Luciano Piantonni é assessor de imprensa, produtor do Pegadas de Andreas Kisser na 89 FM, criador do podcast Rock ADD e um dos caras que fazem o cenário musical do Rock e Metal acontecer no Brasil. Sua trajetória começou lá em 83, quando o Kiss entortou sua vida… Confira a entrevista para saber mais sobre a interessante trajetória desse cara do ABC!

Antes de tudo, é um prazer ter você aqui conosco n’O Subsolo.
Você poderia se apresentar para aqueles que ainda não o conhece?
Luciano Piantonni: Meu nome é Luciano Piantonni e faz muito tempo que eu estou envolvido no cenário musical. Vamos começar pelo começo, ainda nos anos 90 eu comecei a fazer parte de duas rádios comunitárias do ABC, a Patrulha FM e Rota 99, onde fiz programas de entrevistas, fiz fanzines e tinha muitos contatos. Depois na virada dos anos 2000, comecei a fazer parte de sites, produções de shows no ABC junto com a Vânia Cavalera, trabalhei na produção dela que era Central do Rock e também teve um Rock Na Concha… lembro os nomes ao certo, mas acho que era isso (risos). Tive muito contato com muitas bandas, desde os anos 90 e já em 2005 comecei a fazer parte da Roadie Crew onde fiquei por dois anos como colaborador e depois fui para a Rock Brigade que ainda existia na época e fiquei nela até o fim da revista em edição impressa e depois comecei a fazer o Pegadas de Andreas Kisser, logo que a 89FM voltou a ser Rock em 2012-2013, fazendo parte desde então. Também fiz parte do programa É Noise do Paulinho Heavy, onde fiquei durante todo ano de 2018 até o início de 2019 e agora eu tenho o RockAdd que vai fazer um ano ininterrupto em março de 2020 e está funcionando. Essa é minha apresentação.
Como você começou sua trajetória no meio musical?
LP: Então, diria que minha trajetória no mundo musical começou em 83 quando o Kiss veio para o Brasil e entortou a minha vida. Eu tinha sete para oito anos e aquilo entortou a minha vida, eu não era uma criança normal. Eu deixava de brincar na rua para ficar ouvindo e colecionando discos e revistas, fazendo isso desde então. Os pais dos meus amigos me achavam meio estranho e comentavam isso com meus pais: “Ah, mas ele gosta de Rock e fica lendo essas revistas e tal né?” e minha mãe dizia: “Ah, ele é fissurado com isso aí!”. Então eu diria que começou aí e desde então comecei a ir em todos os shows possíveis na segunda metade dos anos 80 e em 90 ia em shows direto e nunca parei com isso, mesmo tendo trabalhos paralelos “normais” na época, o que durou até 2009, quando comecei a trabalhar exclusivamente com música.
Você tem uma visão do lado do assessor, produtor e jornalista. Como você analisa o atual cenário musical brasileiro, especificamente o Rock/Metal?
LP: Ah com uma visão de assessor, eu vou falar a real cara, para mim é a mesma coisa sempre. Haviam várias bandas fervilhando nos anos 90 e hoje em dia também. Essa coisa de dizer que “o rock está morrendo” não existe, cara. Sempre vai existir uma porrada de bandas legais e sempre vai existir bandas ruins. Eu acho que hoje em dia há uma facilidade em relação as plataformas digitais, onde todo mundo mostra sua música e antigamente isso era feito através de fitas e CD’s utilizando o envio dos Correios. Hoje em dia é mais tranquilo, é só mandar um link dizendo para escutar a banda… até a forma que a gente está fazendo essa entrevista aqui, é muito mais fácil. Mas para mim é a mesma coisa sempre, cara. Nós sempre tivemos bandas excelentes, posso citar várias excelentes dos anos 90, 2000 e da nova década… nossa como a gente tá velho (risos).
O RockADD tem ganhado bastante notoriedade no meio dos podcasts. Como surgiu a ideia de criar o programa?
