Mardita é uma banda de Rock ‘n Roll formada em 2016 na grande São Paulo. Com influências dos verdadeiros nomes do Rock como Camisa de Vênus, Barão Vermelho, Paralamas e Titãs, mesclam pitadas de bandas de Punk e entre outras vertentes, tornando sua sonoridade familiar, porém única. Conversamos com o vocalista Marcel Briani sobre o projeto, confira:

Fala Mardita! Obrigado pela disposição em participarem desta conversa. Como surgiu a banda?
Mardita: O Mardita surgiu em 2016 numa festa de aniversário de uma pessoa que já não está mais entre nós. Fizemos uma JAM pra comemorar esse aniversário e ali tocamos pela primeira vez eu, o Diego e o Tadeu. Gostamos de tocar juntos, foi divertido e então começamos a falar sobre ter uma banda. Diego e Tadeu já tocavam juntos na noite, eu vim do In Soulitary (que é uma banda de Metal). Mas logo o baterista saiu e então encontramos o Rafão através de uma amiga. Então começamos a tirar uns covers e compor algumas coisas. A primeira música que saiu foi Mardita da Harley e não demorou muito até percebermos que precisávamos de mais um guitarrista, então chamamos meu amigo de longa data Luigi pra completar o time. Em 2017 já estávamos gravando nosso primeiro EP ‘Pug & Play‘. Aliás, o nome da banda vem do trio que formou ela: Marcel, Diego e Tadeu.
O intuito da banda é fazer som autoral, desde os primórdios foi criar uma sonoridade mais voltada para o Rock ‘n Roll?
Mardita: O início mesmo foi um pouco diferente. A ideia era fazer um rock and roll mais anos 60, 70. Alguma coisa misturada com blues, inspirado em Chuck Berry, Elvis, etc. Mas, logo que a gente compôs a Mardita da Harley, percebemos que nossa veia ia nos levar pra algo mais moderno, mais pesado, quase flertando com o Metal e o Punk Rock, mas sempre foi Rock and Roll a ideia, puro e simples Rock and Roll, sem se prender a rótulos dentro do estilo. É lugar-comum dizer isso, mas é verdade. A gente toca Punk, Metal, Ska, Stoner, o que der na telha e ficar legal na música.
Uma característica do Mardita, que hoje em dia está até que de certa forma, raro de ver, são as letras em português. Como optaram por comporem em língua pátria e qual a dificuldade?
Mardita: O português é uma língua muito difícil pra se compor, o Inglês é mais arredondado, mais fluido. Português é rebuscado, mais durão e então para uma construção de frase ficar soando infantil ou rebuscada demais, basta mudar uma vírgula de lugar. Porém, a nossa ideia sempre foi ficar no patamar de “Rock and Roll nacional”, ainda que a gente tenha coisas em inglês e espanhol no meio (spoiler do próximo álbum). Nunca teve dúvidas sobre isso, Mardita é em português no seu cerne.
“Pug & Play” foi o primeiro EP da banda. O Pug da capa é verdadeiro? Como surgiu o nome do EP e a ideia da capa?
Mardita: O Pug é de verdade mas é de um banco de imagens, não é de ninguém conhecido. O nome veio de um estalo de um bate-papo onde nem estávamos falando disso. Veio a ideia de um trocadilho, e esse foi o nome que mais gostamos. A primeira capa era um pug com uma guitarra, mas depois pensamos em deixar ele com um ar mais perdido, meio divagando, sem saber o que tá acontecendo – que é meio que a ideia das músicas- que sempre tem um cara perdido no meio da bagunça, sem saber muito o que fazer. Adotamos a hashtag #pugaralho e o resto é história.
Ainda sobre o EP, algo que sempre me deixa curioso para saber. Como foi o processo de criação, desde composições, gravação e mixagem/masterização?
Mardita: O velho esquema de alugar estúdio, levar ideias e juntar tudo pra ver o que sai. Diego já estava compondo para a banda quando o Luigi entrou, e este trouxe várias ideias novas e legais. Algumas delas inclusive, como a “Hard Rock Demon” vieram de uma banda que eu tive com o Luigi há 20 anos atrás e na banda todo mundo compõe um pouquinho, dá sua ideia, nada é descartados sem testar, mas nada sai sem que uma maioria aprove. Quando tínhamos as 5 faixas já compostas e testadas ao vivo, resolvemos gravar. O resultado do EP não ficou como a gente queria, tivemos alguns problemas na produção, mas no fim ficou bom o suficiente. Era mais como um cartão de visitas mesmo, mostrar que estamos vivos e passando bem. Nosso foco agora é o primeiro disco, que também vai ter trocadilho no nome.
