Quadro Negro #6 - O Subsolo

Analisar a carreira da banda curitibana Abraskadabra é fazer parte de um processo de amadurecimento tanto do trabalho quanto pessoal da banda: se Grandma Nancy’s Old School Garden, de 2012, era um álbum fundamentalmente existencialista, com músicas marcadas por letras que buscavam respostas para alguém tentando se encontrar, Fun as in Fungus, de 2004, mostra em letras um romance bruscamente interrompido por uma traição.


O mais recente álbum, Welcome (2018), traz um Abraskadabra infinitamente mais maduro musicalmente e recuperado do seu coração partido.


Abraskadabra, uma das referências em ska em terra brasilis atualmente, consegue fazer uma mistura perfeita de referências que lembram Millencolin e Less Than Jake, mesclando ska e pop punk, mantendo sempre sua originalidade. Nothing New é o abre alas do álbum e exemplifica bem essa definição.


Enquanto Heavy Hitters, Left Corner, Border Town, She´s Gonna Livia, Catching Fog e principalmente Worm’s Song tem pegadas mais pesadas que remetem a terceira onda do ska punk por conta do sax mais proeminente, Wheel of Fortune, Streets of Order Square e Exactly When seguem a linha do disco, mas sem muito destaque.


Empty Room é a saideira, segue uma levada mais reggae. 



Mas The Tall One, faixa número nove, é provavelmente a que concorre a hit do álbum junto com Nothing New. É, sem dúvida, aquela cujo riff é matador, virada de bateria seguida de sax e a pegada ska da guitarra. Se houvesse um padrão de qualidade para músicas de hardcore/punk/ska, seria fácil dizer que ela seguiu todos os pré-requisitos, com direito até a paradinha da bateria. Além disso, é impossível ficar parada ouvindo essa música. Bem dançante e catchy.


Conclusão: Welcome é um álbum bem linear, sem grandes surpresas, mas excelentemente executado: é muito bom pela qualidade técnica e produção, tanto design quanto sonoridade. Gostoso de ouvir, nada cansativo: é do tipo de disco que pode-se colocar no replay e ouvir por horas.



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