LP: Então, o RockAdd vai fazer um ano agora no dia 22 de março e foi uma ideia que eu tive, porque eu sempre quis ter um podcast e como já fazia parte do programa do Andreas e já havia tido programas em rádios comunitárias nos anos 90 lá no ABC, eu quis ter um programa de rádio onde a música seria tocada apenas em um trecho entre uma matéria e outra, fazer algo mais falado e com papo rolando… então chamei meu amigo Daniel Gloss lá de São José dos Campos, que embora não seja um grande entendedor do cenário, ele se expressa legal, tem uma boa dicção e é engenheiro químico. A partir daí nós começamos a trocar umas ideias e montamos o RockAdd que felizmente tem dado certo, as pessoas tem gostado e nós temos entrevistado muita gente bacana. Preciso falar algo que eu sempre vou citar, que a minha maior influência para ter um programa de rádio é o Sr. Walcir Chalas da Woodstock, dono do programa Comando Metal que eu acompanhava nos anos 80, eu era fissurado. Então, sempre que eu quis mexer com rádio, foi pensando no Comando Metal do Walcir. Logo que surgiu a ideia de fazermos o RockAdd, o Ricardo Boechat morreu naquele acidente horroroso e eu percebi que eu gostava de ouvir ele falando na Band FM de manhã e dei a ideia de fazermos um programa mais nessa linha falada, só que dentro do Rock e Metal e acabou rolando. Então essa é a ideia de fazer o RockAdd. Logo que lançamos o segundo e terceiro programa do RockAdd, as pessoas começaram a falar que programas de rádio não vira, podcast não dá certo e que precisa ser algo visual… mas eu não tenho mais saco pra assistir vídeos, porque eu estou sempre ocupado fazendo outras coisas e escrevendo, recebendo mensagens e não tem como eu olhar… escutar é mais fácil. Hoje em dia é tudo muito urgente, então não dá para ficar assistindo mais as coisas… mas nós decidimos levar o programa a frente e o engraçado é que três meses depois, houve um revival do podcast e todo mundo começou a fazer também… até a Globo. Então todo mundo começou a procurar a gente, inclusive aqueles que não gostavam no início. Eu brinco que nós somos a New Wave Of Brazilian Podcast Of Rock, porque quando começamos ninguém queria, mas três meses depois, todo mundo estava fazendo (risos).
O que é mais legal de fazer o Rock Add e como ele se diferencia de trabalhar no Pegadas de Andreas Kisser, por exemplo?
LP: Então, a diferença do RockAdd pro Pegadas é que o Andreas que apresenta o Pegadas e eu faço apenas a produção, mas os contatos são os mesmos para os dois. Tem também a diferença que no Pegadas rola bastante música nos intervalos e já no RockAdd são mais trechos de músicas e falamos as redes para quem quiser conhecer e eu apresento. A forma como eu trabalho é a mesma, tenho muitos contatos, então é fácil de chegar aos entrevistados.
E a parte mais legal em produzir o RockAdd é que tem uma leveza, ser algo sem compromisso e que eu posso fazer o tempo que eu quiser. Se quisermos fazer uma entrevista gigante, nós vamos fazer, assim como uma pequena… o que é diferente de um programa de rádio, onde se te uma hora para fazer e tudo precisa ser exatamente dentro daquilo. No RockAdd nós já fizemos programas de 2 horas, 45 minutos, 26 minutos e 1 hora e meia. Então acho que talvez essa seja a diferença e a parte mais legal de se fazer o RockAdd. Além do fato de que você não precisa esperar o programa em determinado horário e dia para ouvir. A partir do momento que a gente disponibilizou o programa, ele fica lá para ouvir e as pessoas podem acessar em qualquer dia, qualquer horário da semana… o Pegadas até tem um Soundcloud que tem os programas para ouvir, mas não é a mesma coisa, porque o programa vai ao ar todo domingo às 21 horas na 89 FM. O podcast fica online, então talvez seja a maior diferença.

Ainda dentro do meio do podcast, como funciona o processo de produção do programa? E como você vê o consumo desse tipo de mídia hoje em dia?
LP: Bom, como eu disse, é basicamente aquilo: eu tenho muito contato com muitas bandas, há mais de três décadas… bem mais (risos). Então é fácil, cara. Tudo que tá rolando de novo, que eu vejo que lançou ou encontro, e também de pessoas que vão dar uma entrevista para o Pegadas, eu já marco uma entrevista para o RockAdd e mais ou menos assim que funciona. Como eu disse, eu tenho visto muita gente consumindo essa coisa do podcast, porque ela escuta qualquer hora, em qualquer lugar e está nas plataformas digitais, como iTunes, Deezer, Soundcloud, Youtube e Spotify. Por exemplo, já veio gente me falar que foi pegar um voo, baixou o podcast e foi ouvindo no avião, em uma viagem, indo trabalhar, no transporte público, voltando de carro do interior ou para o interior. Isso é muito louco! Então talvez a forma de consumo das pessoas seja essa, esperando no dentista e coisas assim. É muito louco.
Foi anunciado no final do ano passado, a criação do RockADD Records que já conta com o lançamento do The Haunted e Jinjer. Quais são os futuros planos para a gravadora?
