André, tivemos que acelerar o processo, paramos com a turnê de divulgação do DVD / CD “Coup D´Étát Live“, e lançamos o EP pra mostrar a cara nova da banda de volta a quarteto!



O SubSolo: Por tocar em “cara nova da banda”, apesar de a brutalidade ser o destaque do TS, a faixa instrumental “Iron Squad” tem um violão lindo e acabou agradando bastante os fãs. A faixa foi produzida visando mostrar a maturidade que vocês adquiriram ao longo dessas mais de duas décadas de Torture Squad? Me transmite a ideia de que vocês estão em uma fase onde não existe aquele medo de arriscar ao fazer algo que agrade à vocês mesmos, provando que vocês estão confiantes do trabalho que estão fazendo com essa nova formação, confirma?

Castor:Isso mesmo! Sempre seguimos nosso feeling quando estamos compondo, se sentimos necessidade de usar tal instrumento em tal musica , vamos usar, sempre foi assim! A “Iron Squad” é uma musica que o Rene tinha gravado e nos mostrou num ensaio e decidimos trabalhar nela, curtimos muito o resultado e adicionamos ela no EP. Acho que não tem que haver medo de, não falo arriscar, mas sim de você se guiar pelo feeling da sua musica, isso com certeza vai soar honesto!

O SubSolo: E daqui pra frente, aproveitando a grande fase que o Torture vem passando, o que vocês estão planejando? O “retorno do mal” vai continuar se propagando pelo Brasil, mas tem algum plano de voltar à Europa pra satisfazer o anseio dos fãs europeus para conferirem essa nova formação da banda? E podemos esperar por um álbum em breve, para vermos mais desse resultado incrível que nasceu da união do Torture com a Mayara e o Rene?

Castor: Sim, a agenda da banda esse ano está bem quente! hehe, Fora os shows esporádicos que estamos fazendo até julho, vamos entrar numa turnê de 28 datas em 30 dias, tocando de segunda a segunda pelo Brasil, como acontece  tradicionalmente na Europa e Estados Unidos a mais de 40 anos. Os promotores acreditaram nessa ideia e entraram com a gente e vai ser o primeiro “ponta pé” pra que essa rotina fortaleça mais a nossa cena, com mais bandas tocando nas cidades, casas de show abrindo durante a semana com shows num horário decente, onde todos podem curtir e ir embora sem nenhum problema em  atrapalhar os compromisso no dia seguinte, etc…

Em Outubro/Novembro  vamos embarcar pra Europa pela On Fire Booking Agency, do nosso grande irmão Xandão, batera do Andralls, e até o momento temos 22 datas agendadas em 7 países!



No término dessa turnê, vamos gravar o próximo álbum completo, em Dortmund na Alemanha , com a produção Waldemar Soryschta.. 


Será o nosso  primeiro álbum a ser gravado fora do nosso país!

O SubSolo: Isso é uma grande notícia! E lhe desejo boa sorte para esses grandes compromissos que estão por vir, tal como para todos envolvidos com o TS! E bem, faltam-me palavras para agradecer a atenção de você conosco, Castor. Como baixista, ressalto minha admiração por seu trabalho nos graves do Torture, como fã da banda, gostaria de agradecer pelo show foda que vocês fizeram no Inferno Metal Fest em Criciúma (que contou com nossa cobertura e matéria escrita: http://www.osubsolo.com/2016/04/cobertura-inferno-metal-fest-criciumasc.html), e como redator, agradecer por essa ótima entrevista concedida. Algumas palavras finais para encerrar?


Castor: Eu que agradeço o espaço Vinicius! Esperamos retornar logo a Criciúma! A recepção que tivemos aí foi demais, bro! Mais uma vez, muito obrigado a você e ao Subsolo!
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.