Muitas pessoas de outros estados acreditam que ter banda em São Paulo é mais fácil, por ser uma metrópole. É realmente mais fácil? Quais as maiores dificuldades e em que de certa forma estar numa cidade grande ajuda na carreira da banda?
Mardita: Não é mais fácil. Aqui tem muita banda e pouco lugar para tocar, falando de rock and roll autoral. E num lugar (mal) acostumado a ter todos os grandes shows que passam pelo país, as pessoas meio que não ligam muito pra shows pequenos. Por isso os poucos lugarem que tocam autoral ficam relativamente vazios. Então, muita oferta, pouca procura, gera um cenário bastante triste e difícil. Acredito que no interior e outros estados as pessoas dão mais valor pras bandas locais, são mais próximas do dia a dia do grupo, e a banda não é “só mais uma” no meio de tantas. São Paulo está saturada. Por um lado é bom, porque tem muita banda boa. Por outro é ruim, porque o mercado pra nós é muito fraco. Claro que morar na metrópole tem suas vantagens, mas não basta só ter talento, tem que fazer um corre muito forte.
A cena está farta de boas bandas e sempre tem espaço para mais uma, claro. Como vocês enxergam a cena hoje e quais bandas indicariam os leitores a ouvir hoje mesmo?
Mardita: Infelizmente o rock and roll vive uma crise. Como falei acima, baixa procura por bandas novas, pouco publico em shows autorais, bandas cover ganhando cachês legais e a gente trabalhando por migalha – quando tem cachê. Não basta a banda ser boa, porque tem muita banda boa com casa vazia por aí. Mesmo o som sendo legal, mesmo o show sendo bem feito. Acho que uma reviravolta pode estar por vir, não é possível que esse tanto de bandas boas nasçam e morram sem lugar ao sol. Espero que isso aconteça logo. Tocamos com muitas bandas sensacionais, mas recomendo bastante o Lacuna, A Graxa, Neisseria, Masmorra, Make Make. E, claro, o In Soulitary, minha banda de metal 😛
Ter uma banda, não é só tocar, tirar covers, fazer versões e compor. Como é feito o planejamento da banda e como é a divisão de tarefas?
Mardita: Estamos engatinhando nisso, confesso que poderia ser melhor e a gente sabe. Eu fico com a parte gráfica e mídias sociais. Diego é o cara do corpo-a-corpo, ele quem agita mais a galera pra ir aos shows, comprar merch, etc. Luigi é o controle financeiro da banda. Tadeu é nosso segurança e o Rafão é o cara que faz os leva-e-trás ahaha. Fora, claro, as atividades da banda como ensaiar e compor. Não temos um “líder” nem ninguém que faz mais do que os outros, a gente sempre tenta dividir as tarefas de acordo com as possibilidades e características de cada um. No fim, apenas eu tenho a função de “controle de qualidade” para que, independente do que saia, tudo soe como Mardita.
Não posso deixar de perguntar isto. Quais as maiores influências do Mardita? E no que as influências interferem positivamente e negativamente na hora de compor?
Mardita: São muitas, e dos mais variados estilos. Eu trago as influencias mais punks, o Diego mais Heavy metal e o Luigi mais hard rock. Ramones, Black Label Society, Kiss, Rancid, Misfits, Titãs, Paralamas, Raimundos são as influencias mais fortes. O positivo é que nosso som é bastante variado dentro das possibilidades que nos definem, e o negativo é tantar não soar cópia de tudo que já foi feito por aí. Não queremos ser um novo Raimundos, nem um novo Titãs. Queremos ser o Mardita.
Cara, agradeço novamente a disponibilidade, as portas d’O SubSolo estão abertas para vocês sempre. Alguma mensagem para os leitores?
Mardita: Agradeço ao Subsolo, por todo apoio que tem dado tanto pro Mardita quanto pro In Soulitary. Para a galera, escutem a gente no Spotify, Deezer, iTunes ou seu player favorito, curte nossas redes sociais (é tudo @marditabanda) e aguardem que em breve viremos com novidades legais. Valeu mesmo!