Júlia Ourique é fundadora da assessoria de comunicação, Orbe Comunicação. Jornalista e principalmente apaixonada pela profissão que escolheu ainda na infância. 



Júlia afirma que sempre quis atuar na música, e achava que não seria possível, porém, foi uma surpresa quando foi convidada a entrar para área por meio de assessoria de imprensa, área que trabalha até hoje.

São quatro anos dedicados como assessora de imprensa e infelizmente a mesma afirma que já teve barreiras machistas pela frente, mas, nem só de tristezas vive essa matéria, conheça a trajetória e a visão de Júlia sobre a cena e conheça um pouco sobre as bandas que ela trabalha.

Como surgiu o convite e como foi os primeiros passos como assessora de imprensa?
Júlia Ourique: Eu estagiava como assessora de imprensa para uma espécie de ONG para arquitetos. O trabalho não era ruim, mas não me realizava profissionalmente. Era fim da faculdade e a Nathália e o Daniel Pandeló (da Build Up Media), me convidaram para começar a “freelar” para eles, escrevendo alguns textos. Dois meses depois, já estava contratada pela empresa deles, assumindo como assessora de imprensa. O início foi um tanto pesado. Meu texto era muito quadrado e na área de Cultura, a escrita é mais livre. Com o tempo fui aprimorando a escrita, e hoje eu até escrevo release com easter egg hahaha Mas claro, sempre aprimorando!

E como foi a criação da Orbe Comunicação?
Júlia Ourique: Então, eu sempre gostei muito de metal. E na empresa anterior não tinha essa abertura. Depois de quatro anos, eu percebi que podia fazer mais pelas bandas de metal que chegavam em mim. Foi quando eu vi o Lyria (RJ), lançando o disco “Immersion” e não saindo na imprensa como deveria sair. Me ofereci para eles e eles toparam. Com esse aceite, fiquei confiante para “me oferecer” para outros projetos e bandas que curtia, como a My Magical Glowing Lens, da Gabriela Deptulski, que junto do Lyria, até hoje continuam me apoiando. Te falar a verdade, no início eu achava muito arriscado sair de uma empresa e começar a trabalhar sozinha, mas o meu sócio, Jonathan Beer, me ajudou com a burocracia e me deu espaço para só ser criativa (exatamente como eu gosto! hahaha). Daí nasceu a OrBe 😉

Você já sofreu alguns discriminação machista nessa trajetória ou outro tipo de preconceito?
Júlia Ourique: Sim, infelizmente é inerente a qualquer atividade profissional que uma mulher exerça. Na área da música, por ser mulher é comum chegar em show e acharem que estou acompanhando algum macho, ou que eu não sei de música. O famoso “carteirinha de headbanger” hahaha Mas já cheguei a tocar em banda, sendo guitarrista e vocalista, e acreditarem que estava ali só por causa dos meninos da banda. Detalhe: geral com 13 anos. No jornalismo, já aconteceu de dar uma ideia de planejamento e ela ser rejeitada, para segundos após, a mesma ideia ser repetida pelo homem da mesa e ser aprovada. Ou mesmo preconceito vindo de mulheres, quando ainda era estagiária, uma ex-chefe inventou o boato de que estava saindo com um companheiro de equipe, pois ela não aceitava amizade entre homens e mulheres. Na época eu era casada, e o colega em questão, também. Não deu nada de ruim pro meu lado, mas o meu colega enfrentou uma esposa irada em casa (sim, a ex-chefe contou para a guria do boato).

Hoje a Orbe Comunicação conta com quais bandas no cast? E como foi encontrar cada uma delas?
Júlia Ourique: Hoje temos Hamem, Heitor Vallim, Leo Fazio, Lyria, Melyra, My Magical Glowing Lens e Suco de Lúcuma. As primeiras vieram por “fui procurar pra ver se alguém me quer”. As outras, de forma surpreendente, vieram por indicação. Toda vez que alguém vêm por indicação eu fico muito emocionada. Nunca foi um sonho ter uma empresa, porque eu nunca acreditei que tivesse “the balls” para isso HAHAHA Mas parece que tenho, afinal! HAHAHA

Para você qual a importância de uma banda te assessoria?
Júlia Ourique: Não vou ser babaca aqui e dizer que a banda precisa de assessoria. A banda pode não ter assessoria de imprensa, desde que saiba ser organizada, pensar na banda como uma empresa, e se colocar no lugar do jornalista. Se a banda não tiver essa possibilidade, a importância da assessoria de imprensa nesses casos é de ter um profissional ali que é tão desvalorizado quanto os músicos (hahaha), e que empenha todo o seu esforço para fazer com que aquela música que vocês compôs, aquele seu pequeno pedaço de você, um bebê (como eu costumo dizer aqui), será bem cuidado. É um profissional que sabe como o mercado da mídia funciona, e vai segurar na tua mão para te levar até lá. Eu adoro metáforas hahaha.

Ah, e a banda precisa pensar em assessoria de imprensa, fotógrafo e tal, como investimento. Não como gasto. Porque o retorno vem.

Como você vê a cena atualmente?
Júlia Ourique: Eu vejo a cena como um organismo vivo que horas se retrai e horas se expande. Explico: há momentos e lugares que ela está crescendo firme e forte, como em São Paulo e alguns estados do Nordeste, graças às iniciativas do próprio povo. Sei que é trabalhoso e chato ter que fazer tudo sozinho, portanto, não faça. É preciso que nos lugares onde a cultura do independente está fraca, os músicos se unam, esqueçam as picuinhas e organizem-se. Acho que a gente já passou da época do “Do It Yourself” (DIY) e agora é a hora do “Do It Together”! Vamos juntos, unidos.

Júlia, foi um prazer conhecer um pouquinho de você e do seu trabalho. Alguma mensagem para os leitores?
Júlia Ourique: Obrigada você, Maykon. A entrevista foi ótima! E a mensagem para os leitores é: BUSQUEM CONHECIMENTO sobre as bandas independentes da sua cidade, do seu estado. Ouçam bandas com mulheres, apoiem a cena. Ainda que o show seja gratuito, compra um merchan, usa a camiseta da banda. São esses pequenos gestos que fazem o mundo mudar, e o músico continuar.

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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.