LP: Então, sobre o selo do RockAdd, nós entramos em contato com o pessoal da Encore Music e fizemos uma parceria para distribuição do novo álbum do Jinjer e do The Haunted. Nós estamos tentando ver o que acontece, porque é mais complicado vender discos aqui no Brasil, mas vamos tentar com essas bandas e também estamos vendo outras ideias. Talvez nós lancemos uma banda brasileira com total exclusividade do RockAdd, sem parceria alguma. Temos uma ideia para fazer uma coletânea com bandas nacionais para celebrar um ano de programa, mas a ideia principal é fazer algo beneficente, direcionando todo o lucro para ajudar alguns abrigos de animais. Isso incentiva a galera a ajudar, eu acho sensacional e qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar animais eu vou, é algo que eu piro. A RockAdd ainda não tem uma pretensão de virar um puta selo que vende vários CD’s, até porque isso é muito difícil hoje em dia, então vamos aguardar.
Você é o produtor do Pegadas de Andreas Kisser na 89FM. Como é o processo de produção de um programa, escolha das participações e tudo mais?
LP: Então, eu estou no Pegadas de Andreas Kisser como produtor desde 2013 e a rádio voltou a ser rock em dezembro de 2012. Acho que tiveram apenas um programa e depois em 2013 as coisas começaram pra valer. Fui levar o pessoal da banda MX que trabalha comigo na LP Metal Press para o programa, e perguntei para o Andreas quem era o produtor e ele disse que não tinha ninguém, então me ofereci e ele topou. Estamos trabalhando juntos desde então. Então cara, a escolha é como te disse, tem muita coisa nova que está rolando e também muito material do pessoal que envia pelo e-mail do programa, onde tem várias bandas tentando participar. Nós fazemos uma votação, porque é humanamente impossível levar todo mundo lá, até porque é um programa por semana. Tem muita banda legal, mas também tem muitas que não são, que tentam participar, então é meio complicado. Mas na medida do possível, nós tentamos colocar as bandas que estão se destacando, que estão na boca da galera, seja em redes sociais ou em shows, para participarem… é mais ou menos isso.

Quais bandas e/ou artistas que você ainda não teve oportunidade de trabalhar, que seria seu “pote de ouro”?
LP: Olha cara, não sei exatamente. Já trabalhei com o MX, Necromancia, Ação Direta e Seventh Seal, todas bandas lá do ABC, minha terra e que eu tenho muito orgulho. Então assim, acho que só de ter trabalhado com essas que são a minha área eu já fico muito feliz. Teve o Nervosa que trabalhei um tempão com elas, JackDevil também… putz, teve banda pra caramba cara. Estou trabalhando há algum tempo com o Golpe de Estado, Ronaldo E Os Impedidos, o Viper por intermédio da TC7 produções. Tem uma banda que eu gosto muito de Santos chamada Tosco, que apesar do nome, a banda não tem nada de tosco, são uma banda de crossover sensacional e animalesca e que vai lançar o segundo disco deles agora. Acho que talvez o Nervochaos, cara. Eu já trabalho com a Tumba que é do Edu (Nervochaos) desde 2010 e mesmo que tenham parado por um tempo, eles voltaram e eu continuo com eles, então talvez eles sejam a banda que eu mais me interesse em trabalhar por agora e acho que é o momento para trabalharmos juntos. Eu tenho feito alguns freelas para eles desde o ano passado, já que a assessoria deles encerrou as atividades… então talvez seja o momento certo para trabalharem comigo.
A LP Metal Press já é uma conhecida d’O Subsolo e sempre recebemos informações do cast. O que você considera essencial para ser bem sucedido no meio de assessoria?
LP: Bom, sendo manager do LP Metal Press, o que considero essencial para uma banda é ter contatos, ser bem relacionados, ligeiros nas redes sociais, aproveitar as oportunidades e não ficar de tretinha com os outros por aí. Tem que colocar a sua banda sempre na cara de pessoas chaves, que podem ajudar de fato. Tentar aproveitar o máximo as oportunidades para mostrar sua banda, não ser um cara chato que fica mandando mensagens “ow, escuta minha banda aí”, mas ter um bom relacionamento e mostrar sua banda de forma sútil e pontual.
Você poderia nos contar uma história engraçada que tenha acontecido em alguma produção, show e/ou turnê?
LP: Bom, antes de responder a última, até porque não vai ser uma resposta muito interessante (risos). Gostaria de agradecer demais o espaço, cara, legal pra caramba o interesse em falar comigo, querer um pouco da história. Eu achei isso muito legal e queria agradecer demais O Subsolo pelo espaço e interesse mesmo, valeu aí!
Cara, sobre histórias engraçadas, eu não consigo dizer exatamente uma história que tenha acontecido… sempre tem umas palhaçadas, mas acho que o melhor é deixarmos em off, por envolver os produtores de shows e muita gente pode ser queimada… uma coisa que não tenho interesse é em queimar a galera. Não que seu site faça isso, mas não quero expor ninguém. Mas realmente não me lembro de nenhuma história engraçada em especial. Sempre tem algumas pessoas engraçadas e que tornam as coisas mais especiais.
Novamente, obrigado pelo espaço e valeu!
ACOMPANHE LUCIANO PIANTONNI